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Com muita insistência Tio George permitiu que eu fosse mais uma vez para a mansão onde tudo aconteceu. Enquanto íamos para o local meu Tio dava ordens pelo celular para alguém, não prestei atenção nisso, estou ocupada demais controlando minha ansiedade.

Já fui informada que amanhã partirei para Nova Iorque, todas as minhas coisas estão no apartamento em que acordei, estranhei a rapidez que as coisas estão acontecendo mas resolvi não questionar, não tenho ânimo, estou cansada demais para isso.

Mal dormir a noite, quando consigo fechar os olhos eu vejo Ela e levanto assustada, choro a noite toda até não conseguir mais, sinto que estou morrendo a cada segundo.

— Chegamos. — avisou meu tio. Acordo de meu transe e vejo a mansão. — Quer que eu vá com você?

— Não, quero ir sozinha. — nego, abrindo a porta do carro e fechando logo em seguida.

Não esperei nada ser dito só caminhei para dentro da propriedade, tudo estava muito bagunçado como se um furacão tivesse passado e devastado tudo, é assim que meu coração está, devastado e sem sinal de sobrevivência.

Caminhando por essa área quase consigo ouvir os gritos, vejo flashes de pessoas correndo para salvar suas vidas, vejo pessoas gritando, caindo, morrendo....

Não entro na mansão sigo pelo caminho para o jardim, quase me vejo correndo para tentar encontrar Ela, me vejo ignorando todos os guardas que queriam me proteger, vejo uma garota muito apaixonada caída de joelhos vendo sua namorada morrer e não poder fazer nada para evitar isso.

A trilhas de muitas flores todas muito organizadas elas rodeam um centro onde Ela estava, o local ainda estava em manutenção colocariam grades por causa da ladeira, fariam isso depois da festa que estava arrecadando doações aos órfãos, até eles perderam algo. Um pouco longe daquele centro e das flores a direita tem uma escada que desce a ladeira, é para lá que eu estou indo.

Lembro de descer aqui com Ela e suas irmãs, no tempo que nossas imaginações eram tão férteis, nós chamávamos de "floresta de sombria" e por inventar muitas coisas acabamos ficando com medo e paramos de descer aqui.

Ao chegar ao fim da escada solto um suspiro cansado, pensei que esses degraus nunca teria um fim.

Caminhei para o lado esquerdo onde fica o centro de onde Ela caiu. Vou contando cada passo, olhando para cima vendo a ponta, paro, foi dali que ela caiu, deduzo que seu corpo fragil desceu rolando a ladeira até parar aqui.

Vejo que minha intuição está certa ao vê o sangue, o sangue da minha companheira, minha noiva, minha Sabrina.

Um soluço escapa e caiu de joelhos bem ali chorando compulsivamente.

Eu poderia ter impedido ou pelo menos ter partido com ela, agora estou aqui sozinha e vendo meu mundo desmoronar.

O sangue da Sabrina está marcado nas folhas, já seco.

— Me desculpa, me desculpa por não ter chegado antes, por não ter evitado isso. — digo, minhas palavras se vai com o vento.

Fecho os meus olhos para tentar parar minhas lágrimas, mas estou tão machucada, está doendo tanto que na verdade não quero que pare.

Abrindo meus olhos novamente algo me chama atenção entres as folhas secas, um brilho. Levo minha mão para vê o que é, afasto as pequenas folhas e pego o pequeno objeto um colar.

Era o colar preferido da Sabrina, uma lua com duas estrelas na ponta dela, Sabrina amava a lua, estrelas o sol tudo com o universo. Então em um passeio no vilarejo eu vi esse colar em uma barraquinha, lembrei imediatamente da loira e comprei.

Soulmates - Sillie And SaliviaOnde histórias criam vida. Descubra agora