Encontro pt. 2

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Andamos até o carro dela em silencio. Assim que alcançamos o veículo ela se vira de frente para mim de novo com um sorriso

"você me impressionou hoje a noite" – ela diz suavemente tirando um sorriso quase bobo de mim.
Quase.

"espero que de uma boa maneira"

"muito boa, acredite. Arrisco dizer que foi uma ótima ideia dizer sim para você" – dou mais um passo a frente agora ficando dentro do seu espaço pessoal. Sua respiração vacila mais uma vez nessa noite.

"repetiria a dose?" – olho em seus olhos e ela não faz o mínimo esforço para desviar de mim quando chego um pouquinho mais perto

"talvez..." – meus olhos agora estavam focados nos seus lábios rosados e cheios. Tenho que segurar um gemido quando ela mordisca o lábio inferior e os umedece com a língua.
Eu estava quase no ponto de prensa-la contra a lataria do carro e atacar aquela boquinha linda, mas me segurei. Não iria forçar nada, não a beijaria ao menos que ela fosse quem tomasse a atitude.
Queria saber se ela se sentia do mesmo jeito que eu quando estávamos juntos. Queria saber se alguma coisa mudou mesmo para ela depois da nossa noite, das conversas que tivemos.
Queria saber se o desejo que eu sentia queimando nas minhas veias era o que ela sentia também.
Mas cada coisa no seu tempo.
Afinal de contas, eu fui um babaca com ela.

"bom, Alexa, ambos sabemos que eu sou péssimo em persuasão" – ela solta uma risada e ver aquele sorriso tão de perto fazia coisas comigo.

"justo" – coloco uma mecha do seu cabelo atrás da sua orelha e não consigo não passar o dedão pela sua bochecha macia.
Seus olhos quase seguem meu toque.
Quando ambos nossos olhares se intercalam de novo ela solta algo como um suspiro de derrota e cola nossos lábios gentilmente no começo.
Ela é quente, macia e muito mais do que sempre imaginei que fosse.
Seus lábios são o encaixe perfeito nos meus e ela se entrega completamente a sensação assim como eu inevitavelmente faço.
Uma das minhas mãos entrelaça seus fios de cabelo dourados entre meus dedos e a outra aperta a cintura fina trazendo mais seu corpo para perto, meu próprio corpo implorando por mais calor, mais contato só mais de qualquer coisa que ela possa me dar.
Eu mordo seu lábio inferior quando um gemidinho escapa do fundo da sua garganta e manda vibrações por cada cantinho do meu corpo.
Eu estava queimando por ela.
Nunca foi tão bom, nunca foi tão intenso e certamente nunca pareceu tão especial.
Eu não sou uma cara que gosta de beijar as mulheres com quem fico. Na minha opinião, há coisas muito mais interessantes em relações carnais do que beijar.
Mas como tudo sobre essa mulher, dessa vez foi completamente diferente.
Eu sentia a necessidade de beija-la, sentia meus dedos formigarem para apertar de leve seu cabelo entre eles e para apertar seu quadril largo para o máximo de proximidade que ela me concedesse.
Quando o ar faltou desgrudei nossas bocas e ela imediatamente lambeu os próprios lábios antes de me olhar de novo.
O peito subia e descia assim como o meu procurando o ar que roubamos um do outro.

"me desculpa se foi demais" – ela sussurra e eu sou obrigado a rir

"se soubesse o quanto eu quero te jogar em cima desse carro e beijar o seu corpo todinho até você implorar por mim dentro de você não diria, muito menos pensaria uma coisa dessas" – seus olhos fecham brevemente e ela mordisca o lábio de novo antes de voltar a me olhar

"okay... é..." – ela ri um pouco e mesmo sendo noite consigo notar um pouquinho do rubor nas suas bochechas

"sincero demais, desculpa" – ela dá uma risada fraca balançando de leve a cabeça

"tudo bem, eu aprecio a honestidade" – com o lábio avermelhado pelo beijo entre os dentes, Alexa solta uma risadinha – "e aprecio o vigor" – não consigo não acompanhar seu riso

"tudo bem, agora devo deixa-la ir para casa antes que seu pai mande a polícia atrás de nós" – afinal era quase uma da manhã e estávamos completamente sozinhos em uma praia com bastante lugares escuros que poderiam ser ótimos para esconder corpos mortos

"isso ele com certeza faria" – ela diz ainda risonha e com um último beijo em seus lábios, a deixo entrar no próprio carro e fico olhando até que ela vire a esquina com um dos sorrisos mais idiotas no rosto que um ser humano poderia dar.
Ainda restava alguma dúvida de que ela seria o centro do meu mundo agora??

