Motivos

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Aiden

Abro a geladeira enquanto escuto o noticiário que meu pai assiste, tenho que estar pronto para as umas da faculdade só em duas horas, então não preciso de pressa.

Minha mãe entra na cozinha e coloco o cereal dentro da tigela, olho de lado para ela e vejo um hematoma roxo em seu braço. Meu pai prometeu que iria parar de bater nela...

Coloco a tigela no balcão da cozinha e tento me controlar, parece que tem fumaça saindo da minha orelha de tão quente que a minha cabeça está.

Apoio as mãos no balcão e ouço a campainha, acho melhor atender antes que eu faça alguma burrada que dê em meu pai morto e eu na cadeia.

Abro a porta da frente e vejo uma Claire desanimada, ela sempre estava sorrindo e agora está com um olhar perdido e frio, não sei o que aconteceu e não quero querer saber.

-Achei melhor vir deixar seu terno.- explica lentamente mostrando o saco preto.

-Ok.- aperto a porta.- O que você tem?

-Nada.- ela tenta sorrir.

Até seis cabelos parecem ter perdido um pouco do brilho loiro que têm, franzo as sobrancelhas quando vejo que os nós da sua mão estão roxos e machucados.

-Vai pegar ou não?- ela levanta as sobrancelhas.

-Quer entrar?- pergunto.- Não é seu palácio, mas...

-Tem certeza?- ela olha por cima do meu ombro.- Não quero incomodar mais do que já estou.

-Entra logo, loira.- abro espaço.

-Srta.Thompson!- meu pai levanta.- Que surpresa!

-Oi.- ela assume um sorriso ensaiado.- Só com deixar o terno de Aiden.

-O terno?- meu pai me encara com um sorriso vencedor.- Vão sair?

-Um evento do meu pai.- ela explica inocente.

-Que lindo o seu casaco, querida.- minha mãe sai da cozinha.

-Ah, obrigada, eu tive que gastar muito....

-Ok, vamos lá.- seguro o braço de Claire e ela me acompanha.

Abro a porta do meu quarto e entro com ela, sorte que arrumei quando acordei e não tinha roupa minha jogada por tudo quanto é canto. Claire não parecia ser o tipo de menina que entrava em quartos de caras do meu tipo.

Ela vai até meu armário e abre a porta para arrumar o terno, passo a mão pelos cabelos e encosto meu corpo na porta impedindo a única saída dela.

-Então...- cruzo meus braços.- O que aconteceu?

-Como assim?- ela se certifica de que está tudo certo e fecha a porta do armário.

-Sua mão.- aponto despreocupado.

-Ah.- ela percebe e coloca dentro dos bolsos do casaco.- Nada demais.

-Eu reconheço ferimentos de soco, barbie.- falo e ela bufa.- Quem você socou?

-Ninguém.- Claire fala mais baixo.

O Outro LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora