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Eu tentei, tentei de tudo para não lembrar desse dia, esses meses todos me preparei - ou achei que estava me preparando -, tentei encher minha cabeça de tudo que seja coisas, desde atividades até hobbies novos, mas minha mente ficou tão cheia que acabou desencadeando o ataque de pânico.

A primeira vez foi mês passado eu estava estudando para prova de direito penal e fazendo as atividades de direito empresarial, ainda faltava fazer a atividade avaliativa de direito administrativo e terminar um livro. Mas minha cabeça mesmo com tanta coisa para fazer se desviava e então lembrava de algo que com certeza me quebraria e me afastaria das atividades.

Mas lutei e lutei para continuar focada e então minha mão começou a tremer, senti calafrios, fiquei com dificuldade para respirar, tudo ficou mais pesado e senti uma dor tão grande que pensei que morreria. Ao tentar me levantar, tive uma tontura e caí no chão de joelhos, minha respiração foi sumindo e o desespero tomou conta de mim. Eu iria morrer.

Me arrastei até a parede e sentei me encostando na parede onde chorei, levei minha mão até o meu peito como se aquilo fosse adiantar muita coisa, mas não adiantou, aos poucos minha garganta foi fechando e eu sabia que não passaria dali, era finalmente meu fim. Não sabia o que causou aquilo, só pensei que seja lá o que me mataria foi repentino demais.

A porta se abriu e vi Ava entrar com uma caixa em suas mãos, seus olhos foram para mim e ela congelou, mas para a minha surpresa ela entendeu, soltou a caixa no chão deu meia volta e foi embora.

Tentei puxar ar para meus pulmões mas a cada minuto fica mais difícil. Meus soluços ficam mais altos e eu só penso que aquilo acabe e me leve de vez.

De longe posso ouvir os passos fortes e rápidos de alguma pessoa, ela abre minha porta abruptamente e busca por mim. Kelly arregala os olhos quando vê meu estado, a Brown se aproxima e então se abaixa para ficar perto de mim.

- Ei tá tudo bem, eu estou aqui, vai ficar tudo bem. - assegurou tocando meu joelho. Logo atrás dela em pé na porta está Ava e Millie. Kelly segue meu olhar. - Ava vá para o seu quarto brincar, está tudo certo. - mentiu para a menina, mas a garota é obediente demais para questionar, então pega a caixa e sai do meu quarto rapidamente. - Millie vá pegar água com açúcar para Sadie rápido. - mandou. Millie assentiu e correu para pegar a água.

Kelly fez um jogo para eu voltar a respirar normalmente enquanto esperávamos a água e depois que ela chegou, a Brown me fez bebe-la. Eu finalmente me acalmei depois de muita tortura, Kelly me explicou o que passei e me fez ir descansar, Millie ficou comigo e de algum jeito me fez contar muitas coisas para ela, culpa da minha vulnerabilidade. Naquela noite Millie ficou mexendo em minha cabeça, um negócio chamado cafuné e dormiu ao meu lado.

Agora sou cuidadosa para não acontecer de novo, mas agora, aqui, sabendo da data de hoje, a dor que meu coração está tentando ignorar que nem nos outros dias, posso até comparar com aquilo. Pude esquecer desse dia por muito tempo, mas é claro que ele chegaria para me atormentar.

E eu sabia como acabar com isso, mas tentei esquecer porque sei que me fará mal, entretanto não tem como eu ficar pior do que já estou, certo? Certo.

Vi muitas vezes quando eu era pequena depois que meus pais morreram, meu tio costumava beber muito até ficar maluquinho, ou seja bêbado fora de si, antes não entendia mas agora eu entendo, era o jeito dele lidar com o luto. Eu só bebi uma vez mas não cheguei a ficar bêbada então será a primeira vez, não quero pensar em nada, não quero pensar nela...

E para minha sorte Kelly e Robert saíram e só voltam amanhã a tarde, então tudo dará certo, assim eu espero. Eu notei faz um tempo que lá embaixo na sala de um armário cheio de bebidas alcoólicas, acho que não fará falta se eu pegar uma garrafa, qualquer coisa compro outra o que não me falta é dinheiro.

Soulmates - Sillie And SaliviaOnde histórias criam vida. Descubra agora