Capítulo 3

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Lara Selari

     Nunca tinha visto o nascer do sol, sempre que me levantava ele já estava lá aquecendo o mundo, no entanto, não consegui nem por um minuto fechar os meus olhos. Ver as tonalidades de azul e vermelho clareando o céu e o mar, onde antes era apenas escuridão, aos poucos a bola de fogo vai tomando forma e começa a surgir no horizonte onde apenas vejo água e mais água.

     Olho para o homem deitado a minha frente, o que quer que seja que ele tomou ou deram a ele foi para pôr fim em sua vida, se eu não estivesse ali com certeza ele seria comida de peixe, quem queria matar um homem tão bonito? E porquê?

     Com dificuldade me levanto e sinto os meus músculos reclamarem por estar na mesma posição por muito tempo, vou até ele que permanece imóvel, ainda de olhos fechados, sua respiração agora estar mais forte, tento acorda-lo, mas ele se quer se mexe.

     Volto para o lugar onde estava, puxo a bolsa que Mia preparou para mim e pego o saco com as guloseimas, balinhas, chicletes e pirulitos, pego um e coloco na boca, guardo o saco dentro da bolsa e dou uma vasculhada no que tem ali dentro, a bolsa ficou bem vazia depois que tirei o bote de lá de dentro, olho ao redor e vejo as coisas que tirei do iate antes dele afundar, coloco o que dá dentro da bolsa para organizar o pequeno ambiente.

     Olho o celular que continua sem sinal, Mia e Max só vão sentir a minha falta quando cair a noite, espero que até lá a guarda costeira já esteja procurando por nós, afinal o moreno bonitão deve ser alguém importante e, a família dele de alguma forma vai querer saber o que aconteceu. Me agarrando nisso, coloco o celular de volta em meu bolso e fico ali olhando o horizonte enquanto o sol reina absoluto.

     Por todos os lugares que olho a única coisa que vejo é água, nada de terra, barco, nem mesmo um pássaro no céu que indica que não estamos sozinhos naquela imensidão azul. Não tiro os olhos da água e nem mesmo um peixe eu consigo ver, cantarolo uma música que ouvi a muito tempo no brasil, onde Guilherme Arantes canta planeta água.

     De repente ouço um gemido, paro de cantar e me viro para ver o homem deitado a minha frente se mexer, ele passa a mão na cabeça e faz uma careta de dor. Vou até ele e o ajudo a se sentar.

     Ele me olha, olha ao seu redor, vendo a nossa pequena embarcação e para todo o mar que nos cerca e volta a me olhar.

     — Me diz que você tem água. — Sua voz sai rouca e grossa.

     Dou um meio sorriso pra ele, abro a bolsa onde as guardei e pego uma garrafa.

     — Eu peguei algumas na cozinha antes do iate afundar. — Entrego a água pra ele onde ele a toma em apenas um gole.

     — Como assim o iate afundou — pergunta logo depois de beber, jogando a garrafa em um canto.

     — Simples assim, ele afundou. — Ele me encara sem entender o que realmente aconteceu. — Não sei como, só que afundou.

     Resumo o que aconteceu desde quando fui para a cabine por estar passando mal até o momento em que eu o encontrei.

     — Então eu devo a minha vida a você, senhorita...

     — Lara. Lara Selari.

     — Prazer eu sou Vincent Castelli — pega na minha mão — pode me explicar esse bote?

     Abro um sorriso, pensei que o bonitão fosse um cara fechado como na primeira noite em que o encontrei na escuridão, no entanto, quer conversar. Conto como o bote foi parar no barco e que graças a teimosia de Mia estamos vivos, conto também, que além de eu ter pego algumas coisas no iate, ela também havia preparado um kit sobrevivência graças aos filmes que já assistiu.

Salvando o MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora