Discussão

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-POV Maxwell Cross –

Nunca na minha vida eu senti uma onda de possessividade tão forte com outra pessoa.
Era ela.
Minha devastadoramente linda namorada conversando e rindo e parecendo extremamente confortável com outro cara.
Eu sabia o quanto era estúpido, mas não conseguia evitar. A raiva enchia cada átomo e célula do meu corpo e eu só queria coloca-la no meu ombro e sair desse lugar para tirar aquele vestido dela e fode-la até não aguentarmos mais.
Merda, aquele vestido.
O tecido macio e leve balançava e esvoaçava conforme ela andava mostrando a perna torneada e grossa terminando naqueles saltos pretos pecaminosos altos demais para minha sanidade.
Eleanor estava do meu lado na mesa e falava alguma coisa que eu não fazia questão de prestar atenção.
Se fosse por mim ela nem estaria aqui. Estaria bem longe, em algum lugar impossível de sair.
Mas ela era uma acionista.
E era minha "mãe".
Ninguém imaginava o que acontecia por trás disso tudo. Dávamos a pensar que éramos uma família normal, unida até. Que depois da morte infortuna e precoce de Arthur Cross, mãe e filho se uniram ainda mais.
Quando na verdade eu tinha me livrado de um peso e encontrado outro para colocar no lugar.

"as pessoas estão começando a reparar, para de olhar" – ela diz entredentes fingindo um sorriso muito bem

"deixa que reparem, não dou a mínima" – meus olhos continuavam fixos na garota.
Na minha garota.
Não sabia quando isso tinha acontecido.
Talvez algum ponto nos últimos meses que passei com ela, conhecendo-a por dentro e por fora, emocional e fisicamente.
Agora eu entendia o que as pessoas diziam ao afirmar que certas pessoas que conhecemos são impossíveis de não se apaixonar.
Ela era certamente a minha pessoa.
E digamos que saber disso me deixava extremamente protetor perto dela e com um ciúme incontrolável.
Além, é claro, de me deixar extremamente aterrorizado por tudo o que eu sentia quando olhava pra ela toda vez. Era como se cada vez ela ficasse mais linda, mais irresistível e mais impossível de não se desejar tanto que doía em mim fisicamente.
Todo o sentimento misturado, as sensações todas ao mesmo tempo, fazia ficar difícil de respirar.

"não sabia que estava sério com alguém" – ela comenta tirando meus olhos de Alexa e voltando meu olhar a ela que me encarava com a sobrancelha erguida

"desde quando sabe alguma coisa sobre a minha vida que não seja o saldo da minha conta bancária?" – ela respira fundo e sei que segurou uma onda de raiva que fiquei mais do que satisfeito de provocar nela.

"não importa. Você fez uma boa escolha pra variar, então não acho que deveria estragar isso também" – um gole do champanhe dela e eu queria faze-la engasgar com a maldita bebida. – "Ela lhe daria ótimos herdeiros" – aquilo foi o fim para mim.
Com toda a calma do mundo, me levanto da mesa e saio andando em direção a porta dos fundos que dava acesso a um jardim decorado com as mesmas luzes de dentro, porém sem ninguém ali no espaço.
Me segurando para não dar um grito de ódio, eu aperto com força a meia parede de tijolos e recebo o ar gélido com cheiro de chuva.
Respiro pelo nariz, solto pela boca, deixando o vento levar toda a ira e todo o ódio porque eu não podia arruinar essa noite.
De todos os eventos que eu ia esse era o único que importava.

"tudo bem?" – a voz doce e preocupada ecoa pelo espaço e logo sinto seu toque contra meu ombro coberto pelo paletó, mas que faz mais do que qualquer exercício de respiração que eu poderia fazer.

"tudo bem, pode voltar lá pra dentro, não é nada" – ela solta um suspiro irritado e tira a mão de mim.
Queria implora-la para colocar de novo. Pra ficar comigo, pra me segurar e nunca me soltar porque era bem possível que eu não conseguisse viver mais sem ela.

"tudo bem, sofre sozinho, se fecha, não me inclui em nada" – ela diz furiosa e tenho que me virar para vê-la por completo.
O vestido mostrava seus seios sem ser revelador demais e a fenda na coxa era um instigador de curiosidade que me fazia querer correr os dedos até encontrar o que ela estava usando por baixo daquela peça.
Ela estava linda além do que palavras podem expressar.

"não estou fazendo isso, já disse que nada aconteceu" – digo com a voz calma.
Mas ela estava qualquer coisa a não ser calma.

"exceto que sempre "nada acontece". Toda vez essa mesma coisa, a mesma desculpa, e eu tento não pressionar você a falar, ou tirar a verdade de você a força, mas... é exaustivo, Max" – apenas olho para ela por alguns segundos meio sem saber o que dizer sobre sua afirmação.
Eu sabia disso.
Eu sabia e era exatamente o que eu era expert em fazer. Eu fugia. Era isso que sempre fiz. Eu sempre fugi dos meus sentimentos, sempre me recusei a sentir demais por alguém e principalmente compartilhar meus sentimentos com outro alguém.
Eu sabia que era assim.
E agora ela sabia também.

"não quero encher você com problemas que você não entenderia" – seus olhos estavam fixos em mim, sem o brilho que ela normalmente tem quando está comigo.
Isso fazia meu coração apertar no peito. Queria sacudi-la e implorar pra que ela me perdoasse e dizer que seria melhor daqui em diante e que tentaria ser melhor pelo bem dela, pelo bem de nós dois.

"achei que era assim que um relacionamento funcionasse" – ela diz com a voz pequena, chateada.
Fecho meus olhos.

"você tem seus próprios dramas, seus próprios problemas, não precisa de saber dos meus" – ela solta uma risada e vira as costas.
O vento levanta seu vestido me dando uma ótima visão da sua perna exposta.

"é isso que pensa quando despejo em você todos os meus dramas, então?" – ela pergunta ainda mais baixo que antes. Seu tom de voz fraco, triste, magoado.
Meu peito apertou quando percebi o que tinha falado. Nunca quis dizer que odiava quando ela se abria comigo quando era exatamente o contrário.
Eu ficava extremamente honrado por ela me escolher pra compartilhar os detalhes da sua vida.

"não, não é isso que eu quero dizer, Alexa... é diferente tá? Eu nunca fiz isso com ninguém antes, nunca tive alguém na minha vida que se importasse para querer saber mais. Nunca tive a família perfeita que voce tem para estar comigo o tempo todo e me dar colo quando a vida fica difícil demais" – ela suspira fundo.
Começava a sentir leves pingos de chuva no meu corpo.
Era melhor sairmos dali antes que a chuva ficasse mais intensa.

"bom, agora você tem alguém que se importa, querendo isso ou não. E acho que se você gosta de mim pelo menos um pouquinho, vai fazer um esforço para mudar isso e me deixar entrar" – ela não diz mais nada. Com passos calmos anda para dentro de novo me deixando sozinho de novo.
Com um coração apertado e o estomago enjoado, volto para dentro apenas alguns segundos depois dela.
Coloco de lado tudo aquilo e como de costume, finjo que tudo está bem, porque é sempre isso que fiz e sempre isso que provavelmente vou ser forçado a fazer mesmo quando nada está bem e eu só quero quebrar alguma coisa em pura frustração por ser tão malditamente fodido.
Até o fim da festa ela não me olha mais. 

Bright Side (pt-br)Onde histórias criam vida. Descubra agora