CAP 14 - O COMEÇO DE UM ROMANCE

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CAP 14 O COMEÇO DE UM ROMANCE

VISÃO: EDUARD

De manhã cedo Jane me acordou, tirando sarro da minha cara, mas com um sorriso no rosto.

- Que belo cavalheiro não? Enquanto a dama se prepara para dormir o senhor já vai tirando um cochilo. Fiquei a noite toda acordada e fui ainda mais produtiva hoje mais cedo. Arranjei um quarto na pensão, e adivinha? - ela espera minha resposta, mas eu só olho pra ela, esperando. Ela revira os olhos e fala - É de frente pro da Liv.

Sorrio e me levanto, agradecendo a ela pela noite de sono e ao mesmo tempo ralhando por não ter dormido. Tomo um banho e encontro Jane tomando café da manhã no loft do hotel. Assim que terminamos, atravessamos a rua até a pensão e encontramos uma gentil senhora à nossa espera.

- Olá querida, seja bem vinda de volta - ela sorri para Jane, que sorri de volta - E você deve ser o amigo dela, certo? Venham por aqui queridos, o quarto de vocês já está pronto. Vocês foram sortudos, sabe? Essa pensão é muito procurada, ontem estava lotada! Mas saiu um casal hoje de manhã, um pouco antes da Janaina vir aqui procurar o quarto. - Ela continua falando sobre as instalações, mas não estou prestando atenção. Olho para Jane sem falar nada, só erguendo as sobrancelhas em uma pergunta silenciosa:

"Janaína? Esse é seu nome de verdade?"

Ela balança a cabeça em negativa e fala sem fazer som.

"Inventei na hora" disse sorrindo e dando de ombros

Ao chegar no quarto, agradecemos a senhorinha e entramos. Após arrumarmos as capas e a barraca em um canto junto com as máscaras, chamo Jane para conversar no chão do quarto.

- Então... Janaína, hein? É um bom nome. - sorrio enquanto ela me mostra a língua - O que você encontrou na base querida? - eu falo, imitando a voz da senhora.

Ela dá uma gargalhada e percebo que quase nunca a ouço rir. Ela sorri bastante, mas nunca ri. Eu gostei do som da sua risada e, aproveitando o raro momento, rio com ela. Depois de um tempo, ela me responde:

- Eu achei algumas fichas de procurados nos registros - ela diz, ainda sorrindo - As nossas estavam juntas em uma única gaveta e... também tinha a da minha mãe, mas gastei elas fazendo origamis.

Faço uma careta com a parte dos origamis e digo:

- Tá, mas o que estava escrito?

- Dizia que a gente está interferindo em diferentes realidades e que... minha mãe tinha sido morta por ter relações conjugais com pessoas de outras dimensões. - ela disse e ficou quieta por um tempo - Enfim, o que você achou? - ela diz, mudando de assunto

- Achei uma sala com experimentos terríveis, era uma sala de testes em criaturas inumanas e humanas, com vírus e outras substâncias estranhas - digo, me lembrando - Trouxe até uns documentos, tá na trouxa, mas depois a gente vê.

Ficamos em um silêncio confortável, apoiados lado a lado no encosto da cama, vendo o dia passar. Em um intervalo, conseguimos escutar os gritos de Olívia e Jane saiu correndo para salvá-la, mas antes mesmo de sair do quarto ela voltou, com raiva.

- O que foi? - pergunto me levantando.

Ela não responde, só aponta a cabeça por olho mágico e vai até a janela. Me aproximo da porta e vejo que na frente do quarto de Olívia tem dois guardas ameaçadores, sem armas visíveis, mas eu sei que elas estão lá. Ainda na janela, Jane me pergunta sem se virar.

- Como era sua vida? Quero dizer, antes de eu aparecer na sua rua. Antes de tudo acontecer.

- De verdade? - ela acena em afirmativo e vou para seu lado na janela, olhando a movimentação na rua abaixo de nós. - Triste. E caótica. E monótona. - olhei para ela, que parecia fazer força para não gritar - Meu pai se matou quando eu tinha três anos, porque a pessoa que me deu a luz me abandonou a sua porta quando eu nasci e ele não se aguentava de tristeza. A mulher que estava com ele era uma bêbada inconsequente e foi presa por tráfico de drogas quando eu tinha cinco anos. Eu fui para um orfanato e fui adotado por três famílias, porque aparentemente eu era um monstro por causa dos meus olhos. Então passou um tempo até eu ser adotado novamente - dei uma pausa para respirar e me lembrar da minha família - Sabe... É a melhor família até agora, eles me amam incondicionalmente, mas a mulher que era minha mãe morreu há uns dois anos. Ela estava viajando quando seu avião caiu. Ninguém encontrou o corpo. Eu estou ajudando meu pai a passar por essa fase, e ele já ta quase me... - ele então se lembrou que simplesmente fugiu sem deixar bilhete nenhum e pensou no que o pai deveria estar pensando - Bem, melhor é uma ova. Seu único filho está desaparecido a não sei quantos dias, sua mulher está morta e todos seus parentes próximos estão em outra cidade. Que bela pessoa eu sou - eu termino amargamente. - E você Jane? Como era sua vida?

Os três mundos {(Livro 1)}Onde histórias criam vida. Descubra agora