Capítulo 6

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Vincent Castelli

     Inferno! Inferno! Mil vezes inferno!!

     Saio em direção à praia, completamente nu.

     Sabia que ela era inocente, seus olhos e atos mostravam isso, mas por ironia do destino achei que poderia ser por timidez, por pouca experiência, tanto sexual quanto na vida, já que é tão nova.

     Virgem! Até mesmo dentro da famiglia estar difícil de encontrar uma virgem, mesmo elas sabendo que não tem outro caminho, apenas o casamento.

     Aí vem essa garota, linda, inocente, cheia de força e coragem, que me encantou desde o primeiro momento em que a vi. É claro que ela não poderia ser igual a qualquer outra, ela tinha que ser virgem.

     Ando até o fim da praia, tentando colocar os meus sentimentos em ordem, buscar a razão.

     Mas que razão? Não existe nenhuma.

     Um dia isso iria acontecer, ela não se entregou a ninguém, querendo ou não eu fui o seu escolhido, ela não teve ninguém em toda a sua vida, e agora estamos aqui, é claro que isso uma hora ia acontecer.

     Eu a desejo.

     Ela me deseja, deixou isso bem claro.

     E o que eu fiz? Fui um idiota, deixando-a sozinha, provavelmente chorando, triste, se sentindo rejeitada.

     Ponho a mão na cabeça, o arrependimento me bate, dou meia volta e sigo em direção da caverna. O tempo começa a esfriar, tudo indica que vai chover novamente, a lua já não brilha mais e nem tão pouco tem mais estrelas no céu.

     Respiro três vezes antes de entrar na caverna, ouço apenas os seus soluços e isso me dói por dentro.

     Nunca fui um homem sensível, tão pouco ligo para os sentimentos daqueles que não são meus parentes. Mas essa garota conseguiu extrair coisas dentro de mim que nem eu mesmo sei o que é.

     Entro na caverna, o fogo já não estar tão forte, coloco mais alguns gravetos nele, olho para o corpo inerte no fundo, apenas os soluços demonstram que ela ainda estar acordada.

     Vou até ela e a abraço por trás, sinto seu pequeno corpo retesar, tenho vontade de me dar um soco por tê-la magoado tanto.

     — Me perdoa, sereia — nunca pedi perdão a ninguém, mas sinto uma necessidade imensa de fazê-lo — eu fui um idiota, não soube lidar com a situação.

     Ela nada responde, apenas funga. Acaricio seu braço.

     — De onde eu venho, dentro da famiglia, toda moça virgem só pode se entregar para o seu marido no dia do seu casamento. — Ela suspira forte, como explicar a ela que isso é uma pratica comum dentro da máfia? — como o chefe da famiglia... é difícil explicar isso a você, sereia, tradições são tradições, na hora eu a vi como uma filha da famiglia.

     Seu silencio me dói, ela que é falante, que cantou horas a fio dentro daquele bote, agora isso, silencio.

     — Fala comigo sereia, grita comigo, me bata, me xinga, eu sei que mereço, no entanto, não me ignore.

     — Como você acha que eu me senti? Como eu estou me sentindo? Nunca na minha vida eu pensei que seria desse jeito.

     — Eu sei que não. Olha para mim Lara — espero, dando o tempo que ela precisa até se virar para mim, ela continua nua, apenas com a fina canga cobrindo seu corpo delicado — Tão pouco era minha intenção, apenas não estava preparado. — Seus lindos olhos verdes, agora inchados e vermelhos de chorar me encaram.

Salvando o MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora