5 - Eu acho que sinto muito.

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-Taehyun-

Quando chegamos à enfermaria havia uma caneca de café pela metade sobre a escrivaninha e o armário onde guardam os remédios estava entreaberto e revirado, a enfermeira deve ter saído daqui às pressas.
Soobin pegou alguns lencinhos na bancada e ficou de pé ao lado da maca escorada na parede enquanto a Moranguinho se sentou sobre ela.
Joguei meu corpo em uma cadeira próxima à porta, ele parecia tão pesado e minhas pernas tão incapazes que mal conseguia manter-me de pé.

Soobin fez de tudo para manter Yeonjun parado enquanto tentava estancar o sangramento em seu nariz, ele veio do primeiro andar até o térreo cobrindo-o com a mão, manchando todo o piso de sangue. Gastaram tantos daqueles lenços, havia uma pilha deles sobre a maca, todos ensanguentados.

Minhas pernas não paravam de balançar entre as da cadeira, minhas mãos ainda tremiam agarradas ao assento e minha respiração estava demorando a normalizar. As cenas, tufo o que aconteceu dentro daquela sala tão recente e tão vívido em minha mente, me recordava do sangue no chão e o corpo fraco e imóvel a todo momento.

— Ele tava sangrando! - gritou Soobin em uma das muitas discussões.

— Eu sei! não empurrei ele nessa intenção, ou você acha que eu quero ser expulso? Ou pior, PRESO?!

— Se der merda a culpa é sua!

— Por que minha? Eu só tava ajudando o Hyun.

— Tanto faz! você já fez a cagada mesmo. Agora fica quieto, ou eu vou socar e quebrar de vez esse seu nariz! - Soobin o ameaçou com a mão firme no ar.

Mesmo depois de tudo, os dois ainda tem psicológico para pequenas intrigas, para gritar um com o outro. Yeonjun está começando a me incomodar.

Antes éramos apenas eu e Soobin, um Nerd e um Riquinho. Yeonjun foi transferido no meio do ano e entrou em nossa classe, todos pareciam interessados de começo, mas fugiram em massa quando Yeonjun se revelou totalmente temperamental e agressivo. Antes, achei que pudesse moldá-lo, mas agora, sentado nessa cadeira, penso em como isso fugiu do meu controle. Eu mudei muito depois de me envolver com ele, com certeza não era uma boa influência. Minha implicância com Beomgyu começou logo quando ele se matriculou, meus métodos não eram nada além de apelidos e petelécos. Yeonjun mudou tudo.
Eu e Soobin afundamos junto com ele e, antes que pudesse me dar conta, estava sorrindo enquanto alguém apanhava na minha frente, aceitei isso como normal e me satisfiz com os murmúrios de dor.

Pude ouvir o som da sirene quando a ambulância chegou. Comecei a mordiscar o canto da bochecha enquanto minhas coxas continuavam sambando no assento. Tenho que ir até lá, não sou do tipo de pessoa que senta e espera até a poeira baixar.

Levantei da cadeira e bati a porta ao sair.

— Taehyun onde você vai? Sua cara tá cheia d. . . - Soobin gritou, eu ignorei.

Os corredores do primeiro andar estavam vazios, o silêncio era quebrado pelo soar da sirene e um amontoado de vozes vindos do térreo.
Desci as escadas com as mãos seguras no corrimão, não estou convencido com a disposição abrupta dos meus membros. Parei ao pé da escada, haviam vários alunos em frente à sala do 1 anos, alguns segurando vassouras, rodos e pás de lixo, outros jogando o corpo pelas janelas abertas. Longe o suficiente de onde estou. Havia também um círculo irregular de pessoas em volta de algo - ou alguém -, alguns mais perto, outros mais distantes.

Young Blood • [TaeGyu]Onde histórias criam vida. Descubra agora