CAPÍTULO 3- QUANTOS MUNDOS EXISTEM? DIMENSÃO 10N2TT OLÍVIA
Eu sou a filha de um lenhador, seu nome é Will. Todos na minha cidade o conhecem e ele é o homem mais gentil que eu conheço. Quando alguém precisa de ajuda, lá está ele com seu machado nas costas e um sorriso no rosto. Minha mãe... Como eu posso explicar? Eu nunca a conheci . Meu pai acho que não lembra nem o nome da minha gestora. Ele só lembra do dia que fui deixada em seus braços pela tal mulher. Minha figura materna mais próxima desde os dois anos de idade é Hina. Ela é muito boa comigo, e me criou como se eu fosse sua filha, mesmo não podendo tê-los. Vou admitir, as vezes me sinto mal perto dela. Mas ela não liga de me ter como sua, sua bondade e amor supera qualquer outro sentimento. Hina tem cabelos loiros, e olhos verdes, um grande contraste comigo e com meu pai, que somos morenos, com cabelo crespo e olhos âmbar. Todos os dias saímos para pegar lenha e abastecer a cidade, é uma tarefa boa. Ficamos conversando e brincando. Em alguns dias gosto de pensar que a floresta é mágica, cheia de criaturas místicas. Por isso às vezes "abandono" meus pais e sigo sozinha, sendo uma elfa guerreira, de vez em quando uma lobisomem ou por vezes uma fada. Hoje não foi diferente, queria deixar minha criança interior brincar um pouco, então andei pela floresta e me perdi, como sempre. Bom, não estava perdida exatamente, aquela floresta era meu quintal desde que me entendo por gente, mas quando fui voltar, as árvores pareciam se mover, como se o mundo estivesse girando ao meu redor. Eu conseguia ver minha casa a poucos metros de mim quando as árvores começaram a ficar baixas, diminuindo sua essência a tocos no chão, não maiores que a altura do meu joelho. As sombras, antes gigantes no amanhecer, deram lugar a um sol escaldante do meio dia. A floresta se afastou, me largando na orla de um bosque quase inteiramente cortado. Eu não conseguia me mover. Parecia que a gravidade me forçava no chão e meu corpo dobrava em dor, eu comecei a gritar por socorro, desesperada, e então... Passou. Ainda estava deitada, arquejando quando duas pessoas apareceram, uma menina estava carregando um taco de beisebol apoiado nas costas, ela parecia despreocupada. Tinha cabelos pretos longos e sua pele parecia brilhar com o sol, de tão branca. O menino ao lado dela carregava um livro chamado "Mochileiro das Galáxias" como se fosse me bater a qualquer instante, ele era ruivo e seus olhos tinham duas cores diferentes, um azul e um...violeta? Não consegui ver muito bem estatelada no chão mas acho que era isso, ele me pareceu familiar. Tinha um cidadão que comprava lenha todas as tardes que tinha essa mesma descrição. Ele parecia ser mais velho que a menina, ainda que a garota fosse mais intimidadora que ele.
- Humm... Você tá legal? - o menino perguntou me estendendo a mão e me ajudando a sentar - Você apareceu do nada e deu um baita susto na gente e...
- Qual é o seu nome? De onde vocês vem? O que aconteceu comigo? E... Você tem duas cores de olhos? Como que era o nome disso... Nunca me lembro... Aé! Heterocromia! Tinha um senhor na minha cidade que tinha isso também, ele é muito parecido com você, tanto que assusta.
- Ei... Se acalma. - a menina me interrompeu preocupada - Vai ficar sem ar.
- Jane - Ele se virou nervoso pra ela - Ela acabou de...
- Mas eu me surpreendo com sua burrice Eduard - interrompeu a amiga, mudando o tom - Você acabou de falar meu nome pra ela e...- ela percebeu o que tinha feito e fechou a cara, se virou pra ele e deu um tapa bem dado em seu braço - Eu não creio! Sua idiotice é contagiante!
Comecei a rir com gosto, apesar da clara diferença de idade, eles formavam uma boa dupla.
