O Outro Lado

** Epílogo **

Aiden

Olho para aquele caixão e aperto a cintura de Claire, ela está na minha frente com o corpo encostado no meu para se apoiar no momento.

Olho para o lado e a mãe dela parece estar segurando as lágrimas, ao lado dela o pai de Claire parece não ligar muito para o que aconteceu apesar de olhar para uma loira do outro lado.

Sei que ela é a amante dele e fico surpreso por estar aqui em algo de família, até Claire ficou surpresa quando a viu. Mas até agora não falou nada para mim e para ninguém.

Meus dedos tocam o tecido macio do vestido que ela colocou e sua mão toca a minha em busca de contato. Beijo sua cabeça e o padre termina.

O pai de Claire se aproxima e joga uma flor, logo depois é a mãe e Claire fica parada, os dois olham para ela e não consigo suportar que ela seja obrigada a isso.

Pego uma flor do jarro e jogo naquele caixão desejando que ele esteja sofrendo muito onde quer que esteja. Volto para atrás de Claire e abraço sua cintura enquanto vejo as outras pessoas jogando.

-Podemos sair qualquer hora.- sussurro.

-É, eu quero ir.- ela assente.

-Não.- a mãe dela segura seu braço antes de sairmos.- Você vai ficar para a recepção.

-Já vim aqui.- ela fala no mesmo tom.- Não preciso estar na recepção.

-Claire, se você não ficar aqui...

-O que vai fazer?- ela sorri.- Não preciso mais do dinheiro de vocês, consegui meu próprio emprego e não dependo mais de vocês.

-Acha que tem um emprego no orfanato?- a mãe dela sorri e eu sorrio lentamente por que seu o que ela vai falar.

-Consegui uma vaga na Gucci.- Claire sorri.- Então....tchau.

Ela me puxa e andamos pela estradinha de pedra, odeio estar no meio de tanta gente morta, nunca fui muito de visitar cemitérios e nunca mais quero vir.

Claire conseguiu esse emprego e também com o meu pagando tão bem...estamos muito bem sozinhos. Acho que isso é um tipo de recompensa por tudo que passamos.

Seguro a nuca de Claire e beijo sua cabeça enquanto abro a porta para ela, entramos no carro e dou a partida, tem vários carros aqui por causa do velório.

-Você não fez nada.- falo baixo.

-Eu fiz.- ela assente.- Só que não em voz alta.

-Então, o que houve?- levo minha mão até sua coxa e acaricio.

-Eu aproveitei muito bem.- ela sorri lentamente.- E deixei uma carta na casa da minha mãe ontem para ser entregue hoje.

-O que tinha na carta?- fico curioso.

-O endereço para ela ir e encontrar a amante do meu pai.- ela arruma uma mecha.- Depois disso, eu não vou ser aceita na família por muito tempo, mas...já tenho uma.

Sorrio quando ela beija minha bochecha e continuo dirigindo, vejo uma sorveteria na esquina e diminuo a velocidade. Claire estranha e olha para mim.