ii. EU SENTI SUA FALTA,
MINHA MAYA LUANISHKA━━━━━ ✧ ━━━━━
ELA ESCORREGOU PARA o lado e rodopiou na ponta dos pés pela última vez, antes de se abaixar e reverenciar as pessoas a sua frente. Como esperado, não recebeu palmas, apenas um olhar potente da Madame que ela sabia que representava um gesto de orgulho. Dois homens de terno estavam ali, ambos Grisha, mas não vestiam keftas, já que estavam em Fjerda e as cores quentes poderiam entregar sua posição.
Maeven reprimiu um risinho ao ver o olhar do homem passe dela para a folha de papel. Ele estava maravilhado com seu desempenho. Ela havia se mostrado uma lutadora mortal, uma Grisha poderosa e uma agente perfeita. Peverell era o sonho de qualquer associação.
— Muito bem, Canário Branco — o Sangrador murmurou, ainda observando o papel — Traremos o resultado na próxima semana.
Mas de repente a voz do homem pareceu ficar distante. Ela sentiu seu corpo ficar reto, o susto passando pela sua espinha. O homem continuou falando, mas ela não escutou, parecia estar em uma bolha debaixo d'água.
Ela coçou a garganta chamando a atenção da Madame, sua treinadora sabia o que significava, e lançando um olhar a ela, deixou que a mesma saísse da sala de treinamento.
Maeven Peverell correu pelos corredores das Três Pontas, indo em direção ao seu dormitório, sentindo a adrenalina pulsar em seu corpo. Com as mãos trêmulas, ela levou sua mão ao bolso do casaco preto, e retirou uma moeda Shu. Ela brilhava e tremia, como nunca havia feito antes. Alina.
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O BALEEIRO MOVIA-SE pesado com as velas totalmente abertas, impulsionado por três Grishas Aeros, de pé perto dos mastros com os braços estendidos, seus keftas azuis sacudindo em torno das pernas. Eles eram Etherealki, a Ordem dos Conjuradores. Poucos meses antes, ela tinha sido um deles.
Alina Starkov observou a tripulação do navio que se vestiam um tecido rudimentar, e muitos estavam descalços, a melhor opção para se firmar no piso escorregadio do navio. Nenhum uniforme, notou. Isso significava que não eram militares, e o navio não portava nenhum estandarte que a Conjuradora pudesse ver.
Era fácil reconhecer o restante dos Grishas do Darkling entre a tripulação, não só devido aos keftas de cores brilhantes, mas porque ficavam sem fazer nada na balaustrada, olhando o mar ou conversando enquanto os marujos de verdade trabalhavam. Era possível ver até uma Fabricadora vestindo seu kefta roxo, encostada em um rolo de corda, lendo.
Enquanto Alina, Genya e Ivan passavam duas enormes caldeiras de ferro fundido embutidas no convés, a Conjuradora sentiu uma lufada do fedor que tinha sido tão forte como no andar que permanecia embaixo, aonde residiam sangue, ossos e banha derretida.
— Os potes de processamento — disse Genya, seu kefta agora de Corporalki, vermelho e roxo brilhante no peito — Onde processam o óleo. Não foram usados nesta viagem, mas o cheiro nunca desaparece.
Tanto os Grisha quanto a tripulação se viraram para observar enquanto Alina, Genya e Ivan caminharam pela extensão do navio. Alina sentiu o ar se esvair dos seus pulmões quando percebeu aonde iam, à cabine do Darkling. Seus dedos tocaram seu bolso novamente, agarrando a moeda Shu pela terceira vez. Maeven precisava aparecer.
Starkov conseguiu enxergar Maly sentado perto de três barris, dois Sangradores vestidos em vermelho sangue, ela não conseguiu ver seus rostos. Ela pensou em gritar ou chamar pela atenção de Maly, mas ele parecia descontraído, como se aquilo fosse uma diversão, ou como se conversasse com um amigo.
O otkazat'sya pareceu ter achado os olhos castanhos escuros de Alina, e diferente do esperado ele sorriu de lado, como se ela estivesse indo para uma festa de aniversário surpresa. A mesma fechou os olhos, completamente confusa, e cada vez com menos esperança de um plano de resgate vindo de Maeven. Mesmo que quisesse descobrir o que havia acontecido com Orestov, o grupo foi impedido por um dos Sangradores que guardavam a porta do Darkling.
— Fiquem aqui — a Sangradora disse, sua cabeça abaixada impedia Alina de ver seu rosto, mas sua voz foi surpreendentemente familiar, embora não soubesse de onde. Ivan ia retrucar quando foi cortado pela fala da Corporalki — O Darkling pede que esperem.
Alina nunca ouviu alguém pronunciar "Darkling' de um jeito tão estranho, parecia que era a primeira vez que usava essa palavra. Já Ivan parecia alheio, então apenas assentiu com a cabeça e ordenou que Genya e Starkov o seguissem em direção a três cadeiras.
A Sangradora entrou na cabine do Darkling com tranquilidade, embora seu coração batesse forte no peito. O ambiente escuro e frio lhe atingiu como um tiro no peito, parecia tão familiar. Ela virou a cabeça, agora olhando para a mesa de madeira pura aonde uma figura de kefta preto se encontrava sentada.
— Sim? — o rosto da mulher se contorceu, os ditos do homem a deixando quase bamba. Sua voz. Fazia tanto tempo que não a ouvia — Sim, Sangradora? — questionou o Grisha novamente.
Maeven Peverell retirou a boina que estava em sua cabeça e encarou o chão, sorrindo. Ela percebeu o Darklng ficar impaciente, então apenas levantou seu olhar e observou sua face ficar pálida feito giz. Seus olhos vacilaram por breves momentos, e ela os viu brilharem.
Os dois permaneceram em silêncio, o choque passando por suas faces. Imobilizados. Apenas admirando as feições um do outro. Maeven reparou em grandes cicatrizes que cobriam sua face e todo o seu corpo, todos enfaixados mas ainda sangrando, ela abaixou a cabeça sentindo culpa.
Aleksander percebeu coisas de diferente em Peverell também, havia uma cicatriz que ia de seu pescoço até debaixo do kefta, seus olhos não eram mais tão brilhantes e ela parecia pálida demais. Seu cabelo estava curto, muito curto, deixando espaço para admirar o colar em seu pescoço.
— Maya Luanishka? — e foram apenas essas palavras precisas para que ela corresse até ele e o abraçasse com força, ignorando a dor que sentia. Aleksander apoiou sua cabeça no ombro da mulher e beijou sua bochecha. Santos, como ele sentiu sua falta.
🌞. textos retirados de sol e tormenta.
🌞. aaaaaaaa finalmente o encontro dos dois! surtando? to sim.
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kindred spirits; general kirigan
Fantasy❝ ERA UMA GUERRA, E O ÚNICO PECADO NA GUERRA É 𝗣𝗘𝗥𝗗𝗘𝗥 ❞ 𝐊 . ‧ ✯ ‧ . ━━ Ravka estava à beira de uma guerra. Falta de suprimentos, dificuldades na travessia de um lado do país ao outro, tudo que ocorria pelo país, parecia contribuir p...