CAP 07- A PARTE SOMBRIA DA FLORESTA

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CAPÍTULO 7 A PARTE SOMBRIA DA FLORESTA
Visão: Jane

Estávamos procurando a Olívia há horas, andando e andando pela floresta no meio da noite. Eduard iria desmaiar a qualquer momento e eu estava exausta. Procurei ao redor um abrigo e encontrei uma abertura nas rochas, deitei Eduard e dei água para ele. Fiz uma fogueira para não morrermos de frio e me deitei ao seu lado. Fiquei um tempo pensando nos homens mascarados que estavam nos perseguindo. Eles tinham nos deixado em paz após alguns quilômetros, mas mesmo assim estava com medo que um deles pulasse dos arbustos e nos perseguisse de novo. Pensei então em Oli, não fazíamos ideia de onde ela se meteu, se estava viva ou morta, se estava com medo... Vamos expor os fatos, não sabia nem onde nós estávamos, quem dirá ela. Comecei a ficar sonolenta, embalada pelos sons da floresta que nos cercava. Dormi tranquila, apesar das preocupações.

Acordei com um raio de sol nos meus olhos. Em algum momento da noite Eduard tinha me abraçado por trás e tínhamos dormido de conchinha, seguros nos braços um dos outro. Corei fortemente e me desvenciliei rapidamente, me levantando. A primeira coisa que pensei foi deixar ele dormir mais um pouco, então comi e depois pensei em um plano para o dia. Oli ainda estava desaparecida e eu percebi que estava realmente preocupada. Não somos muito amigas mas... sinceramente, eu me preocupo demais com ela. Muitas possibilidades invadem minha mente, ela morta em uma vala na floresta, morta por animais selvagens, capturada pelos homens mascarados, maltratada e machucada em algum lugar, sozinha e com medo... Não tem nada o que fazer além de procurar e torcer pra ela estar viva. Acordei Eduard, sem olhar diretamente em seus olhos, um pouco envergonhada. Ele ainda estava fraco, mas concordou em passarmos a manhã procurando Liv. Andamos por horas, sem muita noção de onde ir. O sol estava a pino quando desabei. Eduard estava quieto o caminho todo, poupando fôlego, mas gritou meu nome quando caí.

- Jane! - Eduard gritou - Você está bem? Desculpa, não consegui parar de pensar na Liv, fico me imaginando na situação dela, perdida por aí sem ninguém para conversar, apoiar... e ela deve estar cheia de pistas de como achar a realidade certa. Não prestei atenção suficiente em você, me desculpe. Vamos nos sentar um pouco.

Acanhada por sua preocupação, fiquei sem jeito e evitando contato visual direto disse a primeira coisa que me veio a mente:

- Quantas... árvores por aqui... né? - falei sôfrega, me arrependendo assim que vi o sorriso sacana que brincava nos lábios de Eduard.

- Bem... estamos em uma floresta, que significa literalmente uma área com alta densidade de árvores. - disse ele, sorrindo ainda mais quando viu minha cara feia - Ora, imagino que o ar seja bem fresco se é o que quer saber. Ai! - ele fecha a cara depois que belisco sua coxa - Só estava brincando poxa!

- Suas... brincadeiras... são... idiotas... demais... para... minha... inteligência - respondo sem fôlego.

Nós ficamos trocando farpas e comendo até meu corpo conseguir se manter de pé, o sol já tinha baixado um pouco mais para o oeste, o que quer dizer que estávamos no meio da tarde. Levantei, tirando a sujeira do meu shorts.

- Vamos, ainda não encontramos a Liv, e quanto mais demorarmos, mais ela pode sofrer ou coisa pior. - disse, já andando sem esperar Eduard.

Andamos mais e mais, contornando teias de aranha e penhascos íngremes, desviando ocasionalmente de algum galho na altura dos olhos ou de barulhos estranhos no meio da mata. Um vulto preto estava mais a frente, pedi cautelosamente para Eduard ir mais devagar e pegar alguma coisa para se proteger enquanto eu alcançava meu taco de beisebol tomando o cuidado de não me furar. Andamos devagar, sem fazer quase nenhum barulho e nos misturando as folhagens. Ele ou ela parecia rabugento, resmungando sobre uma prisioneira que havia escapado, logo pensei em Oli. Se eles haviam capturado ela e ela tinha escapado, então talvez estivesse viva! Fui contornando o homem resmungão, evitando contato quando escutei um barulho atrás de mim. Me virei rapidamente com o taco em riste e me deparei com um homem segurando uma faca no pescoço de Eduard. Fiquei assustada, não vou mentir. Zelei por sua segurança como nunca antes e falei cautelosa, com medo do captor o machucar.

Os três mundos {(Livro 1)}Onde histórias criam vida. Descubra agora