Fechando o acordo

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-POV Maxwell Cross –

"como foi idiota o suficiente pra não perceber algo desse tamanho acontecendo?" – minha mãe pergunta enquanto anda de um lado pro outro na sala do meu apartamento.

Ela tinha sido comunicada de tudo o que aconteceu e fez questão de viajar de Los Angeles até São Francisco só para jogar na minha cara o quanto sou horrível no trabalho que eu nasci pra fazer... Literalmente.
Só Senhora Eleanor Cross agindo como sempre age mesmo.

"eu acionei os investigadores assim que notei o primeiro rombo nos gráficos de lucro. Não tenho culpa se o meu pai contratou pessoas tão incompetentes pra fazer esse trabalho" – eu já não tinha a mínima paciência pra lidar com ela. E que mesmo sendo uma das acionistas majoritárias não tem o direito de se meter no meu trabalho.
Acontece que ela só se importa com alguma coisa além de si mesma, quando o problema alcança os seus bolsos e ela não consegue gastar mais do que consegue pagar.
Por isso o pequeno show na sala da minha casa as onze da noite de uma segunda-feira.

"me diz que isso já está sendo consertado" – ela nunca toca no assunto do meu pai. Sei exatamente qual sua aversão a ele e não faço questão de mencionar nada do que aconteceu anos atrás também.
Ela pode se foder. Nunca se importou comigo e nem nunca vai. Isso não tem mais relevância na minha vida. Não preciso de uma mãe de verdade agora.

"estou cuidando disso pessoalmente" – lhe dou um sorriso falsamente gentil – "agora por favor, preciso descansar para trabalhar bastante amanhã e se quiser continuar com sua vidinha fútil, vai dar o fora daqui" – ela não diz mais nada, nem responde ao meu comentário. Pega sua bolsa cara do meu sofá e sai da minha casa deixando o lugar vazio, mas enfim em paz de novo.
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No dia seguinte de manhã, eu estou novamente no mesmo elevador de ontem e não posso impedir as memórias de voltarem a superfície.
Cheguei completamente concentrado no e-mail que eu estava lendo no celular e assim que olhei pra frente, ali estava ela. Aquela mulher que era tão linda que não tinha nem uma palavra pra descrever o quanto.
Vi muitas mulheres lindas nos meu 31 anos de vida. Fiquei com muitas delas, e pelo menos metade das que fiquei saíram com o coração partido por se apaixonarem por mim e eu não conseguir retribuir o sentimento.
Mas por alguma razão, a beleza de Alexa Blackwell não se compara com nada nem ninguém que já vi antes.
Ela é única. E até um homem como eu, precisa admitir isso.
O elevador apita e as portas se abrem diretamente no último andar. Era um lugar completamente sofisticado, com salas de reunião de vidro transparente e algumas outras um vidro escuro que não dava para ver o que havia dentro.
Um pouco antes da sala do CEO, uma mulher ruiva estava sentada como da última vez que vim aqui. E como da última vez, flertou comigo descaradamente, antes de se levantar e andar na minha frente enquanto me acompanhava até a sala de reuniões onde Alexander estava.
Assim que alcançamos a sala no final do corredor, ela sai me jogando um último sorriso que é retribuído muito bem por mim.
Olho dentro da sala, para as pessoas que ali me esperavam. Alexa é a primeira que rouba meu olhar. Hoje ela usava um vestido preto (160) que fazia o imenso favor de acentuar suas curvas muito bem.
E acredite... ela tinha muitas dessas curvas. Não era como todas as outras mulheres com quem fiquei que tinham os corpos de modelo, sempre magras, altas demais e a maioria com alguma coisa falsa no corpo.
Alexa era outra coisa completamente diferente...
Começava no cabelo. Os fios longos eram de um tom dourado escuro assim como os do pai. Eram em cachos hoje, mas vi algumas fotos dele todo liso e era tão lindo quanto.
Depois vinham os olhos. Aqueles olhos completamente enlouquecedores que seguravam tanto, tanta experiencia apesar da pouca idade, tanta esperança, tanta gentileza e acima de tudo... um fogo arrebatador. Conseguia sentir queimando dentro de mim e sei que ela também sentia.
Seus lábios estavam pintados de vermelho hoje. Mas era um tom diferente do que ela usava ontem, esse era mais escuro e moldavam aqueles lábios lindos de um jeito tentador demais que me fez querer lamber os meus próprios lábios.

"Senhor Cross, é bom vê-lo de novo" – ele diz interrompendo minha análise cuidadosa da sua filha.
Esperava que não tivesse encarado por tempo demais pra perder credibilidade.
Estendo minha mão e nos cumprimentamos.

"igualmente" – respondo somente e volto meu olhar para quem realmente me interessava naquela sala.

Ela me encarava de volta agora, do mesmo jeito que fez quando estávamos no elevador, onde mesmo depois de saber quem eu era, não se intimidou ou saiu correndo de medo como as outras pessoas faziam.
Isso sim me impressionou mais do que qualquer outra coisa sobre ela.
Que para alguém, pelo menos uma estranha, eu era algo mais do que o CEO de um império em construção.
Eu era só... um cara.

"essa é minha filha Alexa, ela é a chefe do departamento" – Alexa estende a mão e eu aperto sentindo mesmo na sua palma, a maciez da sua pele.
Aquilo me fez pensar em como seria tocar em outras partes dela, e droga, eu realmente tinha que me concentrar no que vim fazer aqui.
"você sabe o que veio fazer aqui" uma voz em minha cabeça sussurra, mas ignoro esse detalhe. Não precisava admitir que ela era parte da razão pela qual pedi a reunião.

"é prazer te conhecer oficialmente, Sr. Cross" – sua voz era profissional e comprometida. Nem um pouco intimidada pela minha presença.

"o prazer é todo meu, senhorita" – cada um de nós se acomoda em uma cadeira e começamos a brevemente discutir sobre minha proposta. Os detalhes, todas as dúvidas que eles tinham e o que eu daria em troca por usar um departamento todo.
Alexa tinha jeito pra coisa. Nasceu pra fazer isso aqui, pra ficar nesse meio. Tinha a impressão que nada conseguia assustar essa garota. E a força da princesinha me impressionou mais uma vez com sucesso.

"o que acha?" – ele pergunta a filha que tinha ouvido tudo com atenção redobrada.
Era o setor dela, afinal.

"é... muito mais trabalho" – ela mordisca o lábio. Aprendi que faz isso quando está pensando – "mas acredito que conseguimos lidar com tudo. É claro... precisamos de um prazo maior, porque o que vão prevalecer são as campanhas da BWI, mas... por mim tudo bem" – Alexander assente

"ouviu a moça, prepare o contrato e o resto deixa com a gente" – dou um aceno com a cabeça e reprimo um sorriso vitorioso. 

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