CAP 20 -A MORTE MISTERIOSA

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CAPÍTULO 20 A MORTE MISTERIOSA
VISÃO: SILAS

Levantei os olhos do meu livro de suspense e olhei para Amanda, que estava descansando a cabeça em meu joelho. Ela era minha melhor amiga. E isso é grande coisa, já que eu nunca tive amigos e nem gosto de pessoas em geral. Estou no orfanato a exatos 16 anos. Nunca fui adotado nenhuma vez e passo a maior parte do tempo na biblioteca. Quase ninguém aparece aqui, o que me dá uma boa dose de privacidade e, como não vou a nenhum passeio nem nada, encontro companhia nos livros, que são bem melhores que as pessoas em geral. Olho para a Amanda mais atentamente, me lembrando do dia que a conheci:

Aqui é a biblioteca? - uma menina morena com um grande cabelo cacheado de olhos verdes entra pela porta da biblioteca parecendo maravilhada - Uauu...

- Sim... Mas não escuto ninguém perguntar isso há um booom tempo - respondo, descendo de uma escada na prateleira

- Jura? Como alguém que tem uma biblioteca desse tamanho não vem aqui? - ela diz, vindo até mim - Você é novo aqui?

- Eu também não sei, mas muitas pessoas não gostam de ler. E não - sorrio - Eu estou no Florest desde que nasci. Qual é o seu nome?

- Amanda. Acabei de chegar no orfanato, estou olhando a casa, conhecendo um pouco o lugar - ela diz, chegando na minha frente - Qual é o seu nome mesmo? - pergunta

- Silas - respondo - Já que você gosta tanto de bibliotecas, gostaria de emprestar algum livro?

- Pera, você que cuida da biblioteca? - Amanda diz, um pouco espantada - Quantos anos você tem?

- Sou eu que cuido sim. Na verdade, moro naquele quarto ali - aponto para a salinha na secretaria - E tenho 13 anos. A tia Améli... A Sra.Smith fez um pequeno acordo comigo ano passado. Fico na biblioteca e mantenho ela limpa. Mas então, algum livro em mente?

- Na verdade, sim. Você tem Alice no País das Maravilhas?

- Claro, vou pegar ele aqui pra você - digo, indo até uma prateleira mais afastada.

Depois desse dia, Amanda e eu passamos a conviver em pura sincronia, de manhã ela vinha e me encontrava lendo, então se sentava e começava a conversar comigo, depois o dia seguia normalmente, até de noite, onde ela sempre passava para me dar boa noite. Ao passar dos anos, aprendemos tudo que é possível aprender um do outro, e por isso eu sabia que ela tinha tido um dia maravilhoso ontem, e que estava com medo disso. Não toquei no assunto, quando ela estivesse pronta, iria desabafar comigo. Após um tempo, ela se levantou e foi pegar um livro qualquer. No fim da tarde, Giovanna apareceu também, e ficamos lendo e conversando até tarde da noite, quando, logo após dar a meia noite, ouvimos um barulho forte vindo do andar de cima da casa. Nos entreolhamos, assustados.

- Silas... O que foi isso? - Giovanna sussurra para mim

- Não sei, é melhor irmos conferir. Acho que veio do quarto da Sra.Smith. - respondo, também aos sussurros. Por um tempo, ninguém faz nada, até que Amanda suspira e se levanta.

- Vamo cambada - ela diz, se dirigindo a porta - Vamo vê se a Sra. Smith tá bem.

Subimos as escadas pé ante pé, para não acordarmos nenhuma das crianças. Amanda ia na frente, Giovanna no meio e eu atrás. Mas algo estava errado, eu sentia. Passei correndo pela Giovanna e pela Amanda, indo direto para o quarto da Sra.Smith. A porta estava escancarada, as janelas todas fechadas e a luz apagada, o cômodo iluminado pela luz de velas. A Sra.Smith estava no chão, com os olhos abertos e uma faca saindo do seu peito. Prendi a respiração e deixei escapar um gemido. Eu adorava aquela mulher como minha própria mãe, e agora ela jazia morta no chão do seu próprio quarto. As meninas chegaram e arquejaram, surpresas. Não havia rota de fuga possível para o assassino e nenhum sinal de luta, estava começando a me sentir em um dos meus livros de suspense.

Os três mundos {(Livro 1)}Onde histórias criam vida. Descubra agora