Investigação

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*_Obrigada por ter vindo Lele. Quando você me ligou imaginei que tivesse alguma novidade, não dava mesmo pra esperar até amanhã.*

Sentado no sofá, Cheng torcia as mãos de nervoso, desde que soube que o guarda costas tinha ligado a pessoa sempre tranquila e contida que era deu lugar a uma pessoa agitada e ansiosa.

Lele faz uma pequena reverência e a convite de Liu se senta olhando para os dois.

O alpha pega na mão de Cheng tentando tranquiliza-lo e desprende seu aroma levemente para acalmar o ômega.

*_Meu amigo detetive e eu demos uma prensa no tal sujeito da zeladoria.  Realmente ele estava no mesmo galpão que o Sr ZhuoCheng. O nome dele é Feng Mingjin.*

Cheng tentava a todo custo lembrar mas esse nome lhe era estranho.

*_Feng é conhecido como mão de ferro.* diz mostrando uma foto.

Sim, Cheng lembrava bem daquele rosto

Eram da mesma comunidade, tinham quase a mesma idade e eram escravos.

Mas Feng encontrou logo um meio de se dar bem, não que ele fosse muito inteligente era mais um bajulador.

*_ Lembro dele sim. Feng teve a oportunidade de cair nas graças de um dos capatazes. Não  demorou muito pra que a gente percebesse que ele levava e trazia informações, então ele passou a "ajudar" nas punições. O apelido de mão de ferro veio daí.*

As mãos de Cheng tremiam e fazia um esforço enorme para conter o próprio corpo.

Liu abraçou os ombros do menor, não se importando com a presença de outra pessoa.

*_ você não gostaria de descansar um...*

*_não!...eu quero ouvir*

Depois do resgate deles daquela situação ambos foram levados pela ONG para uma casa de abrigo. Todos os adolescentes, assim como Cheng e Feng tiveram as mesmas oportunidades de estudar e se desenvolver, mas Feng não conseguia ter o mesmo ritmo dos demais, detestava acordar cedo e por isso acabou em uma condição profissional abaixo dos outros. Apesar da profissão digna nem essa ele fazia com competência.

Lele olha para os dois a sua frente e parece exitar.

*_Bem, na nossa conversa ele disse que gostava do sr. Cheng na época que eram adolescentes, que eles até tinham algum tipo de relacionamento mas que o sr. Cheng tinha se tornado arrogante depois que "cresceu na vida"*

A boca de Cheng se abriu e os olhos se arregalaram. A indignação que ele sentiu fez seu coração quase saltar pela boca.

Como aquela criatura nojenta tinha coragem de dizer alguma coisa assim.

O alpha sentia todos os sentimentos que passavam pelo seu ômega: raiva,  desprezo  diante daquela mentira, repulsa pela injustiça.

*_Calma A-Cheng. A gente sabe que isso não é  verdade.*

*_ Sr ZhuoCheng, estamos acostumados a lidar com esse tipo de pessoa, o que normalmente acontece é que por inveja, despeito e outros sentimentos menores eles falam isso mesmo. O mais importante a saber é que as cartas foram colocadas por Feng mas sob a ordem de outra pessoa.*

*_e ele falou o nome?*

*_Wen Xu*

Wen Xu era um dos capatazes daquela ala. Ele fugiu na época, foi apanhado tempos depois e preso.

Mas as leis eram muito fracas na época, pouco punitivas para crimes dessa natureza.

Logo que saiu da cadeia ele sumiu.

*_ainda não conseguimos pistas do paradeiro dele e nem qual a motivação desses ataques. Claramente a invasão a casa do sr. ZhuoCheng foi realizada por ele ou gente dele.*

Liu encerra a conversa, agradecendo a Lele e pedindo que os mantivesse informados.

Cheng se manteve sentado. Mãos fechadas tão fortemente que os dedos estavam esbranquiçados, ele toda parecia mais pálido do que o normal.

Liu olhou e pegou o menor no colo, as pernas do ômega abraçando a cintura do alpha, o rosto escondido na curva do pescoço e apesar dos braços terem se enrolado em Liu as mãos permaneceram contraídas.

Já no quarto Liu sentou-se na cama, abraçando forte o menor.

As lágrimas começaram a descer silenciosas, molhando a camisa o alpha que sentia mais e mais o coração se apertar.

*_meu amor...?*

Essas simples palavras tiveram um efeito de comportas sendo abertas, a partir dali não era possível mais segurar.

Cheng se agarrava a Liu como se ele fosse a única coisa segura em um mar de dor. Todo sofrimento de uma vida inteira foi derramado por quase uma hora.

Cheng praticamente desmaiou de exaustão e quando Liu tentou coloca-lo na cama, mesmo dormindo ele se agarrou a Liu, que apenas manteve o menor nos braços deitando com ele.

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Quando Cheng acordou já era noite, o quarto só era iluminado pelo luar que invadia o ambiente conforme o balançar das cortinas.

*_Esta se sentindo melhor*

*_sim...A-Kuan, eu nunca tive nada com o Feng. Ele até tentou se aproximar naquela época mas eu o repreendi e...ele ficou com muita raiva...sempre me colocava em situações-problema para poder me castigar* sem perceber Cheng passa a ponta dos dedos em uma das cicatrizes do ombro *_ mas eu jamais aceitei qualquer aproximação.*

*_Sei disso, nem precisava falar. Você está seguro agora...e sempre vou fazer o meu melhor pra te manter assim.

Um tempo pra crescerOnde histórias criam vida. Descubra agora