Capítulo 37

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Depois do final de semana e do aniversário de tia lu que acabou em um completo desastre, eu voltei as aulas e tenho começado a fazer as aulas de surf de novo, mas ainda tenho que ir com calma por causa da concussão.

Meu pai me treina toda tarde depois da escola, mas não importa o quanto eu treine eu sempre continuo falhando e saber que o campeonato está chegando, e se eu não estiver boa o suficiente até lá para competir me deixa ainda mais ansiosa.

Precisa se concentrar mais Ju. - Ele diz

Eu estou tentando Pai, o campeonato está chegando e eu preciso estar boa até lá. - Digo pegando a prancha e voltando para o mar.

Me preparo para pegar a próxima onda, tento fazer uma simples manobra mas caio da prancha novamente como das outras vezes que tentei. Volto a praia e jogo a prancha no chão.

Não dá, eu desisto eu não consigo. - Digo nervosa mas uma voz chama minha atenção.

Precisa esquecer dos problemas, de tudo o que te deixa ansiosa e se concentrar nas ondas. - Francisco diz se aproximando.

Consigo ver o olhar do meu pai, ele parece estar com ódio.

O que está fazendo aqui? - Pergunto

Eu estava aqui na praia e então te vi surfando, e resolvi te dar alguns conselhos. - Ele diz

Não preciso de seus conselhos. - Digo

Mas pelo que eu vi precisa sim. - Ele diz .

Você acha que pode voltar, e começar a me dar conselhos sobre surf como se não fosse o culpado por separar meus pais, e afastar minha mãe e eu de toda família e ter que vê-la morrer sem ter nenhum parente por perto, apenas eu. - Digo nervosa e sinto um bolo surgir em minha garganta.

Eu sei, o que eu fiz foi completamente errado e não foi algo que um pai deveria ter feito. Acredite quando eu digo que estou arrependido. - Ele diz a última frase olhando para o meu pai.

Consigo ver os olhos dele se encherem d'água, e se ele não estiver mentindo? E se tiver se arrependido de verdade? Mas depois de tanto sofrimento que ele fez minha vó, tia Lu, minha mãe e meu pai passarem será que ele merece uma segunda chance? Essas perguntas martelam na minha cabeça.

Eu sinto muito por ter separado minha filha de você, ela a amava e eu destruí isso. Eu sei que meu pedido de perdão não vai mudar o que eu fiz no passado e sei que você me perdoar não vai ser algo fácil e talvez não aconteça mas eu realmente sinto muito por tudo que fiz. - Ele diz e então sai andando.

Olho para o meu pai que tem seu rosto petrificado por uma expressão que eu não consigo decifrar.

É melhor darmos um tempo nos treinos por hoje. - Ele diz

Tudo bem pai? - Pergunto olhando para ele.

Tá tudo bem, filha. - Ele da um sorriso fraco e então acaricia meu rosto saindo andando em seguida.

Caminho até a casa de tia lu, e vejo que ela já está em casa.

Oi, como foi o treino? - Ela pergunta, eu me sento na cadeira da cozinha e então a encaro.

Francisco apareceu lá, pediu perdão para o meu pai. - Digo e então me olha com as sobrancelhas arqueadas.

Como ele tem coragem, eu vou...- Eu a interrompo

Tia, e se...sei lá e se ele realmente estiver arrependido? - pergunto e ela se senta ao meu lado.

Você é muito boa Ju, assim como a sua mãe. Mas precisa entender que nem todos podem ser salvos. - Ela diz.

SURF NA VEIAOnde histórias criam vida. Descubra agora