vi. TALVEZ VOCÊ ME FAÇA
UM HOMEM MELHOR━━━━━ ✧ ━━━━━
O MAPA NA MESA havia virado uma desculpa para que o General e a Bruxa não se encarassem, assim, fingiam observá-lo e não olhavam o companheiro, pois Kirigan sabia o que acontecia quando ele a olhava, se hipnotizava. Não pelo encanto que envolvia a aura misteriosa de Maeven, mas sim aqueles dois olhos verdes.
Peverell deu a volta na mesa, passando o dedo no mapa, levou sua mão de Ravka Leste, aonde estavam, até o outro lado da Dobra, Ravka Oeste e Katterdam. Seus olhos saíram de órbita e ela começou a raciocina. Haviam soldados em todos os pontos cardeais dos três reinos, Ravka, Shu Han e Fjerda, mas estavam mal posicionados, separamos demais e em grupos pequenos.
- Percebi o que você errou na organização do Segundo Exército - disse, Kirigan levantou a cabeça, rápido, interessado no algoritmo de Maeven - Está colocando poucos soldados em todos os cantos possíveis, isso faz com que os seus Sangradores não tenham chance, já que estão em poucos números, principalmente em Fjerda, eles não deveriam usar kefta azuis e vermelhos, chamam demais a atenção...
- Esta sugerindo que eu coloque Infernais e Aéreos com os Sangradores? - questionou com a sobrancelha arqueada, o nariz franzido - O que sugere que façamos com a distribuição?
Peverell se espantou ao ver a ideia ser bem aceita pelo homem, e atordoada com o jeito que o General estava lidando com aquilo, ela travou no lugar. Kirigan levantou as costas, já que estava debruçado na mesa, observando o mapa, ao não ouvir uma resposta.
Encarou o rosto estático da mulher ao seu lado e sorriu ladino, já imaginando o que se passava em sua cabeça. E bom, ele estava certo. Colocou as mãos na cintura e olhou Peverell, que estava tendo surpresas demais por um dia só.
- V-Você está apoiando minha ideia? - questionou. Atordoada, havia estudado o comportamento do Darkling, sabia que ele era um líder e que não aceitava ajuda nem de seus Sangradores.
Aleksander pareceu sentir um tiro no peito, pois seu rosto ficou nostálgico, Maeven não sabia dizer, pela primeira vez na vida, se os olhos lacrimejantes de Kirigan eram verdadeiros.
- Já perdi pessoas demais para essa guerra, Srta. Peverell - murmurou de costas - Enterrei amigos, família, soldados... não consegue imaginar como é isso...
Independente da veridicidade das lágrimas, ou da aura sombria que envolvia o Darkling, ela queria fazê-lo para de chorar. Maeven não sabia o que estava sentindo, então simplesmente alcançou a mão no pulso de Kirigan.
- Kiri... Aleksander, eu sei como é isso - disse decidida, e encarou Grisha nos olhos. No momento seguinte seus olhos ficarem vermelhos e prótons escarlate surgiram em uma forma de esfera em volta dos dois.
Morozova encarou Peverell a sua frente, sentindo todo aquele poder em suas veias, não absorvendo, ela estava lhe passando força. Ela sabia como era se sentir desse jeito. Ela sabia. E então tudo se dissipou, e ele pode observar melhor a mulher, os olhos verdes nunca tão esmeraldas como agora, o contraste do vermelho com verde o fazia se sentir mais vivo.
Maeven olhou Kirigan de volta, e observou algo diferente em seus olhos, eles precisam ter uma ponta escarlate, sinal de que o poder estava funcionando. Ele não sorriu. E nem ela. Estavam preocupados demais se encarando para sorrir.
Inesperadamente, Aleksander alcançou a bochecha da mulher, se aproximando ainda mais, e se fosse possível, encarou-a mais intensamente.
- Eu esperei tanto por você - murmurou. Se Maeven estava confusa, agora ela não conseguia entender nada. Sua cabeça repetia agora freneticamente: A missão! Mas ela achou forças de não se sabe onde, para ignorar - Talvez você me faça um homem melhor.
O silêncio se instalou por muitos minutos, ou talvez fossem segundos, mas eles não se importaram em contar. Peverell olhou Kirigan novamente, ele estava tentando se aproximar. Sua missão. Maeven fechou os olhos, não sabia porquê, mas abaixou a cabeça, fazendo Aleksander tirar sua mão de sua bochecha.
Peverell se afastou, ficando de costas, e se apoiando novamente na mesa do mapa, Kirigan havia se afastado ainda mais, nem encarava a mesa de guerra, apenas o vazio na parede.
- Boa noite - disse Maeven se dirigindo a porta - Aleksander.
O homem se virou para Peverell que agora estava ao lado da porta, a mão na maçaneta. Kirigan olhou para a mesma em expectativa, queria que ela lhe falasse algo, um pedido... talvez uma ação... não sabia o que esperar.
Maeven abriu metade da porta e o General suspirou cansado, sabendo que não teria o que queria.
- Gostaria de juntar a mim no jantar? - questionou e Morozova levantou a cabeça, interessado, sorriu leve e caminhou até perto da mulher, ficando a dois centímetros de seu rosto.
- Seria uma honra - disse e novamente os dois entraram em uma hipnose que acontecia quando encarravam os olhos um do outro. Peverell juntou toda a coragem e determinação que tinha e, ficando na ponta dos pés, tocou seus lábios nos do General.
Não era um beijo, era apenas um carinho, apenas para Aleksander entender que ela não tinha medo dele e que estava determinada a ajudar, mas Kirigan não parecia ter entendido isso, pois se impulsionou para frente e selou seus lábios nos da Bruxa.
Não havia sido um beijo urgente, apenas necessitado, ambos precisavam sentir que pertenciam a um lugar, que podiam ter sim o que queriam e que não precisavam viver se escondendo.
- Vamos - murmurou Maeven com a testa colada na do General - Ou vamos perder o jantar.
E assim os dois desceram as escadas, um pé atrás do outro, sem realmente se encararem, apenas andando, como dois estranhos que agora sentiam que pertenciam à um lugar. Talvez você me faça um homem melhor. O que aquilo queria dizer?
A missão. Sua consciência mandou novamente, e ela encarou Kirigan antes de suspirar e concordar com seus pensamentos. Ela precisava concluir a missão, não podia ter nenhum tipo de distrações. Nem mesmo se essa distração se chamasse General Kirigan, ou melhor, Aleksander Morozova.
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kindred spirits; general kirigan
Fantasia❝ ERA UMA GUERRA, E O ÚNICO PECADO NA GUERRA É 𝗣𝗘𝗥𝗗𝗘𝗥 ❞ 𝐊 . ‧ ✯ ‧ . ━━ Ravka estava à beira de uma guerra. Falta de suprimentos, dificuldades na travessia de um lado do país ao outro, tudo que ocorria pelo país, parecia contribuir p...