Capítulo 4

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Lara Selari

     Mais uma noite no escuro, mais uma noite com ele aqui do meu lado, apenas nós dois em meio ao um oceano e um céu sem estrelas, desde o primeiro dia em que estive no mar, hoje é o primeiro dia sem estrelas e isso já tem quase uma semana pela as minhas contas.

     Observando bem, o mar também estar mais agitado, o vento estar mais forte, não dar para ver nada, apenas sentir o balanço das ondas de encontro ao nosso bote.

     — Vincent, está acordado? — Pergunto, vejo apenas o formato do seu corpo.

     — Sim. — Apesar da sua voz rouca, ela não denuncia que estivesse dormindo.

     — Percebe como esta noite estar diferente?

     — Diferente como?

     — Não há estrelas no céu, nem tão pouco o mar estar tranquilo como esteve todos estes dias em que embarcamos — ele se mexe — e estar bem mais frio que o normal.

     — Eu havia notado a mudança do tempo, estar ventando mais forte do que a leve brisa dos últimos dias.

     — Você acha que...

     — O quê?

     — Não sei, talvez que vá chover?!

     — De verdade? Espero que não. Mas precisamos estar preparados para isso, caso aconteça.

     — Como?

     — Não sei, me deixa pensar um pouco.

     Concordo com a cabeça, mesmo que ele não possa me ver.

     — O seu celular Lara, cadê?

     — Aqui. — Passo para ele já desbloqueado nos dando um pouco de claridade. — O que pretende? Não tem muita bateria.

     — Preciso apenas da lanterna — me olha — vamos colocar tudo o que temos dentro da bolsa e prende-la ao bote, posso estar enganado, mas tudo indica que vai chover e chuva em alto mar nem sempre pode ser tranquila.

     — Como você sabe?

     — Eu velejo, no pouco tempo que me sobra, e acredite, já enfrentei temporais que achei que não sairia vivo dele.

     — Mas saiu, você estar aqui agora. — Minha voz soa ao mesmo tempo com medo e com esperança por tê-lo ali comigo e não estar completamente sozinha.

     — Por isso você vai me obedecer em tudo o que eu disser, se for realmente uma tempestade nós teremos ondas enormes, com mais de três metros de altura, isso colocando por baixo — concordo com a cabeça e engulo em seco, enquanto ele tira o seu cinto e ele me olha — vamos Lara, preciso que você me ajude com isso — aponta para o bote.

     Saio do transe em que me encontro e vou catando tudo o que acho pelo o caminho, dobro as tolhas como se fosse em rolinhos e coloco dentro da bolsa, pego um colete e coloco em mim, é pensar que pequei os dois achando que poderia colocar um em cima do outro para ter certeza que não afundaria, o mais justo naquele momento era dar um a ele e é o que faço.

     Vincent coloca o colete e guarda os sapatos na bolsa e me aconselha a fazer o mesmo com os tênis e eu o obedeço. Ele pega umas das toalhas e a rasga em seu comprimento, o olho de boca aberta, nós só tínhamos três e agora duas se ele rasgar todas não teremos com o que nos esconder do sol e nem do frio, pega as tiras e amarram uma na outra, vem aonde estou e passa pela a minha cintura dando um nó na ponta e amarra em uma das alças do bote, passa o cinto nas alças da bolsa prendendo-as também.

Salvando o MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora