compras ou palavras sábias

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*_VOCÊ É EXAGERADO....pra que tudo isso Liu? 6 camisetas basicas, tudo bem...mas blusas para atividades físicas?...para que? eu nem academia faço...camisas casuais, tudo bem, pra trabalhar eu preciso, mas uma com xadrez grande, uma com xadrez pequeno uma camisa de algodão,   uma camisa jeans? Sem falar nas sociais,  nas pólos daquela marca caríssima, cardigas, blusas de lã, casacos,  jaquetas, blazers, três ternos...três??? um de cada cor,  2 bermudas, 2 bermudas para água...eu vou usar isso aonde? não sou socio de nenhum clube, nunca fui a praia na minha vida... calça para atividade física, calça de sarja, 4 jeans, sapatos, tenis pra coisas que eu nem sabia que existia, Sem falar nas dezenas de cuecas, meias, lenços, cachecóis, gravatas, cintos, relogio...o que você gastou hoje daria pra me sustentar por 10 anos. Você enlouqueceu? Só pode*

Depois desse rompante Cheng ficou calado olhando pela janela do carro, braços cruzados. Liu não abria a boca, sentiu que se falasse naquele momento a coisa ia ficar pior.

Quando o carro foi estacionado na garagem Liu sentiu que devia falar sobre o que estava perturbando o menor.

*_Escuta...sei que eu exagerei um pouco, mas eu quero que você saiba que não tive nenhuma má intenção. Fiz porque eu podia, fiz porque você é muito importante pra mim...porque eu quero cuidar de você, porque eu quero ser o seu apoio, ser a pessoa que voce sabe que sempre pode contar...em tudo. Então eu gostaria realmente que voce recebesse tudo como se fosse um presente de um amigo.*

* Eu amo você, Cheng, e tem momentos que eu acho que voce gosta de mim, outros que você só tolera minhas investidade...mas independente do que voce decida sobre nós dois...eu sempre vou estar do seu lado. Só me deixa estar do seu lado...sendo seja lá o que for que voce queira que eu seja.*

Ninguem disse mais nada. Caixas, sacolas e pacotes  levadas ao quarto de hospedes. Liu arrumou uma desculpa e se trancou no escritorio,  Nai nai  e Cheng aguardaram  tudo e quando terminaram o mesmo sentou na cama com um suspiro.

Nai nai sentou ao lado do  omega, pegando em sua mão.

*_menino, voce me fez lembrar de alguns provérbios da minha infância. O primeiro diz o seguinte: O passado é história; o futuro, um mistério; e o presente, uma dádiva. O que você passou é muito triste e doloroso, o futuro temos que aguardar para ver o seu desfecho e o seu presente, apesar de alguns problemas, está te dando uma dadiva maravilhosa, o amor...não o perca. O segundo provérbio: Lembre-se de que grandes realizações e grandes amores envolvem grandes riscos. Entendo seu medo, mas pra ser feliz é preciso tentar sem medo, ainda que nao conheçamos o final vale a pena o risco. Pense nisso.*

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Ja estava parado na porta fazia 5 minutos, Cheng ia, voltava, pensava em bater...mas faltava coragem.

O almoço ia ser servido e nai nai havia pedido que Cheng fosse chama-lo. Sabia que a velha senhora estava o empurrando para se acertar com o "seu menino".

Respirando fundo ele bate duas vezes e ouve a voz de Liu:
*_pode entrar...wow...Cheng, ta... tudo bem?*

Liu fecha o notebook dando atenção ao menor, pareceu ao omega que ele estava cauteloso nos gestos e nas palavras.

*_sim, nai nai pediu pra avisar que o almoço está pronto.*

*_claro, vamos* _ diz ja levantando.

*_eu gostaria de conversar com você, antes...se tiver tudo bem pra voce...*

Com um aceno de cabeça Liu volta a sentar depois de indicar a poltrona ao mais novo.

*_primeiro...me desculpe pelo...surto. Não estou acostumado a que me comprem coisas, muito menos coisas tão caras. Segundo...voce disse que não sabe como eu me sinto em relação a você...e isso é uma falha minha, afinal, você não deveria ter duvidas de como eu me sinto.*_ diz mordendo o canto inferior da boca, ferindo o lábio. Cheng estende a mão e rapidamente Liu a segura com as duas mãos. *_eu sempre tive muita vergonha das minhas mãos*_ diz revirando a mão entre as de Liu. *_e sempre evitei tocar as pessoas com elas...são ásperas, tem cicatrizes e cortes que...enfim, elas não são as unicas partes do meu corpo com marcas...você entende o que eu quero dizer?*

Cheng derepente fixou seus olhos em um ponto   e pareceu reviver as situações que o levaram a ser quem era; imediatamente a expressão em seu rosto mudou e nada passou despercebido ao alfa.

*_quando o trabalho não estava a contento ou tentávamos fugir daquele inferno a punição era muito maior.*

Tremendo ele levanta abrindo os botões da camisa com dificuldade, dali ja se podia ver marcas no peito, na barriga...e quando finalmente retirou a peça de roupa, deixou ela escorregar ate suas mãos, mostrando as costas também marcadas.

A pele alva apresentava lesões ja cicatrizadas com certeza feitas por algum tipo de açoite, algumas delas subiam pelos ombros e desciam pela frente. Liu o vestiu novamente e o abraçou forte, com um misto de varios sentimentos, aquilo doía como se fosse nele, e ele não conseguiu colocar em palavras o que sentia.

Um trêmulo Cheng murmurou:

*_eu sei o que sinto por você...não tenho nenhuma duvida dos meus sentimentos. Mas eu preciso perguntar...você consegue me amar por inteiro? Marcado...e em alguns aspectos quebrado?...*

Liu senta puxando o menor para seu colo, e acariciando seu rosto.

*_eu amo voce. Amo tudo em você. Amo o que voce tem de melhor.. esses olhos lindos, essa boca...tudo... tenho orgulho de dizer que amo uma pessoa tão forte quanto você. Pouca gente passaria por tudo isso e conseguiria se manter em pé. E eu amo o seu lado pior tambem...como quando voce grita comigo*_ diz sorrindo dando um selinho no omega. *_E você? Pode amar esse maluco aqui?*

*_Eu amo você, mais do que eu admito pra eu mesmo.*

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*_Sinta-se privilegiado, Nai nai não cozinha pra todo mundo não, são raras as pessoas que tem essa honra* _ Brinca Liu.

*_tudo está maravilhoso, acho que nunca comi tão bem na minha vida. Precisa me dar a receita da barba de dragão, uma delicia, derrete na boca*

Cheng gemia a cada bocado do doce, o alpha achava muito fofo enquanto nai nai só observava a interação dos dois com um sorriso no rosto.

*_vou te ensinar, é muito facil e vai poucos ingredientes. É o doce preferido do meu menino*

Cheng estava encantada com o relacionamento do Liu e de nai nai, havia muito amor no olhar de ambos, eles eram "familia" no mais verdadeiro sentido da palavra, e o ômega desejou dentro do seu coração fazer parte daquilo.

*_Meninos, já são duas horas da tarde, vão ao cinema, descansem, enfim encontrem algo bom pra fazer. Vão...vão* diz ja enxotando carinhosamente os dois da cozinha.

Pegando na mão de Cheng o maior o leva para a sala e se senta trazendo o mesmo para perto de si, suspira fundo sorrindo largamente.

*_tá muito feliz você...*

*_o que mais eu posso pedir na vida...você está aqui...tenho todo o motivo do mundo para ser feliz.*

Sorrindo Cheng se aproxima do ouvido do maior e canta baixinho:

_Pra você eu me desmonto, eu quero que minha voz cante no teu ouvido. Você me lembra que não há nenhum perigo no quarto escuro pra dormir, e agora eu durmo bem. Do amor já disse tanto meu coração já passeou em tanta casa agora eu vejo que eu nem sabia nada, amar é mais do que dizer do amor.E a gente se escolhe todo dia e eu te escolheria mais milhões de vidas porque uma só é pouco com você, amor.  Eu quero tudo o que eu puder viver, amor_

Quando terminou uma lagrima escorreu pelo rosto de Cheng mas em seus lábios havia um sorriso.

*_isso foi tão lindo meu amor, mas porque voce está chorando?* _ diz passando o polegar pelo rosto do menor.

*_nunca estive tão feliz como agora. Amo você.*

Cheng se joga no maior escondendo seu rosto  na curva do pescoço do alpha, aspirando fundo aquele cheiro que amava tanto.

Um tempo pra crescerOnde histórias criam vida. Descubra agora