Sr. & Sra. Blackwell

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Conversamos mais alguns outros detalhes depois da decisão deles, mas quando Alexa disse que precisava voltar ao trabalho, disse a mesma coisa e me despedi de Alexander.
Ela andava um pouco mais à frente. Conseguia ver seu corpo de costas, ela andava de um jeito elegante, com a cabeça sempre levantada, mas nunca de um jeito arrogante. Passava cumprimentando as pessoas que viu pelo caminho, enquanto eu apenas assistia seu corpo se mover. E era tão lindo, de tirar o folego e enlouquecer qualquer homem em sã consciência.
Antes que ela alcançasse o elevador, porém, alcancei-a e toquei seu braço fazendo com que ela se virasse pra mim.

"precisa de mais alguma coisa?" – ela pergunta sem nenhum tipo de cerimônia.
Por algum motivo isso me deixou ainda mais intrigado para saber mais sobre a princesinha.

"só mais uma coisinha bem pequena" – ela faz sinal para eu continuar – "quero um encontro com você" – ela levanta as sobrancelhas perfeitamente desenhadas de um jeito engraçado e solta uma risadinha parecida com a que soltou no elevador quando disse meu nome.

"sabe que agora trabalhamos juntos... por que se incomodar em pedir um encontro?" – ela cruza os braços, seus lindos olhos questionavam minha pergunta

"tecnicamente você trabalha pra mim agora" – ela entreabre a boca e solta uma risadinha debochada

"desculpa, mas eu não trabalho para você Max, trabalho para o meu pai. Estou te fazendo um enorme favor inclusive, então... não abusa demais okay?" – seus lábios formam um sorrisinho falsamente fofo e ela vira de costas entrando no elevador já aberto.
Devo ter ficado ali aproximadamente uns dez minutos tentando entender o que diabos tinha acontecido e processando minha primeira rejeição de uma mulher.

-POV Alexa Blackwell –

O caminho até a casa dos meus pais foi tranquilo. Max ficou quieto quase o caminho todo, só latiu quando viu onde estávamos, e quase não consegui controlar a criatura quando sai com ele para entrar dentro de casa.
Tudo estava exatamente igual. O que era impressionante, já que minha mãe ama redecorar nossa casa em milhões de jeitos diferentes de dois em dois dias.
Meu cachorro ficou completamente louco, porém de um jeito bom. Era como se ele assim como eu, se sentia em casa.
Alcançamos a sala de TV onde me deparei com a visão que costumava ter quase todos os dias quando morava aqui: meu pai e meu irmãozinho jogando vídeo game e minha mãe emburrada no canto do sofá olhando os dois.
Mamãe sempre disse que meu pai me teve desde o primeiro segundo e não achava nada mais justo do que ter Henry para ela.
E honestamente, ela tinha sim.
Só não tanto quanto pensava que teria.
Ela me vê na porta e solta um suspiro aliviado se levantando e vindo até mim.
Se eu cobrasse todas as vezes que me perguntam se minha mãe era minha irmã, eu estaria ainda mais rica. Ela ainda era tão linda quanto quando tinha a minha idade, mas isso não significava que era imatura, bem longe disso na verdade. Os perrengues que essa mulher já passou deveriam virar um livro de tão inacreditáveis que alguns deles são.
Ela era muito mais do que qualquer super-herói pra mim. Era minha própria mulher maravilha.
Seus conselhos eram sempre os melhores e eu sempre podia falar sobre o que eu quisesse. Ela nunca me julgaria por nada que eu fizesse ou qualquer decisão que eu tomasse. Contanto que eu estivesse feliz e saudável, era isso que a fazia feliz.

"vende seu apartamento, volta pra mamãe" – ela resmunga ainda me segurando no abraço apertado.
Simplesmente solto uma risada com seu pedido resmungado

"também sinto sua falta mamãe" – ela se afasta e solta um suspiro.

"mas soube pelo seu pai que o CEO gostosão estava lá hoje, quero saber de tudo" – meu pai e meu irmão soltam resmungos desgostosos com a frase dela o que tira de nós duas uma risada.
Homens e seus ciúmes estúpidos por coisas bobas.

"bons tempos quando eu era o CEO gostosão" – meu pai resmunga colocando o controle de lado quando Henry ganha dele.
Pela oitava vez consecutiva, devo adicionar.
O pestinha finalmente se levanta e me dá um abraço apertado antes de sair correndo em busca de Max.

"sabe que ainda é meu CEO gostosão, não sabe?" – minha mãe pergunta com a velha voz aveludada e calma que sempre derrete meu pai completamente.
Me divirto vendo isso acontecer por anos agora.

"é bom que eu seja mesmo" – ele se levanta e antes de sair da sala dá um beijo na minha testa e um selinho demorado nos lábios da minha mãe que sorri pro nada por alguns segundos.

"okay, agora vai, me conta tudo" – nos sentamos no sofá. Ela tinha uma expressão que a fazia parecer uma garota da faculdade pronta pra saber sobre o crush da melhor amiga.
Isso era reconfortante.
Ter alguém assim como ela, sempre pronta, sempre disposta a me ouvir.

"não tem nada pra contar, mãe. Ele é... igualzinho aos outros" – ela me olha debochada, exatamente como se me perguntasse "sério mesmo?" – "okay, talvez ele seja um pouco mais bonito que o normal" – ela sorri satisfeita enquanto se agita pelo simples fato de eu admitir que acho o cara bonito

"seu pai era exatamente igual aos outros também até me conhecer. Posso dizer que fiz do seu pai um homem decente" – balanço a cabeça soltando uma risada também que tira dela um sorriso doce e completamente maternal.

"tenho muitas razões pra acreditar que o seu caso com papai é algo de um em um milhão... e sinceramente não acho que Maxwell Cross seja meu um em um milhão" – ela dá de ombros e posso muito bem ver porque as pessoas pensam que ela é minha irmã quando estamos juntas.
Algo sobre minha mãe sempre seria jovem.

"nunca diga nunca, princesa. É um tempo horrivelmente grande" – respondo-a com um sorriso e uma careta leve

"ele me chamou pra sair com ele" – ela arregala os olhos e entreabre a boca

"e me conta isso só agora?" – ela estava com as mãos na cintura exigindo uma explicação e me lembro de quando desenhei nas paredes do meu quarto porque não queria mais as cores rosa claro e rosa escuro nelas.
Foi a única vez que fiquei de castigo...
Por dois segundos. Meu pai me tirou logo depois e teve uma longa conversa comigo sentado no seu colo onde combinamos que sempre iria pedir pelo que queria e se eles não pudessem fazer ou me dar o que eu queria, sempre seriam honestos comigo sobre.

"eu disse não" – sua expressão cai e ela morde o lábio quase que querendo que eu fosse ainda pequena para receber umas palmadas

"e posso saber por que?" – dou de ombros

"algumas atitudes dele me incomodaram. Se não fosse pelo fato de que ele me subestimou completamente desde o primeiro segundo que colocou os olhos em mim, talvez eu tivesse dito sim" – os olhos e as expressões no seu rosto ficam mais leves ao me ouvir. Ela deixa um suspiro sair

"mostra pra ele quem você é e se no final ainda estiver interessado o suficiente em algo a mais do que esse corpo lindo e irresistível que você tem, agarra a oportunidade... literalmente" – solto uma risada e me jogo nos braços da minha mãe me sentindo incrivelmente em casa. 

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