- POV Alexa Blackwell –

A casa estava apagada exceto pela luz da biblioteca vazando pela fresta aberta da porta que vi quando estava subindo as escadas.
Por mera curiosidade, espiei pela abertura para ver meu pai no sofá enquanto sorria olhando um iPad. A porta rangeu mostrando minha invasão e seu sorriso aumentou como sempre acontecia e eu duvidava que ele soubesse disso.

"pelo horário posso assumir que tiveram uma boa noite" – ele diz colocando o aparelho de lado.
Me jogo no sofá ao seu lado.

"uma ótima noite" – digo sorrindo enquanto os eventos do nosso encontro na praia repassavam na minha mente como um filme de romance completamente clichê

"isso é bom. Eu meio que sempre soube que isso aconteceria" – sua expressão esperta era igualzinha a minha segundo minha mãe

"é, pelo jeito todos sabiam menos eu. Ou eu só não queria admitir a mim mesma" – digo dando de ombros

"por um tempo depois do meu primeiro encontro com sua mãe eu pensei muito na nossa diferença de idade. Não que tivesse espaço pra importar, eu já estava completamente obcecado pela garota" – solto uma risada pelo seu tom de derrota – "meu ponto é... vocês podem fazer qualquer coisa funcionar se é da vontade de ambos."

"obrigada pelos conselhos amorosos" – ele faz uma careta engraçada e me puxa para os seus braços

"odeio pensar que você gosta de garotos romanticamente agora, mas prefiro eu falar sobre isso com você do que qualquer outro por aí" – me acomodo em seu abraço que sempre foi tão reconfortante.
Meu lar. Meu lugar preferido desde que me entendia por gente.

"e o que estava vendo aí?" – ele me mostra a tela e eu sorrio grandemente. A foto foi tirada na nossa casa na Inglaterra e estávamos no jardim. Minha mãe tinha as mãos na barriga enorme de quase oito meses de gestação enquanto eu e meu pai beijávamos um de cada lado.
Foi tão espontâneo esse dia que me lembro de cada segundo dele.
Na próxima foto era apenas minha mãe sentada nas próprias pernas enquanto trajava uma lingerie roxa escura com a mesma barriga enorme. Seus olhos estavam fechados e ela deixava o cabelo cair em cachos soltos e grossos que eu sempre amei tanto, mas digamos que meu cabelo sempre fora liso demais quando pequena para que eu conseguisse manter os mesmos cachos por mais que duas horas.

"nunca vou me cansar dessas fotos" – meu pai sussurra mais para si mesmo do que para mim, mas eu sorrio mesmo assim.
A adoração que ele tinha pela esposa é a única coisa que eu sempre sonhei em ter em um relacionamento. A única coisa que eu sempre desejei.

"foram dias bons" – ele assente ainda encarando a foto, mais especificamente a barriga na foto – e você sempre quis mais – ele dá uma risada

"se sua mãe tivesse deixado eu teria feito mais dez de vocês dois" – ele bate na ponta do meu nariz me fazendo soltar uma risadinha infantil

"e por que nunca tiveram mais?" – ele suspira e balança os ombros

"pelo mesmo motivo que esperamos quase dez anos para ter você" – ele finalmente olha pra mim – "sempre tive vontade, mas nunca senti necessidade de ter mais do que você e Henry" – é minha vez de suspirar

"bom, de qualquer forma, acho que o pestinha odiaria perder o trono de príncipe" – meu pai dá uma risada contida

"nisso podemos concordar"

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