Os três mundos {(Livro 1)}

CAP 28 - A ESTAÇÃO

CAP 28 - A ESTAÇÃO

DIMENSÃO: 10N2TT

VISÃO: AMANDA

Silas e Gi trocavam tiros contra os seguranças da prisão, e eu não sabia o que fazer. Fiquei então escondida atrás de Gi, me odiando por não ter aprendido a atirar. Sinto ela retesar e olho na mesma direção que ela. Grito. Os Miller estão caídos juntos, em uma poça cada vez maior de sangue. Eles estão com os olhos abertos e cada um tem uma bala alojada em suas cabeças, um sorriso de esperança morto em seus lábios. Grito, me sentindo impotente. Me arrasto até o buraco que fizemos na cela, chorando. Por um momento, estou olhando para os Miller, no outro, estou cercada de uma luz branca. Sinto a energia fluindo ao meu redor e meu corpo inteiro começa a formigar. Abro meus olhos e ergo as mãos, estou levemente levitando. Sinto a inconsciência chegando devagar e eu apago. Acordo no meio da floresta, sendo carregada por Silas e Amanda, com o ombro ferido. Não lembro de nada depois disso.

Abro os olhos sem me levantar. Estou em uma barraca no meio da floresta, Silas está apagado ao meu lado e de costas para mim. Gi está com o ombro enfaixado e me abraça. Fecho os olhos com força, tentando lembrar do que aconteceu. Péssima ideia. Me sinto idiota por se importar tanto com outras pessoas. Algumas lágrimas escapam, mas não me importo muito. Essa vai ser a última vez que vou chorar por completo desconhecidos. Apago novamente e sou acordada pela Gi, que me chama carinhosamente.

- Oi... Vem comer alguma coisa, sim? - ela sorriu - Precisamos conversar.

Concordo e sigo ela para fora da barraca. É um dia claro, com o céu azul e poucas nuvens no céu. O sol brilhando alto diz que estamos no meio do dia. Me encaminho para onde Silas está sentado, escutando os pássaros cantarem ao meu redor. Sento ao lado dele e coloco a cabeça em seu ombro. Ele me abraça de lado e beija o topo da minha cabeça.

- Como você tá? De verdade? - ele pergunta baixinho

- Mais ou menos. Eu não sabia que podia ser tão emotiva assim - digo, sorrindo como um pedido de desculpas

- Você não foi emotiva! Você teve uma reação normal em ver duas pessoas que você conhecia mortas em sua frente! Eu e Gi que somos estranhos - ele diz, segurando meu rosto e me virando para olhar para ele. Ergo as sobrancelhas, questionando a veracidade da afirmação. Ele balança a cabeça em concordância e aperta minhas bochechas com uma das mãos. - A única coisa que não foi normal foi você virar a garota do exorcista do nada. Né Gi? - ele pergunta para Gi, que chega com dois pedaços de pão na mão. Ela se senta do meu lado e entrega um para mim.

- Né o que? - ela coloca um pedaço na boca

- Que ela começou a flutuar do nada e ficou cercada de luz branca - Silas disse

- Ah. Sim. Minha namorada e seus poderes misteriosos. Eu e Silas pelo menos sabemos o que temos, mas eu não faço a mínima ideia do que você faz - ela diz, pegando um copo de suco de morango. Coro um pouco na parte da namorada, mas respondo:

- Eu estava pensando a mesma coisa - pegando seu copo e dando um gole dele - Na verdade, eu tenho algumas teorias. Mô, pode me mostrar seu ombro? Vou testar uma coisa.

Gi concorda e termina seu suco. Ela tira com cuidado as faixas, fazendo careta de dor. Observo o ferimento por alguns instantes... Estava bem vermelho e inchado, mas nada muito sério quanto realmente um tiro.

- Olha, vou colocar minhas mãos ai. Se não funcionar eu peço perdão. - ela só concorda, mordendo os lábios com força.

Silas vai ao seu lado e oferece a mão para ela apertar. Ela segura forte e dá um sinal, dizendo que posso continuar. Coloco minhas mãos em seu ferimento, uma por cima da outra. Ela deixa escapar um gemido de dor, mas respira fundo. Continuo com cuidado. Me concentro na sensação que senti noite passada e deixo que aquela energia me invada aos poucos. Abro os olhos e sinto a sensação de estar levitando novamente, mas tento controlar o poder para que ele apenas cure o ferimento a bala e não se expanda, me deixando inconsciente. Apesar dos meus esforços, acordo três horas mais tarde, com a cabeça descansando no colo da Gi. Ela olha para o nada, mexendo no meu cabelo curto.