O que te impede

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-POV Maxwell Cross –

Reuniões sempre foram uma das coisas mais entediantes sobre minha profissão.
Pensar que eu participava de inúmeras delas no curso de um dia era quase que desesperador para mim. A quantidade de pessoas sentadas em uma sala falando da mesma coisa por horas direto me dava uma horrível enxaqueca mesmo antes de entrar na maldita sala.
Hoje, porém, quando meu assistente repassou comigo minha agenda do dia e eu descobri que teria um almoço de negócios com Alexa, posso dizer somente de passagem que meu dia ficou muito, muito mais interessante.
Antes de sair, passei todo meu tempo com trabalho dentro do escritório, concentrado – ou nem tanto – nas tarefas que eu tinha que fazer antes de ir ao restaurante que tínhamos marcado.
Quando de fato meu motorista abriu a porta para mim e entrei para dentro daquele estabelecimento, deixo um sorriso pequeno escapar pelos meus lábios quando avisto ela.
Alexa estava hoje vestida de vermelho escuro. O cabelo liso brilhando com a luz fraca sob o teto e mesmo ela estando sentada, conseguia ver como o vestido valorizava as curvas que tinha e a deixava ainda mais incrível.
Ela estava lendo alguma coisa no celular com um pequeno sorriso e logo em seguida começa a digitar com agilidade pelo teclado, os dedinhos pequenos com as unhas pintadas de vermelho correndo mostrando o quanto ela era acostumada a fazer aquilo.
Ela não me notou ali parado até eu falar

"gostei do cabelo" – ela dá um pequeno pulinho de susto e em seguida solta uma risada sincera e não consigo não admirar seu sorriso lindo.

"é sempre tão Batman assim?" – ela pergunta bloqueando seu celular e colocando-o na bolsa preta pendurada na cadeira.
Solto uma risada fraca sem nem perceber. Ela me olha ainda com um sorriso levemente impressionada por ter me feito rir mesmo que não igual faria com outra pessoa.

"Batman? É sempre tão geek assim?" – ela dá outra risadinha fraca e dá de ombros

"é, sempre" – ela admite.
Me ajeito em minha cadeira e o nosso garçom aparece para pegar meu pedido.

"pode adicionar uma dose de Whiskey por favor" – digo lhe entregando o cardápio

"sim senhor" – quando o garçom pede licença e sai de perto de nós, volto meu olhar para ela que também tinha os lindos olhos em mim e parecia sempre ver algo dentro de mim que nem eu mesmo conseguia ver, muito menos saber o que era.
No fundo, sabia o quanto gostava quando ela fazia isso e me dava a sensação de ser alguma coisa a mais do um babaca infeliz que usa um terno caro e se aproveita da atração das mulheres que aparecem no seu caminho.

"o que você parece achar de tão interessante em mim? Além do óbvio, claro" – ela revira os olhos apesar de ter um sorriso pequeno no rosto.

"e o que te faz achar que olho algo além "do óbvio"?" – ela diz fazendo aspas com os dedos e eu mordisco o lábio de leve

"essa é uma boa pergunta" – sua sobrancelha se arqueia como se esperando por uma resposta melhor e mais concreta do que a que eu dei – "não sei dizer porque, só uma sensação" – ela abaixa um pouco a cabeça deixando umas mechas lisas e macias do cabelo caírem sob seu rosto delicado.
Ela parecia um anjo.
Em cada centímetro ela era como um anjo.
Porém é claro que ela nunca saberia disso... Não por mim, pelo menos.

"bom, trouxe algumas propostas para você revisar, porque apesar de saber muito bem o que estou fazendo, você ainda decide tudo. E fui informada sobre uma certa... dificuldade, em te agradar" – ela diz enquanto pega o iPad e me olha de relance.

"acho muito difícil você fazer algo que eu não goste, Alexa" – dessa vez ela revira os olhos de verdade, sem nenhum traço de humor no rosto.
Nesses momentos eu questionava seriamente meus impulsos babacas perto dela, porque de várias formas ela parecia, na maioria das vezes, muito mais adulta que eu.

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