Capítulo 16

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Ela vem feito o cão pra cima de mim e eu seguro ela.

Talibã : Ta ficando maluca? - Ela tenta se soltar, mas eu seguro forte nas mãos dela.

Clara : Quer tirar meu filho de mim? - Eu ri.

Talibã : Nem de tu eu falo, vou querer tirar o pivete de tu pra quê? Se liga! - Soltei ela, jogando com força contra a parede.

Clara : O moleque que ta na contenção, disse pra mim. - Neguei.

Talibã : Vai cair nas mentirinhas não, pô. Tu já é mulher, não é mais aquela garotinha que saiu daqui não. Tu tem mente formada e teu filho já tem vinte anos. Ele não precisa ficar escolhendo com quem quer ficar. - Fui chegando perto dela. - Ele não é mais nenhuma criança. Já tem capacidade de se virar sozinho.

Clara : Será porque ele é assim? Você ensinou. - Olhei pra ela. - Tu não deixou eu cuidar dele, não deixou eu ficar com ele. Eu perdi tudo! - Bateu no meu peito com força.

Talibã : Eu fiz isso pra tu ter teu filho perto de ti. Tu só joga a culpa pra mim, mas não reconhece que se eu não tivesse tirado ele daqui, não tava mais vivo nenhum de nós dois, porra! - Gritei com ela.

Clara : Egoísta! - Chorou olhando nos meus olhos. - Eu não ia ligar se tu tivesse morrido aquela noite, eu só queria meu filho. Se tu não tivesse me empurrado pra um aeroporto, a gente teria fugido juntos. - Eu ri fraco.

Talibã : Já tô na neurose com esse teu papo. Tu só pensa em tu, não tá ligando pelo o que fiz. Ele tá lá na casa dele, pô. Vai lá, faz a cabeça dele contra mim. - Saí de perto dela, sentando na cadeira da salinha. - Eu não ligo dele ficar me visitando. O importante é ter meu filho, ver ele e perceber que ele tá bem. - Ela permaneceu no canto da sala.

Pude ver a Clara de vinte anos atrás. Não me comove o choro dela, não me deixo levar pelas paradas que ela faz. Já aconteceu bagulho pior comigo.

Clara : Talvez se tu tivesse dito que queria ficar comigo, a gente não tava assim. - Limpou as lágrimas.

Talibã : Eu não gosto de mentiras. - Menti.

Clara : Tu só liga pra isso! - Apontou pra salinha, se referindo a favela.

Talibã : Eu tenho quem eu quero, na hora que eu quero. - Me levantei indo até ela. - E tu..? Tá falando dos meus bagulhos aí..? Eu vi tu com o Cobra. Tava fazendo o quê? - Coloquei ela contra a parede, ficando na frente dela.

Clara : Tá com ciúmes, nego? - Riu.

Talibã : De tu? - Ri. - Tô mermo. Pode não? - Ela negou.

Clara : Você só pode ter ciúmes, daquilo que é seu. - Me empurrou, fazendo eu sair de perto dela e saiu da boca.

Filha da puta!

Talibã. | Part. 2 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora