Prólogo

6.6K 344 16
                                    


Salvando um mafioso

BRASIL DOIS ANOS ATRÁS.

Lara Selari

     — Estou cansada de ficar me esquivando toda vez que eu tenho que sair ou chegar em casa, isso parece um completo absurdo ter que me esconder ou rezar pedindo pra não ser vista por nenhum desses imbecis.

     — Super te entendo, mas o cara é fissurado em você, e a cada dia fica mais difícil dar o perdido nele, eu não vejo outra saída a não ser você se mudar e de preferência de cidade ou de país.

     — E isso é justo? Eu nunca tive nada com ele ou com qualquer outro desse maldito lugar, a única coisa que eu quero é sumir desse inferno o quanto antes, — suspiro — mas para isso eu preciso de dinheiro e pra eu ter dinheiro eu preciso trabalhar o que me leva a ter um lugar pra morar, e o único lugar mais em conta é esta pocilga aqui.

     — Eu sei, vamos fazer isso juntos! — meu amigo e irmão Max se levanta e me abraça — nunca, em hipótese alguma eu vou deixar você sozinha nesse mundo.

     — Promete?

     — Essa promessa eu fiz alguns anos atrás, você por nada nesse mundo vai ficar sozinha, sempre estarei lá pra você, não importa o motivo ou a circunstância, você sempre será a minha prioridade, eu só tenho você e você só tem a mim e nada e nem ninguém vai nos separar — e dentro do seu abraço eu me senti protegida, desde o dia em que fui morar na sua casa logo depois da morte da minha mãe.

     Max é apenas três anos mais velho do que eu, somos amigos de infância, eu filha única, ele filho único, a diferença é que ele tinha pai e eu sequer conheci o meu, mas seu Joaquim pai de Max era como um pai para mim e sua mãe D. Glória era como a minha segunda mãe.

     Depois da morte da minha mãe por um problema no coração, algo que ela escondeu a vida inteira, eu fui morar com a família de Max, eu tinha apenas dezesseis anos na época, ou era morar com eles, ou ir para uma casa de acolhimento, já que por lei eu era menor de idade e não podia ficar sozinha.

     Logo depois que eu completei dezoito anos, fiquei órfã novamente, os pais de Max morreram em um acidente de carro, foram fazer uma excursão a Aparecida do Norte, por serem devotos da santa e nunca mais voltaram. E ficou apenas eu e Max.

     A cidade pequena e do interior ficou sufocante, por todos os lados que olhávamos sentíamos os olhares em cima de nós; pena, era o que víamos a cada um que nos conhecia.

     Max vendeu a casa dos pais e nos mudamos para a cidade grande, onde foi a nossa ruina, o dinheiro da casa não deu para comprar um lugar pra gente, o lugar mais em conta para se viver ou era nos morros cariocas ou próximos a eles.

     Nos sustentamos por um tempo com o dinheiro da casa, até conseguirmos um trabalho, entrar na faculdade foi difícil, mas com o programa do governo conseguimos, o que sobrou da casa, Max guardou como uma poupança de emergência para nós dois, consegui conciliar a faculdade com um estágio, que ajudava nas despesas, o lugar onde moramos não seria tão ruim se não tivesse o narcotráfico envolvido, o medo de morrer por uma bala perdida era constante.

     Pra completar, o chefe do morro cismou comigo e mesmo morando na entrada do morro eu morria de medo dele algum dia realmente levar a frente os seus avanços.

     — Lara, presta atenção no que eu vou falar. — Me virei para ele prendendo toda a minha atenção enquanto ele segurava os meus braços. — A partir de hoje, deixe sempre as malas prontas, vamos esperar a melhor oportunidade para sairmos daqui, sem que o Vitão saiba, quando ele perceber nós estaremos longe.

Salvando o MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora