Nova função

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No dia seguinte quando despertei, a casa estava silenciosa.
Alexa dormia com uma das mãos embaixo do travesseiro e a outra repousada levemente em meu peito.
Seu cabelo longo e grosso fazia cócegas no meu ombro e braço onde a boca dela estava a milímetros da minha pele.
Dormir com ela era como tomar um sonífero. Nada funcionava melhor que vê-la adormecendo e dormindo tão serena e tão tranquila.
Com cuidado extra, me levanto devagar e ajeito as cobertas ao redor do seu corpo de novo. As cortinas estavam fechadas, mas eu conseguia ouvir os trovões no céu e não havia nem sinal do sol.
Coloco as mesmas roupas da noite passada. A calça jeans preta e a blusa de manga comprida cinza, seguido pelas botas também pretas.
Ela parecia dormir até quando me virei de novo e vi os olhos lindos e sonolentos demais me encarando com um pequeno sorriso nos lábios rosados.

"posso me acostumar com a vista" – ela sussurra naquela voz rouca, cheia de sono, cheia de preguiça que me fez derreter ali mesmo.
Porém, não contaria isso a ela. Não ainda pelo menos.

"desculpa se te acordei" – digo no mesmo tom de voz voltando para perto e me abaixando para ficar cara-a-cara com ela.

"que horas são?" – ela pergunta fechando os olhos. olho no relógio digital em meu pulso

"quinze para as sete" – ela resmunga baixinho e deixo sair uma risada

"por que levanta tão cedo?"

"costumo ir na academia ou correr de manhã. Além disso começo meu dia de trabalho as oito e meia" – ela abre só um olho depois o outro me olhando como se eu tivesse sete cabeças

"você e a minha mãe são farinha do mesmo saco, não entendo isso" – ela resmunga de novo trazendo o cobertor para o pescoço e agarrando o travesseiro em que dormi inspirando o cheiro.
Aquilo aqueceu meu coração e me fez sorrir. Porque agora aparentemente eu sentia e fazia essas coisas

"me liga quando quiser me ver?" – ela sorri de olhos fechados e apenas assente – "tudo bem. Pode voltar a dormir" – sussurro a última parte e antes de sair do quarto pressiono um beijo em seus lábios entreabertos tirando dela um suspiro e um sorriso felino.
Desço as escadas devagar, fazendo o máximo para não emitir barulhos altos demais que acordariam a casa toda.
A última coisa que eles precisam agora, era um cara acordando todos eles as seis da manhã.
Porém, sou surpreendido quando alcanço o fim das escadas e vejo Sophia sentada na mesa da sala de jantar segurando uma caneca na mão.
Ela parecia muito jovem. Não daria mais de quarenta anos a ela nem de longe, e agora vendo-a ao vivo conseguia entender porque toda mulher desejava envelhecer igual a ela.
Só que elas também não faziam ideia do que essa mulher suportou e os desafios que também estarão em seu futuro nessa nova jornada.
Ninguém saberia disso, mas... eu silenciosamente admirava e idolatrava essa mulher e toda a força que ela tinha.
Quando me viu, me ofereceu um sorriso

"pelo jeito não sou só eu que acordo cedo demais" – ela diz como cumprimento

"gosto das manhãs, me sinto mais produtivo" – ela concorda com a cabeça

"normalmente é o único momento que consigo me ouvir pensar, no resto do dia e da noite tenho coisas demais para fazer" – assinto também. Sabia exatamente o que ela queria dizer.

"está bem por enquanto?" – não me contive em perguntar. Não sabia porque importava, só... era algo que eu precisava saber para acalmar algum vale dentro de mim. Outro que tinha se aberto sem minha permissão.

"o normal de uma grávida, enjoo, dores, hormônios" – ela diz dando de ombros – "tudo bem até onde consigo sentir" – ela me olha de novo – "obrigada por perguntar" – apenas lhe ofereço um aceno de cabeça.
Estava prestes a ir andando quando ela fala de novo.

Bright Side (pt-br)Onde histórias criam vida. Descubra agora