Cap 30 - PERDIDA?

8 1 0
                                    

CAP 30 - PERDIDA? / VISÃO:GI / DIMENSÃO:10N2TT

'Eu realmente odeio orfanatos. Após passar a minha infância inteira em um, me mudar e queimar outro e agora cair aqui... Porque não? E é claro que eu tinha que vir parar aqui sozinha, sem minha namorada e sem meu melhor amigo. Ainda não sei onde eles estão...'

Amanda se aconchega um pouco mais em mim, dormindo tranquila. Nós sabíamos que o trem era perigoso e assustador, mas como gostamos de perigo, por que não? Suspirei, cansada. As sombras que eu estava vendo não estava em lugar nenhum, havia quatro pessoas estranhas no vagão, o maquinista era do mal e com certeza a música que estava tocando tava me dando sono. Bocejei, me virando para Silas, que estava concentrado, tentando ler um livro.

- Acho que vou dormir.. - digo, suprimindo outro bocejo e passando a mão nos olhos - Me acorda se algo acontecer ok?

- Pode deixar - ele diz, sem levantar os olhos

Foi realmente uma péssima ideia. Não sei se me teletransportei, se fui parar em outra dimensão ou o que, mas acordei sozinha pelo menos umas cinco horas depois. Estava em uma casa na árvore, sendo sacudida por uma garota de cabelo vermelho e óculos de aro preto.

- Oie, não sei quem você é, mas tá ocupando meu esconderijo - ela diz e se senta, depois que percebe que eu acordei - A propósito, aqui é propriedade privada, então se não quiser que eu chame a polícia... Comece a falar.

- Falar? - digo, me sentando e esfregando os olhos. O lugar era ligeiramente espaçoso para uma casa na árvore, bem ajeitado e com uma vista incrível do topo das árvores - O que eu teria pra falar? Eu nem te conheço. Eu tenho é um monte de perguntas, por exemplo, onde estamos?

- Não, não. Eu que não sei quem você é. Responda primeiro as minhas perguntas e depois eu respondo as suas. Se sua história for convincente e interessante - ela disse, se encostando na parede e ajeitando os óculos, que agora que percebi, pareciam um pouco grandes demais pra ela. - Vamos começar por uma fácil... Quem diabos é você?

A garota ruiva estava com roupas um pouco grandes demais também, com um moletom universitário e uma calça jeans larga. Ela tinha sardas e olhos verdes muito bonitos, mas parecia que ela estava chorando a pouco, pois seu rosto estava vermelho ainda. Decidi não comentar nada. Ela ajeitou o cabelo em um coque frouxo e me olhou, inquieta.

- Meu nome é Gi, tenho 14 anos e não faço a mínima ideia de como vim parar aqui. E você? - digo, tentando esconder minha irritação por estar sendo interrogada logo depois de acordar

- Por enquanto sou eu que faço as perguntas, mas posso abrir uma exceção. Meu nome é Mia, tenho 14 também e eu moro nesse orfanato - ela disse, empurrando os óculos mais uma vez

- Não... - gemo, colocando as mãos na cabeça e me jogando pra trás - Orfanato de novo não...

- Então você também é órfã? - ela pergunta. Aceno com a cabeça, ainda frustrada com minha má sorte - Humm.. E está fugindo do seu orfanato?

- Não - resmungo, voltando a me sentar - Minha história é bem mais complicada que apenas uma fuga

- Eu tenho bastante tempo livre - ela diz, pegando uma almofada que eu ainda não tinha visto que estava ali e colocando no colo, se inclinando ligeiramente pra frente

- Você não entende, você nunca acreditaria. Ao menos que... - apesar de ser arriscado e ingênuo, pego seu braço e me concentro, tentando imaginar o chão lá embaixo. Nada acontece. - Merda.

- Você tá bem? Parecia que tava cagando - Mia olha pra mim com os olhos arregalados e as sobrancelhas arqueadas, colocando o óculos no lugar de novo.

Os três mundos {(Livro 1)}Onde histórias criam vida. Descubra agora