Conectando

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-POV Maxwell Cross –

Como de costume o escritório estava completamente vazio quando sai. Os seguranças que já sabiam que meu horário não era nada como os dos outros funcionário, apenas cumprimentavam e desejavam uma boa noite.
No caminho para casa, meu celular apitou com uma notificação do Instagram me informando que Alexa tinha postado algo novo.
Como todas as outras vezes, clico em sua página do Insta e vejo a nova foto do por do sol seguida de uma com seu irmão mais novo e ela com consoles de vídeo game na mão. A legenda dizia "são as coisas simples da vida".
Tomando talvez uma das atitudes mais impulsivas da minha vida, eu informo o endereço ao motorista e partimos em direção a mansão Blackwell.
Chegando lá, eu o informo que poderia tirar o resto da noite de folga e que iria me virar. O porteiro liberou minha entrada assim que lhe dei o nome e caminhei pelas ruas iluminadas e calmas do condomínio já bem conhecido por mim de quando meus avós eram donos de uma casa em que passei grande parte dos meus anos da infância na companhia da melhor babá e da melhor cozinheira que já conheci.
Ambas sabiam e odiavam o fato de eu ter sido uma criança planejada e trazida ao mundo com somente o intuito de negócios e linhagem familiar para herdar os negócios da família.
Graças a elas e a bondade das mesmas, eu soube, pelo menos em algumas partes da minha vida, o que era ser uma criança normal que brincava, corria, dava risada e comia doces até a barriga doer.
É claro que toda a diversão era arruinada quando minha mãe, meu pai ou os meus avós chegavam para me levar da cozinha dizendo que eu não deveria me misturar. Elas nunca tiveram isso como ofensa, o que eu achava ainda melhor e sempre voltava quando eles não estavam vendo.
Minha caminhada acaba quando alcanço o portão da casa e os outros seguranças liberam minha entrada também.
Olhando ao redor, a casa era cheia de árvores e plantas, verde era predominante ali e o caminho de luzes no chão levava até a porta da frente preta.
Ouço a campainha soar lá dentro quando aperto o botão e em menos de um minuto, risadas e gritinhos também são ouvidos.
Reconheço uma das risadinhas sendo da Alexa e a outra bem provavelmente era do irmão dela, Henry.
Quando a porta se abre e nossos olhares se encontram, a expressão no rosto dela vai de feliz a surpresa e de volta para feliz.
Um tipo diferente de felicidade. Um tipo diferente de surpresa.
Não era como quando eu chegava em casa cansado depois de um dia de trabalho e visse minha mãe sentada no meu sofá pronta para apontar tudo que eu fiz de errado e tudo que eu deveria fazer ou ter feito.
Apenas estar com ela era diferente. Eu me sentia normal, me sentia como qualquer outra pessoa no mundo. Todas as preocupações sumiam e eu só me importava com uma coisa: ser bom suficiente para ela. Ser bom o suficiente para trazer aquele sorriso lindo para o seu rosto e aquele brilho de diversão para os seus olhos que ela tinha o tempo todo quando estávamos conversando naquele bar depois de uma reunião de trabalho.

"está namorando com o seu sócio?" – Henry estoura a bolha que estávamos dentro com sua voz que já mudava de menino para adolescente.
Enquanto Alexa era quase exatamente como seu pai, Henry era a cópia exata e fiel da mãe. Desde os cabelos negros como a noite até os olhos verdes claros que brilhavam sob as luzes.
O garoto era bonito e com certeza já fazia sucesso com as garotas na escola.

"ele não é meu namorado, Henry" – Alexa não tira os olhos de mim, então isso não ajuda no seu argumento

"você olha para ele como se fosse" – ele diz cruzando os braços de maneira esperta

"bom, ele não é e meu deus... o que está fazendo aqui?" – ela solta quase tudo isso em um folego só que tira de mim uma risada

" bom, como eu disse... não conseguia tirar você da cabeça, então..." – levanto as mãos –" aqui estou" – ela solta uma risada também surpresa

"é... por favor, entra" – o interior da casa era bem decorado e aconchegante. Fotos, quadros, e capas de revistas emolduradas decoravam as paredes da sala de estar, passando pelos corredores.
Eu não sabia que era possível um lugar tão grande ser tão acolhedor.
Bom, de novo, eu nunca soube o que é ter o que eles têm.

"então você quer dizer que não namora minha irmã?" – o garoto pergunta me olhando questionavelmente.
Alexa fuzila ele com aqueles olhos lindos e volta direto pra mim. Porém antes que pudesse repreender o menino, eu falo na frente

"é algo que ainda estamos decidindo. Não é tão simples quanto parece, garoto" – ele dá de ombros

"contanto que não machuque o coração dela, estamos bem" – deixo uma risada sair, porque ele era mesmo bem alto para idade e não parecia um garotinho fraco e franzino como eu fui na idade dele até uns 17 anos.
Porém mesmo assim, eu tinha bem mais músculos e altura que ele.

"tudo bem. Prometo não a machucar" – Alexa me olha quando digo isso com um olhar quase questionável que eu não sabia o que significava.
Porém dentro de mim eu sabia.
Nunca faria nada para machuca-la propositalmente. E queria que ela tivesse certeza disso também.
Não discutimos ainda o que temos. Nem sei se isso é algo que ela quer, ou até mesmo se eu quero.
Mas o que sei com toda certeza é que não vou desistir dela.

-POV Alexa Blackwell –

Eu olhava admirada o homem alto loiro com os olhos azuis turquesa concentrados na tela da TV e o lábio inferior entre os dentes, com o console de vídeo game na mão parecendo dar tudo de si no jogo.
Era um jogo de parceria. Ele e meu irmão eram da mesma equipe e se comunicavam como se jogassem juntos a anos e não só a apenas duas horas.
Quando abri a porta que pensei ser a comida chegando, a última coisa que esperava era vê-lo parado na minha porta com o cabelo bagunçado, a camisa com alguns botões abertos e as mangas até o cotovelo.
Ele era lindo de qualquer jeito, porém ver um homem do tamanho dele, vestido como se tivesse vindo do trabalho sentado no meu sofá jogando com meu irmão mais novo, com certeza era minha visão preferida dele.
Alguns bons 20 minutos depois, quando tinham completado a fase que estavam trabalhando, Henry olhou para ele

"gostei de você, nunca conheci outro homem além do meu pai que joga esses jogos" – sorrio. Era impossível não sorrir

"gosto de passar meu tempo livre matando virtualmente as pessoas que gostaria de matar na vida real" – Henry dá risada e os dois fazem um toque.
Eu JURO que quase me derreti bem ali mesmo naquele sofá.

"agora a gente pode comer, por favorzinho?" – peço na minha voz mais doce atraindo os olhares para mim, parecendo lembrar da minha existência no cômodo.

"vamos comer, você parece desesperada" – ele diz e imediatamente mostro minha língua para ele tirando-lhe uma risada pelo meu gesto infantil.

"estou em fase de crescimento, preciso da minha comida" – digo enquanto andávamos os três até a cozinha onde nossos lanches estavam prontos para finalmente serem devorados." 

Bright Side (pt-br)Onde histórias criam vida. Descubra agora