Breakup

35 2 0
                                    

-POV Alexa Blackwell –

A rua estava quase vazia. O fim da festa tinha sido a cerca de vinte minutos atrás, porém durante esse tempo, fiquei colocando a conversa em dia com Reece.
Ele estava morando na Noruega ainda e pelo que disse não tem nenhum plano de voltar aos EUA em nenhum futuro próximo.
Consegui rir com cada história que ele contava das suas aventuras pós faculdade, cada uma mais louca que a outra.
Ele estava solteiro ainda e disse que não tinha nenhuma intenção de mudar isso agora, o que me admirava por ele ter sempre sido um cara muito ligado a família dele.
Apesar de todas as risadas, eu ainda pensava na conversa que tive com Max. Ele não se aproximou de mim pelo resto da noite, porém consegui sentir seu olhar em mim durante todas as horas restantes.
Nada de me apresentar a ninguém ou especificar aos outros o que éramos.
Não que me importava com o que os outros iriam pensar, mas se pelo menos soubesse as razões pelo qual ele faz o que faz, ficaria mais tranquila. O fato de eu ainda não entende-lo completamente era certamente muito frustrante.
O céu estava formando nuvens cada vez mais carregadas e mais alguns momentos aqui fora, ficaria completamente ensopada.

"achei que tivesse ido" – sua voz me faz virar. Ele estava parado na entrada, as luzes ainda ligadas iluminavam seu rosto e conseguia ver que ele se sentia tão péssimo quanto eu. Uma parte mais obscura de mim ficou satisfeita por saber disso.

"fiquei conversando" – é minha única resposta. Seu maxilar travado e as mãos em punho ao lado do corpo já me avisam que ele sabia bem com que tinha conversado, e isso não ajudava na sua situação no momento.

"vai me contar quem ele é?" – tom neutro apesar da fúria que queimava no lago dos seus olhos.

"amigo da faculdade. Ele estava no último ano quando entrei" – ele apenas assente e fica em silencio por um tempo

"foi ele não foi?" – demoro alguns segundos para entender o que ele quer dizer com essa frase e quando entendo, não podia ficar mais puta.
Quem diabos ele pensava que era?!

"o que?! É claro que não" – eu sempre notava os olhares dele pra mim. Mas mesmo assim nunca fui seu tipo de garota e ele nunca tentou nada comigo. Nem mesmo uma insinuação de que queria algo a mais do que amizade. Deixamos isso claro bem no começo da nossa amizade quando o acusei de flertar comigo e ele só deu uma risada e disse que "apesar de você ser linda além da conta, sei que não somos o tipo um do outro no quesito romance".

"ele olha pra você como se conhece o que eu conheço" – reviro os olhos

"essa coisa de macho territorial não é fofa, okay? É estúpida e levemente ofensiva. Você não tem o direito de agir desse jeito nem falar nesse tom comigo." – Ele solta o ar dos pulmões e espelho sua ação voltando a olhar para frente esperando que meu motorista pare na rua e eu possa sair daqui e afundar na minha cama sem pensar em mais nada até acordar amanhã.

"desculpa. É que você parece... muito confortável com ele" – suspiro diante da sua insegurança.

"ele foi o único que sempre entendeu o que é vir de Hollywood. Ninguém mais sabia como era, ter a pressão de fazer algo que você não ama só porque é fácil" – ambos ficamos em silencio depois disso.
A chuva começa de vez, vindo com força e corro para trás para tentar me abrigar até encostar nele. o peito duro e musculoso como uma parede nas minhas costas.
Me viro para encarar seu rosto e novamente sua beleza me atinge como uma cachoeira. Cada pequeno traço do seu rosto, do seu corpo e da personalidade incrível que ele guardava por trás dessa máscara de frieza.
Meu peito se aperta, incha e alivia com entendimento.
Entendimento dos meus sentimentos por ele, agora mais do que nunca. Porque apesar de tudo isso, eu sabia que ele fazia só por não conseguir lidar com os medos em sua mente de outra maneira a não ser lutando e de alguma maneira provando a si mesmo que era forte e conseguia sair da situação sempre sem ser afetado
Porém aquilo não era saudável, e apesar de entender, não era o tipo de mulher que sabia lidar com aquele tipo de comportamento. Mas mesmo assim... quando olhava pra ele, eu só queria lutar por tudo que sentia e por tudo que poderíamos ter se ele somente parasse de resistir e se entregasse a mim.

