capítulo 8

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Quatro anos se passaram desde que Meg, uma jovem americana cheia de sonhos e esperanças, desembarcou em Nova York. O tempo voou, carregando consigo a saudade da família e o frio na barriga da adaptação. A cidade que antes a assustava agora era seu lar. O ritmo frenético, os prédios imponentes e a energia vibrante já faziam parte de sua rotina. Meg aprendeu a navegar pelas ruas, e encontrar um lugar para chamar de "seu" foi fundamental. A igreja que ela frequentou se tornou um porto seguro. As pessoas acolhedoras, as músicas que a tocavam no fundo da alma e a fé que a fortalecia a faziam sentir-se em casa. A comunidade religiosa a amparou nos momentos difíceis, comemorou suas conquistas e a ajudou a construir uma nova rede de apoio e a lidar com a solidão que, por vezes, a assolava.
Diferente das faculdades em outros países, aqui nos Estados Unidos a faculdade possui residência, o que diminui a quantidade de períodos no curso em si. Encontrei um emprego; sou secretária de uma agência de telemarketing que me paga muito bem e não estou namorando. Quando iniciei a faculdade, após um ano, eu e Carlos terminamos, e nessa época começaram as provas, e minha cabeça ficou um turbilhão. Não consegui conciliar e optamos pelo término para que nenhum de nós se machucasse. Não tive mais tanto contato com ele e acho que o contato com ex não faz bem para os nossos sentimentos. Sou amiga dele, mas não conversamos tanto. Não tive mais tempo de ir à Virgínia; só minha mãe que adora vir aqui. Como eu havia falado, a época de residência chegou para mim e estou estudando feito uma louca, pois quero uma vaga para residir no John Stamos, um dos hospitais mais bem conceituados daqui. Ele tem várias filiais ao redor do mundo e eu tenho certeza de que, se entrar, irei aprender muito estou na reta final do curso e vou ganhar umas férias de 4 semanas antes da tão sonhada prova. Depois de amanhã é minha formatura e a loucura no meu apê está grande. Não sendo muito modesta, ele está virado de ponta-cabeça.
Maria é a líder da turma e consegue me enlouquecer, com vestido para organizar, lista de convidados, beca de formatura, entre outras coisas. Minhas notas são ótimas, mas não quis o fardo de líder de turma; na minha sala, há pessoas que desempenham melhor esse papel.

Acabo de sair de casa, trabalho pela tarde e o dia hoje está bem chuvoso. Meu carro está na oficina e tenho que ir de táxi. Decido, ao chegar em frente à empresa, que vou ao Starbucks ao lado. Escolho um cappuccino gelado e saio, vou tranquilamente pela calçada.

Quando um carro de luxo passa e me molha completamente, o ódio sobe por meu corpo e fico alguns segundos parada, analisando o que irei fazer e o quão louca serei

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Quando um carro de luxo passa e me molha completamente, o ódio sobe por meu corpo e fico alguns segundos parada, analisando o que irei fazer e o quão louca serei. Observo e o carro para em frente à empresa; do mesmo sai o motorista e, no banco de passageiro, sai ele. Nem se passassem 200 anos, eu ainda assim me lembraria dele: olhos marcantes, terno bem alinhado, barba feita e um porte atlético de dar inveja e arrepiar qualquer mulher. Mas logo espano esse pensamento e me aproximo dele. Não consigo passar pano, e a meg da língua solta ataca mais uma vez.
— Você, por acaso, não vê por onde anda? 
— Posso saber o porquê? — Ele responde, me olhando penetrantemente, sua pupila dilata e é como se ele tivesse me reconhecido também.
— Porque você, ao passar pela calçada, me molhou por inteira. Deve, pelo menos, pedir desculpas. Falo ao olhar pra ele
— Eu não vou pedir desculpas por algo que nem sequer eu vi. Ele responde contrariado
— Você é mesmo um grande idiota. 
Digo isso e sigo em direção à portaria da empresa. Ele me segue e puxa meu braço, me virando ao seu encontro. Perco-me um pouco nos seus olhos claros. 
— Como você tem a audácia de me chamar assim? 
Solto-me dele e falo: 
— Sim, chamo porque, para mim, você não passa disso. E rapidamente saio do seu campo de visão, entrando na empresa.

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