iii. i want to learn how to love

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iii

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iii. EU QUERO APRENDER A AMAR

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OS CABELOS RUIVOS da garota estavam esvoaçantes, dando a um charme a mais. Usava kefta preto que nem seu companheiro, que estava empenhado em sua viagem para o meio da floresta. Não era tão escura, e era o destino de Kirigan e Maeven.

Sendo franca com si mesma, Peverell podia jurar que não sabia o porquê do convite inesperado, não haviam trocado uma palavra desde a chegada da mulher.

O único som que era ouvido, era o das patas dos dois cavalos pretos que galopavam pelo campo a fora e das árvores que se balançavam para frente e para trás. Olhou para o lado e inesperadamente encontrou os olhos do Darkling, que lhe encarravam até poucos segundos, antes de desviar. O homem apontou com o braço para a floresta à frente e os dois desceram dos cavalos.

A terra úmida aos seus pés era obviamente fria, por conta das gotículas que ali estavam acumuladas. Kirigan e Maeven continuaram quietos, e adentraram a floresta. Peverell enacrava o general a cada dois segundos, confusa. O que estariam fazendo dentro da floresta?

Depois de meia hora de caminhada, a bruxa parou de andar, encarou o Grisha e gesticulando com as mãos, ela exclamou indignada:

- Acho que está bom para você de brincadeirinhas, não é, General?! - retorquiu - O que diabos estamos fazendo dentro da floresta?!

Kirigan riu baixinho e com a voz calma e paciente ele respondeu:

- Me chame de Aleksander - Maeven arqueou uma sobrancelha, desconfiada - Estamos indo até um lugar especial, Srta. Peverell.

E deixando um ar sombrio na volta da mulher, ele voltou a caminhar, fazendo Maeven ficar mais confusa do que já estava, e bufando, ela o seguiu.

Poderia estar dentro do castelo colorindo seu dever e no dia seguinte retornaria para casa, mas não, ela estava andando sem rumo com o herdeiro do Herege Negro, o Grisha mais respeitado e temido de todos, pela floresta.

As árvores e a névoa que cobria a floresta foram se dispersando, e assim a mulher pode observar o horizonte sem a vegetação para lhe atrapalhar. Logo à frente, ela avistou uma fonte branca e repleta de galhos e sujeira, mas linda. Havia uma grande estátua em cima dela, e em suas laterais, uma história, contada em runas.

- Aqui estamos - o homem disse, ao chegarem ao local - Costumava vir aqui quando criança, fugia, desejava ser outra pessoa, qualquer outra. Não um Grisha, e ainda mais um Conjurador de Sombras.

Maeven respirou fundo ao ver Aleksander tira do bolso uma moeda de Ravka, fechar os olhos, murmurar palavras e jogá-la na fonte.

- Fazia um pedido. Sempre o mesmo - murmurou com tristeza e um tom de nostalgia.

E então se virou para a Peverell, retorquiu o nariz e lhe encarou, os olhos brilhantes, por um motivo desconhecido. Ele tornou a colocar a mão no bolso e tirando uma outra moeda Ravkana, ele jogou para a mulher que levantando o braço rapidamente a apanhou no ar.

- Faça um pedido.

Maeven Peverell caminhou três passos e apoiou uma mão na fonte, a outra que continha a moeda, foi ficando vermelha, e usando o poder escarlate, ela fez a moeda pairar a um centímetro de seus dedos, mexendo-os tranquilamente, enquanto a moeda ficava cercada de prótons.

Suspirou fechando os olhos, o que pediria? Tinha tudo que queria. Uma vida de sobrevivente, uma vida de soldado, servia alguém, seu sonho desde que era um criança. E ignorando a presença do General Kirigan ela começou a divagar sobre o que lhe faltava na vida.

Trabalho, ela tinha, inclusive o que sempre sonhou. Uma vida de sobrevivente, ela relembrou, também era algo que almejava. Qual eram os três princípios dos homens? Família, Amizade e Paz.

Ela não tinha nenhum dos três. Família. Amor. Maeven não sabia o que eram essas palavras. Era isso que ela queria, Peverell queria ser amada, sentir que pertencia à um lugar, que podia se permitir ter o luxo de amar e de ser amada. Era isso.

E deixando a moeda cair sobre sua mão, ela abriu os olhos, fazendo a luz escarlate sumir, e então jogou o círculo dourado Ravka dentro da fonte, aonde repousavam muitas outras, inclusive a do Darkling. Eu quero saber amar. Quero saber o que o amor. Quero senti-lo em minha alma.

Ela se virou devagar, e encontrou novamente os olhos negros feito ébano do Grisha que lhe encarravam impiedosamente.

- O que você é? - ele perguntou após alguns momentos de silêncio. Seu rosto brilhando em um vislumbre de desespero, tomado pela curiosidade.

E para a supresa tanto de Kirigan quanto de Maeven ela respondeu em um suspiro melancólico, quase choroso, enquanto se apoiava de costas para ele, de frente para a fonte:

- Eu não sei.

A sinceridade daquelas três palavras eram tão puras e sólidas e Peverell sentiu vontade de se castigar pela demonstração de sentimentos. O rosto esquentara drasticamente, não de vergonha do General, mas sim das próprias emoções.

Colocando uma mecha de cabelo para trás da orelha, a mulher se virou novamente, agora de frente para o General, sentindo um estranho conforto nas trevas que ela sentia emanando dele.

- Não sabe? - o tom usado não havia sido grosso, quanto menos desapontado, apenas surpreso. Era estranho ouvir as palavras saindo da boca da bruxa que havia sido a primeira a responder Aleksander com tanto ímpeto.

- Não, não sei - ela repetiu, um tanto quanto ansiosa, e nervosa, mas pela primeira vez, com vontade de contar e desabafar com alguém - Eu não sei nada sobre mim mesma, apenas pequenas coisas... e - suspirando fundo, le q continuou - Gostaria de algum dia falar com alguém sobre isso e... quem sabe descobrir mais... - confidenciou.

Kirigan agora parecia surpreso com a confidência de Maeven. O rosto da mulher agora voltara a ser pálido, e o do General também. Ele virou o corpo de costas para Peverell e alisando o queixo ele divagou.

Sobre os dons escondidos na bruxa, sobre o passado escondido dela, e sobre quem ela era. Aquilo atiçou sua curiosidade e voltando os olhos para Peverell e declarou.

- Então porquê não me conta?

kindred spirits; general kirigan Onde histórias criam vida. Descubra agora