"porque resiste?" – ele solta o ar em meu rosto e arrepia minha pele toda.

"porque sei que você merece melhor" – desvio meus olhos do seu e balanço a cabeça.

"isso não é você quem decide. Acho que sou grandinha o suficiente para tomar minhas próprias decisões" – quando tento me afastar de novo, ele segura minha mão, porém, sem nada daquele toque agressivo de mais cedo.
Apenas as mãos gentis que me tocavam todos os dias que adoravam meu corpo com tanto carinho e que acariciavam meus fios de cabelo até o sono me dominar.
Esse era o homem por quem eu estava me apaixonando mais a cada dia que passava.

"mas sou eu quem decide com quem quero ou não dividir minha vida" – ele diz com tanta suavidade que o baque não me acerta até depois de alguns segundos tirando todo o ar dos meus pulmões.
Ele tinha que estar brincando comigo, não era sério.

"você não pode tá falando sério" – minha voz era pouco mais que um sussurro abafado pelo som da chuva torrencial que caia com toda força lá fora.

"depois de hoje a noite isso só ficou ainda mais claro" – eu sentia as lágrimas chegando, mas não queria acreditar que era verdade, que ele iria ficar comigo por quase nove meses e desistir de última hora.
Não depois de tudo que compartilhamos um com o outro. Não depois de me fazer ficar completamente doida por ele e se tornar uma parte essencial da minha vida.

"não pode fazer isso, não depois de nove meses, de tudo que a gente fez e passou junto." – ele balança a cabeça, seu corpo estava todo tenso, era claro que ele estava odiando aquilo tanto quanto eu, então por que fazer? Por que machucar nós dois dessa forma se ele não precisa? Por que diabos ele estava agindo desse jeito, dando mais força ao seu medo e não escolher enfrentar isso comigo?

"melhor depois de nove meses do que prender você a uma vida que não foi nada do que imaginou" – solto uma risada sem humor e me afasto de vez tirando minha mão da dele com um puxão.
Ele pensava que eu iria desistir? Que iria deixar que algo simples como isso me assustasse?

"uau... você realmente não me conhece..." - solto uma risada fraca sem o menor pingo de humor agora mais a beira das lágrimas do que a segundos atrás - "e isso dói mais do que qualquer pé na bunda" – fazendo uma força descomunal para segurar as lágrimas e não quebrar na presença dele, eu viro de costas e dou apenas alguns passos antes de ouvir sua voz grossa que ainda me arrepiava mesmo que eu estivesse morrendo de ódio por ele agora e quisesse mata-lo com as minhas próprias mãos.

Max: você sabe que nós nunca daríamos certo, então porque eu vou gastar seu tempo quando você pode encontrar alguém que realmente vale a pena? – eu não respondo nada. Sei que se tentasse eu me desmancharia em uma poça de lágrimas – vai me agradecer depois – reviro os olhos mesmo que ele não podia ver.

"faça-me um favor e vai se foder, Maxwell" – com o carro parado na frente eu apenas pego os saltos em uma mão e a saia do vestido na outra e corro o caminho até dentro do carro que é o suficiente para deixar-me ensopada.
                                                                                           ***

Já dentro de casa, com o vestido, e os cabelos pingando, eu me deixo deslizar pela parede do banheiro e pensar em tudo que tinha acontecido nessa noite. Como tudo tinha começado tão bem e como em tudo tinha acabado em um lindo desastre.
A perda arde em meu peito. A perda de algo que construí pelos últimos nove meses com ele, dando uma chance a cada dia e dando meu melhor para entender seu lado em tudo.
Só não conseguia entender porque ele não lutava por mim e por ele mesmo do jeito que eu lutava. Por que ele fazia isso consigo mesmo? A culpa que ele sentia era tanta a ponto de torturar-se a si mesmo? Ele se odiava tanto assim?
Deixo algumas lágrimas deslizarem para acalmar a dor em meu peito. Logo se transforma em uma cachoeira e preciso tampar minha boca pra abafar os soluços. Esperava que me fizesse sentir melhor e tirasse um pouco daquele incomodo horroroso que ardia no meu peito.
Mas a única coisa que faz foi me deixar sentindo pior. 

Bright Side (pt-br)Onde histórias criam vida. Descubra agora