A VERDADE - 32

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VISÃO: SILAS 


- E então? Nenhuma palavra pro seu pai? - o homem velho disse, ainda se aproximando com um sorriso no rosto.

             Sinto um calafrio na espinha ao escutar o barulho do tique taque que vinha dele. Olho ao redor, me distanciando aos poucos da escada e do homem, quando vejo pelo menos seis seguranças escondidos nas sombras, prontos pra me pegar a força. Paro no lugar e respiro fundo.

"Vamos Silas, esse homem é maluco, ele não pode ser seu pai... Certo?" Olho para a foto gigante a minha frente "Talvez ele tenha respostas sobre essa mulher"

Me aproximo novamente da escada. O homem dá um sorriso, e indica uma porta à esquerda.

- Mudou de ideia, certo? Você deve ter muitas perguntas.. Vou explicar tudo, não se preocupe. Se puder me acompanhar, só tenho que pegar uma coisa naquela salinha ali.. - ele vai a minha frente e abre a porta, ignorando minha presença, como se eu fosse insignificante.

              Tem uma janela com vista pro jardim, uma mesa de jantar e uma de escritório, com uma cadeira preta de couro atrás. Ele pega algo em uma das gavetas da mesa e sai da sala. Sigo ele a contragosto. É claro que eu tenho um pai, eu não sou tão burro assim, sei de onde vem os bebês, mas que ele estava vivo e em uma outra dimensão estranha? Não, esses detalhes eu realmente não estava esperando. Nós paramos em frente a uma porta e vejo que ele tira uma chave do bolso, provavelmente a que estava guardada na escrivaninha. Ele olha pra mim e sorri, vendo que estou o observando, e abre a porta. Olho com raiva pra suas costas, já viradas pAra mim mais uma vez e entro logo atrás dele. A nova sala, não, não uma sala, uma biblioteca, é gigantesca, ocupando talvez um espaço do tamanho do meu antigo orfanato.

- Uau... - deixo escapar. Meu suposto pai abre os braços e olha ao redor orgulhoso.- Não é maravilhosa? O maior orgulho da minha vida: ter feito dinheiro suficiente pra comprar todos esses livros sem ficar com nenhuma dívida. Depois que conversarmos, pode ficar aqui o tempo que quiser, e te darei a chave desta biblioteca. - olho pra ele com um misto de indignação e surpresa. Ele realmente acha que vou ficar com ele depois de uma pequena conversa? Eu nem sei o nome dele! Mas...

- Ahn...obrigado, eu acho. - digo relutante. Não é porque não conheço ele que não vou perder a oportunidade de ficar mais um tempo nessa preciosa biblioteca. Talvez roube alguns livros...

- Ah, e nem pense em fazer alguma besteira rapaz, tenho seguranças em cada fresta por aqui. Visíveis e não visíveis - ele pisca um olho e sorrindo vai para uma estante mais afastada. Sigo ele e pergunto:- Você consegue ler mentes?- Ha! Não é claro que não! Ler mentes? Quem diria que você teria tanto senso de humor! - ele ri por um momento curtindo com a minha cara - Eu não consigo ler mentes querido, mas consigo fazer uma boa e velha leitura corporal, e você meu filho, é um livro aberto! - ele olha pra mim ainda sorrindo, e puxa um livro da estante ao seu lado.

            O livro não sai da estante, fica pendurado, enquanto engrenagens começam a girar por detrás da parede e uma porta secreta lentamente se abre no canto da biblioteca, dando para um breu e o começo de um lance de escadas, que ele desce murmurando consigo.

- Vou ter que ensinar pra esse garoto a esconder emoções...

            Olho e memorizo a capa do livro que ele puxou, me certificando de ter uma carta na manga antes de segui-lo escada abaixo para um lugar desconhecido. A escada era em espiral e não havia iluminação nenhuma. Tropeço no décimo degrau e solto um palavrão, o homem que deveria ser meu pai olha pra trás, rindo.

- Ah, me desculpe, já estou tão acostumado a vir aqui no escuro que esqueci de ligar as luzes - ele bate palmas duas vezes e uma suave iluminação começa a brilhar. Ele olha pra mim como se pedisse desculpas e volta a andar. Suspiro e volto a descer atrás dele.

              Parece que a descida nunca mais vai acabar quando a iluminação fica repentinamente mais fraca e estamos em uma sala ligeiramente apertada, com uma mesa em um canto e duas cadeiras em outro, embaixo de um painel cheio de monitores, daqueles conectados a câmeras de segurança. Olho para possíveis rotas de fuga e encontro um painel de ventilação do lado da mesa. Suspiro aliviado, se as coisas apertarem é só fugir por ali.

- Já disse que você é um livro aberto, não? - disse ele, já apoiado em uma das cadeiras - Sabe, eu não tentaria fugir por ali se fosse você. Não que você terá motivo para isso mas... - ele para de falar e olha pra mim, empurrando a cadeira de rodinha e sentando em sua própria - Então, vamos começar!- Nome - digo, interrompendo qualquer coisa que ele fosse dizer- Como?- O seu nome. Você ainda não disse. - sento na cadeira, olhando pra ele irritado.- Ah, é claro, o básico. Eu me chamo Jeff, sou seu pai e venho procurando você há mais de 10 anos. - ele diz, com um suspiro cansado.


Ps: essa é apenas a parte 1, para vocês não ficarem na seca por muito mais tempo ;)

Os três mundos {(Livro 1)}Onde histórias criam vida. Descubra agora