CAP 08 - PISTAS VISÃO:EDUARD
Acordei em uma casa de madeira após aparentemente ser sequestrado. Estava em um quarto simples, e umas mudas de roupas estavam do meu lado. Não encontrei minha mochila em lugar nenhum e fiquei preocupado. Lembrei de Jane e sai correndo porta afora sem pensar duas vezes. Quando cheguei no térreo, descendo um lance de escada, me deparei com Jane e Olívia olhando para a porta, apreensivas. Eu conseguia ouvir alguém tentando abri-la com força, peguei um extintor de incêndio - casas de madeira deveriam ter extintores de incêndio - e chamei Oli com um barulho:
"Oli, abre a porta devagar que eu vou bater na cabeça de quem tá ai" - falei, só movendo os lábios
"Ok" ela concordou, relutante
Jane estava agachada debaixo de uma mesa que aparentemente ficava na cozinha, pois tinha bastante comida lá. Olhei pra ela de modo reconfortante e acenei para Oli. Ela abriu a porta e a pessoa, surpresa, tropeçou pra frente. Ela estava de túnica e com uma máscara, cobrindo toda a face. Tive minha chance e bati com força na cabeça da pessoa, que aparentemente era um homem. Ele escorregou devagar no chão e ficou lá, imóvel. Acho que matei ele. Assim que tranquei a porta de volta e Jane saiu debaixo da mesa e Oli perguntou:- O que iremos fazer com ele? Não podemos deixá-lo aqui... Ben... Quero meter ele fora disso tudo, eu não contei pra ele o que somos, nem o que viemos fazer aqui. Pelo menos não a verdade, contei uma mentira. Enfim... Eduard porque diachos você bateu com tanta força?? Acho que ele morreu.
- Liv, se acalma. Acho que devemos revistá-lo. Sabe? Ver se tem alguma pista das realidades? Mas as mulheres fazem isso. Eduard você tá fedendo. Vai tomar um banho, e troca essa roupa também. E vai comer. Isso. Eu e a Oli ficamos aqui enquanto você faz tudo isso - Jen disse, sem olhar pra mim.
Seu tom não tinha espaço para contradições, então fiz o que ela mandou, resmungando sobre como garotas baixinhas podiam ser mandonas e assustadoras. Quando cheguei na cozinha peguei um pedaço de pizza caseira e me servi de um pouco de refrigerante, e fui pra sala, onde elas estavam sentadas no chão, rodeadas de papéis, livros e fotos. Me sentei e peguei as fotos. Aparentemente era da pessoa que eu tinha batido na porta. Ele tinha várias fotos. Uma da Jane na porta de uma biblioteca pública, uma minha levando a Jane até minha casa e uma de nós três conversando sobre qual caminho da floresta iríamos pegar. E outras: Oli e um homem treinando tiro ao alvo, eu e Jane dormindo abraçados em uma caverna e Oli dormindo em uma cadeira, numa sala de concreto, com marcas roxas no rosto. Mostrei para as meninas e a mesma expressão de choque passava por elas. Por que estariam fazendo isso com a gente, e como tiraram essas fotos sem percebermos? Depois disso tinha certeza que estávamos sendo perseguidos... Mas desde quando? Ainda sentados, conversamos um pouco. Jane explicando sobre os livros e eu sobre as anotações e Oli me colocando a par de sua história. Do nada um homem alto, com aparência forte, olhos azul-esverdeados, roupa de caça aparece e com um sorriso no rosto diz:
- Bom dia! Vejo que todo mundo já acordou - ele se encaminha para um outro cômodo, ainda falando - O que vocês estão fazendo aí?
- Liv, Jane... Quem é ele? Tenho que pegar meu extintor? - sussurro, confuso e desconfiado
- Não, Não! Não faça isso, de jeito nenhum. Esse cara é o homem da casa, Benjamin - ela diz um tanto desesperada, e me conta um pouco sobre ele.
Me levanto e chamo o homem de lado. Ele aparentava ser um ou dois anos mais velho do que eu e parecia de certa forma confiável, então contei toda a verdade a Ben. Ele ficou um tempo pensando e me responde:
- Meu irmão adotivo falava o tempo todo que não era dessa realidade e sempre tentava achar um jeito de sair, só que eu não acreditava muito nisso até ele sumir a duas semanas.
Me lembrei da casa, que parecia estar abandonada. Fui para a sala e voltei com as anotações, mostrando a ele:
- Essas anotações são dele? - pergunto, curioso e desconfiado ao mesmo tempo.
Ele acena que sim e sai da sala, cabisbaixo depois que conto a história sobre os homens mascarados e a situação deplorável da casa. Se o irmão dele tivesse sumido, provavelmente era porque tinha saído dessa realidade... Mas como? Sabia que tinha alguma pista naquela casa das anotações e por isso aquelas pessoas mascaradas não queriam deixar eu entrar e muito menos sair. Pensei em voltar para lá, mas era muito arriscado. Lembrei do trem e pensei no que minha descoberta poderia ser útil, mas aquela parte da floresta era muito mais fácil de se perder, por conta dos vários caminhos e trilhas. Então tínhamos que achar uma solução rápido. Surgiu uma ideia bizarra na minha cabeça, baseada em todos os anos de leitura sci-fi, então fui correndo novamente pra sala e exclamei:
- Olívia! - Ela e Jane param na hora e olham uma para a outra.
Toda confusa, Liv pergunta:
- O que?
- Eu tive uma ideia, mas vai ser bem arriscado. - diante de sua careta eu começo a me explicar - Olha, eu não quero por a Jen em perigo e não posso arriscar Ben, porque ele não faz parte da equipe e eu... Bom, eu não sou treinado o suficiente então a última opção viável era você...
- Se essa ideia nos tirar dessa floresta maluca e me mandar de volta para casa eu faço - ela me interrompeu, determinada.
Expliquei então o plano:
- Você vai usar a roupa e a máscara deste homem e vai para a parte sombria da floresta. Tente achar a base deles e o máximo de informações possíveis. Vamos preparar tudo, não se preocupe. Alimentos, comunicação, armas... Se algo der errado saia correndo, por favor. Você aceita?
Ela aceita, meio insegura de sua decisão, e todos nós - menos Ben, que estava cantando no chuveiro enquanto discutíamos nosso plano - ajudamos ela a se arrumar e separamos tudo o que ela precisasse... Menos comunicação. Mas nunca que íamos deixar Liv sem comunicação. Então mudamos o plano, ela iria na frente e nós - eu e Jane - atrás. Andaríamos sorrateiramente até a base, onde pegaríamos mais duas roupas e usaríamos elas para entrar. Na porta nos despedimos de forma breve e ela foi na frente, em direção a parte sombria da floresta, então a seguimos, pé ante pé.
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Os três mundos {(Livro 1)}
Science FictionTrês adolescentes vivem em realidades diferentes e, sem saber o porquê, acabam sendo levados para dimensões que não são as deles. Eles vão ter que encarar esta nova realidade e descobrir o motivo de estarem lá.