- Meu nome é Olívia, eu tenho vários apelidos... Oli, Liv, Livia... Podem escolher qualquer um. Desculpa meu costume de ficar falando sem parar, quando estou nervosa faço isso. Eu estou bem...Eduard não? Obrigada por perguntar. Eu não sei muito bem o que aconteceu, estava andando pela floresta, indo pra casa e do nada vim parar aqui. Só me lembro da dor e de tudo girando e então de vocês me achando. E é melhor abaixar seu livro, "O mochileiro das Galáxias" não me assusta e sim o taco da sua amiga
- A... - Eduard parecia não ter percebido que ainda segurava o livro de forma ameaçadora - Parece que você passou pela experiência acordada - ele disse pensativo - Isso deve ter sido doloroso mesmo.
- Que experiência? - perguntei me levantando
- De viajar pra outra realidade - Jane disse andando do meu lado
- Outra...Realidade? Como assim? Então não estou mais na minha dimensão ou algo do gênero?
- Isso - Eduard respondeu correndo para nos alcançar - Vamos sentar ao redor da fogueira e te explicamos melhor nossas teorias.
E foi isso que fizemos. Eduard contou a maior parte da história enquanto Jane fuçava em sua mochila em busca de um almoço decente para três adolescentes esfomeados.
- Dois dias antes, Jane apareceu desmaiada no meio da rua de madrugada, então levei ela pra casa e quando amanheceu conversamos um pouco. - ele começou - De tarde ela me forçou a vir com ela e acabamos dormindo na floresta da minha cidade. Hoje acordamos aqui e você apareceu. Ou seja, eu e você já passamos por duas viagens e a Jane por três.
- Então você acha que podemos ser todos de realidades diferentes? - questionei
- Isso - Jane disse, concordando
- Mas se existem outras realidades, nós não deveríamos estar viajando por elas. Isso não deve estar certo. Então vamos ter que achar a verdadeira. - disse entusiasmada
- Na verdade, eu não sei se isso é errado ou não, é complicado. Deveríamos fechar essa passagem para esses mundos. - Eduard comentou pensativo
- Mas como vamos saber qual é o correto? - Jane indagou.
- Não sei. Se você olhar bem, percebe que não tem como escolher. Proponho uma guerra de três mundos! - Eduard comentou animado
- Ah que lindo, uma guerra... É por que isso faz super sentido... - murmurou Jane
- Eu também não concordo. Deveríamos ver primeiro de qual mundo tudo foi criado, porque se fecharmos dimensões a torto e a direito ou até mesmo criarmos uma guerra, onde várias pessoas morrerão, podemos nunca mais voltar pra casa.
- Proponho nos separarmos nesta dimensão até encontrarmos uma solução - disse Jane - Pra ganhar terreno e tudo mais. Depois nos encontramos aqui.
- Acho uma boa ideia. Mas vamos fazer isso depois do almoço. - Eduard falou. Ele então olhou pra mim e disse, mudando de assunto - Posso te chamar de Oli então? Quantos anos você tem? - e então ele pareceu confuso - Jane... Quantos anos você tem?
- Pode sim. - disse rindo - Eu tenho dezesseis.
- Eu tenho quinze! - Jane responde indignada - Como você não sabia?
- Você por um acaso sabe quanto eu tenho? - ele falou. Jane se calou com uma carranca - Dezessete pra sua informação, o mais velho aqui.
- Mais velho não quer dizer mais inteligente - ela murmurou
- O que? - Eddie parecia não ter escutado
- Nada. Disse que o almoço tá pronto - ela disse, escondendo um sorrisinho
Depois de comermos, discutimos um plano. Parece que minha bússola veio comigo, então dei a ideia de nos dividirmos pela rosa dos ventos:
- Escolham uma direção - Falei pra eles, mostrando ela
- Norte - Eduard disse
- Leste - Jane falou
- Huuumm... Então vou para o sul - completei, dando um sorriso
Mostrei minha bússola de novo e cada um foi para um lado.
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Os três mundos {(Livro 1)}
Science FictionTrês adolescentes vivem em realidades diferentes e, sem saber o porquê, acabam sendo levados para dimensões que não são as deles. Eles vão ter que encarar esta nova realidade e descobrir o motivo de estarem lá.