viii. traumas hurt even the strongest

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viii

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viii. TRAUMAS MACHUCAM ATÉ
O MAIS FORTE

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O CANTO DOS PÁSSAROS não era escutado mais na pequena clareira, todos olhavam a Bruxa que não era Grisha, essa mesma que começava a se sentir incomodada com os olhares. O Darkling, Alina, Marie, Jenny, o treinador e até mesmo Zoya, se encontravam incapazes de falar algo. A performance impressionante de Maeven havia feito com que todos os Conjuradores, Sangradores, Curandeiros, Hidros, Aéreos e Infernais olhassem intensamente para a mulher.

O rosto dela começou a ficar púrpura, e ela, usando magia escarlate, novamente, fez prótons envolverem o corpo de Zoya e colocá-la de pé novamente. Peverell caminhou até uma pedra e se sentou, atraindo olhares para a mesma. Kirigan se aproximou e sentou ao seu lado, a costumeira carranca no rosto.

Seu olhar severo fez os outros pararem de encarar a Bruxa, que des-tencionou os ombros, quando todas as pessoas saíram de perto e foram treinar, Alina foi levada para dentro com Marie e Jenny, mesmo preocupada com o estado da Conjuradora, ela não conseguiu mover um músculo. Parecia que havia traído seu próprio povo, pois sentia um aperto no pulmão que fazia ela ficar estática.

— Está tudo bem, Srta. Peverell? — questionou o Darkling. Maeven virou a cabeça para ele, ainda se sentindo exposta, sem conseguir falar algo — Srta. Peverell? 

Mas a Bruxa continuou quieta, se sentindo nostálgica. Não lutava com alguém corpo a corpo desde os Quatro Grandes Sismos. A lembrança da guerra machucava o coração da mulher. O sangue, a guerra, ela podia não temer mais esse tipo de coisas quando usava seus poderes, sentindo-se nostálgica com as memórias tristes, de seus companheiros morrendo em seus braços.

Ela levantou, parecia um robô, não sentia emoção, o coração parecia querer saltar para fora da boca, sua face estava pálida. Os olhos pareciam mais cinzentos, sem vida. Sua expressão era vazia, sabia desde cedo que o mínimo gatilho sobre a guerra faria ela se sentir mal, mas não pensou nisso quando foi tomada pela raiva e quis avançar para cima da Aérea que havia cometido traição.

Matando ou lutando com alguém usando seus poderes não fazia a mulher se sentir mal, podia fazer isso todo o dia que não se sentiria tocada, mas um combate como aquele, fazia ela se lembrar, e Maeven sabia o que acontecia quando se lembrava, ela sofria.

Ignorando os chamados do Darkling, ela seguiu para o palácio, de coração apertado. Cada passo parecia mais pesado, como se não aguentasse o próprio peso da consciência, ou como se a respiração e o coração acelerado fizessem seu corpo ficar pesado.

Genya apareceu em sua frente assim que ela alcançou a escada, a Artesã sorriu, até ver o estado de Maeven.

— Sr... Maeven! — corrigiu-se com uma exclamação — Você está bem? Vamos, vou lhe acompanhar até seu quarto.

Sem força para responder, ela apenas assentiu, deixando a Grisha entrelaçar seu braço no dela. Peverell e Genya seguiram até os aposentos da Bruxa, aonde a Artesã largou de seu braço e abriu a porta.

— Sugiro que tome um banho, depois vá descansar — disse em um tom preocupado, Maeven apenas assentiu novamente e caminhou em direção ao seu banheiro.

Ela deslisou a cortina que era usada como porta, fechando-a. Despiu-se do kefta preto, se sentindo melhor sem o tecido pesado cheio de detalhes. Suspirou antes de entrar na banheira, que ainda não havia se enchido.

Peverell se virou e girou o registro, fazendo a água subir de baixo para cima. As pares do corpo que ficavam expostas começaram a se aquecer ao entrarem em contato com a água, e quando sentiu seus ombros quentes, ela desligou o registro.

Não sabia quanto tempo havia gastado ali, poderiam ter sido minutos, segundos ou até mesmo horas, ela não saberia responder, havia pisado todo o tempo dentro da banheira pensando em maneiras de deixar o sangue da guerra sair de sua cabeça. Parecia impossível.

Deu-se por convencida de que não poderia ficar ali para sempre, então levantou e abriu o ralo, agarrando um par de roupa que Genya havia deixado para ela, a mesma se vestiu e depois se dirigiu a sala comum. Mas a surpresa de não encontrar a Artesã, não se comparava a surpresa de encontrar o Darkling sentado em sua cadeira.

— Srta. Peverell — cumprimentou se levantando — Sinto muito por entrar em seus aposentos sem um convite, mas preciso admitir que fiquei preocupado com seu jeito depois do treinamento.

Maeven tentou dizer algo, no mínimo um cumprimento direto, mas as palavras simplesmente não apreciam em sua boca.

— Hmm... Obrigada, hmm... Aleksander — disse com a voz rouca por causa da surpresa e dificuldade de falar — Mas,... estou bem.

O Grisha assentiu, mas não parecia convencido, na verdade parecia até um tanto quanto desconfiado. E novamente aqueles olhos pretos como ébano hipnotizaram a atenção de Maeven, pareciam força-la a falar a verdade.

— Eu... — Peverell começou, e então reformulou — Me chame de Maeven.

O rosto do Conjurador pareceu mudar, agora se sentindo um pouco aturdido. Nunca em sua vida — ou existência —, alguém havia lhe dito para chamá-lo pelo primeiro nome.

Peverell agoa se sentia mais confiante, parecia ter esquecido sobre os Quatro Grandes Sismos, ou sobre guerra e sangue, a presença do homem parecia aliviar isso.

— Maeven — testou o modo como o nome saia de seus lábios, e um sorriso ladino se formou — Muito bem, Maeven.

Peverell sorriu também, não um sorriso enorme e estonteante, mais um pequeno e reprimido como se exalasse o que sentia no momento.

Kirigan se aproximou, sem um sorriso, mas Maeven não se distanciou, deixou que o homem viesse até ela, e no momento em que terminou de caminhar, Peverell o puxou para si e os lábios dos dois se tocaram. As línguas em sincronia. O Grisha passou sua mão pela cintura da mesma enquanto Maeven se apoiava nos ombros do homem devido à altura.

Quando se separaram, os rostos ainda se manteriam juntos, e eles não se moveram.

— Tenho que admitir, poucas pessoas me surpreendem — disse Kirigan após segundos de um silêncio reconfortante — Maeven — completou.

— Aleksander.

Peverell admitia que os Sismos saírem de sua cabeça, lhe pareceram impossível até certo ponto. Parecia impossível. Mas não era. Aleksander Morozova fazia milagres, ele fez o impossível, se tornar possível.

kindred spirits; general kirigan Onde histórias criam vida. Descubra agora