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César Cohen


O silêncio no salão comunal da Sonserina era extremamente desconfortável para César.

Ele não era particularmente falante, não como Erin, Liz, Arthur ou Agatha, ele na verdade preferia o silêncio.

Nas férias, quando seu pai saía para algum trabalho no Ministério e ele não encontrava-se com Arthur, ele ficava o tempo todo calado, não emitia sequer um som, tirando os grunhidos para levantar da cama de manhã.

Ele não gostava de desperdiçar sua voz falando o que passava pela sua cabeça.

Mas este era um silêncio incomum.

Ele se acomodou em uma das escrivaninhas espalhadas pelo salão comunal da Sonserina, e fingiu estar escrevendo uma carta, na verdade ele estava desenhando um garoto oriental de uniforme vermelho, sorridente e alegre, que definitivamente não gostava de silêncio. Luciano se encontrava perto da lareira, fingindo conversar com Daniel sobre a edição do dia de O Profeta Diário enquanto falava sobre possíveis futuras carreira. Mesmo assim, em alguns momentos eles simplesmente se perdiam no assunto, e aquele silêncio constrangedor invadia a sala.

Em algum momento, César ouviu passos vindo do corredor dos dormitórios: Nathanael, desta vez acompanhado de Bruno, que apenas balançou a cabeça para Cohen, e ele percebeu que Bruno estava extremamente doente: a pele pálida, os olhos fundos, César afundou a cabeça nas mãos, teria ele perdido o amigo de infância para sempre?

Logo, Nathanael apenas disse algo como "estou saindo com o Bruno para treinar quadribol" para uma das pessoas na sala, a qual César não conseguiu identificar quem era, e a porta da comunal se fechou.

César viu Luciano depois de alguns segundos sair calmamente de onde estava até o quarto, e foi atrás do amigo, chegando no dormitório o qual os dois dividiam, o cabeludo sussurrou:

- O Thiago, a Liz e o Joui ficaram de surdina na porta da comunal, eles já devem estar seguindo eles - César observou Luciano tirar de sua mochila uma espécie de bastão de luz.

Luciano apenas sorriu para ele, e dizendo com o tom de voz baixo "Lumos" o bastão emitiu uma luz verde forte que se irradiou por todo o quarto, ele foi até a janela, e ergueu o bastão luminoso na direção da torre de adivinhação. Não bastou mais do que quinze segundos, César viu uma luz roxa piscar duas vezes de volta, vindo diretamente do observatório da torre.

- Quem vai ficar na janela? - Luciano disse, depois de murmurar "Nox" e desligar o bastão.

- A Agatha, o Daniel foi chamar ela pra ir até lá.

Quando voltaram para a comunal, perceberam que o resto dos alunos haviam ido dormir.

Era só o quarteto agora.

Todos foram na direção da janela, em silêncio, dessa vez um silêncio confortável, nenhum deles ousaria tirar os olhos da visão de fora.

- Onde acham que eles estão indo? - Agatha disse tão baixo que César se assustou, a garota geralmente costumava falar alto.

- Aposto que na floresta proibida - respondeu Daniel, com um fiasco de voz.

O tempo passou, César não sabia dizer exatamente quantos minutos, mas em algum momento no meio da noite, os quatro pares de olhos viram uma luz forte e vermelha brilhar ao distante, justamente na floresta proibida, antes que algum deles falasse algo, a torre de adivinhação piscou duas luzes azuis, que o grupo havia estabelecido que significava: "Perigo, precisa-se de reforços".

O coração de César palpitou mais alto, Thiago, Liz e Joui, Joui, o menino que havia se mostrado tão paciente e tão legal consigo nos últimos dias, estava correndo perigo. Seu corpo estremeceu, e ele viu Luciano pegar sua vassoura e sussurrar:

Ordem Veríssimo (Ordem Paranormal AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora