Capítulo 39

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Sofia 🦋

1 semana depois...

Tô em repouso tem uns dias, e o meu pé tá bem melhor.

Já consigo andar e fazer as paradas que eu fazia antes, sempre tomando o cuidado necessário.

Meu pai quer fazer tudo pra mim, mané. Fica de neurose, falando que eu tenho que ficar sentada pra melhorar mais rápido. Maluco é engraçado.

Me levantei com cuidado, e fui até a porta abrindo a mesma. Precisava andar um pouco.

Aproveitei que meu pai não tá ficando tanto em casa, com uns bagulho da boca.

Meu irmão? Nem fica mais em casa.

Eu ligo? Que nada, acho maneiro. Fico com a casa só pra mim, sem ter ninguém pra me encher.

Desci, indo pra praça e vi o Guxta de marola com o Ls.

Meu irmão acena pra mim e o Guxta fica me olhando, com o cigarro na boca.

Ele faz toque com meu irmão e saí, vindo na minha direção.

Guxta : Sumida? - Ri.

Sofia : Cuidando do meu precioso, né? - Apontei pro pé.

Guxta : Melhorou? - Assenti. - Que bom, pô! Fico feliz por ti, sacas? - Assenti, e ele me encarou por breves 5 segundos.

Nos olhamos pelo mesmo tempo, até eu quebrar os olhares que trocamos. 

Sofia : E tu? Tá bem também? - Ele tirou os olhos de mim, e eu assenti, ficando sem assunto.

Guxta: Aí, quer ir até o alto comigo? Ta um solzinho maneiro. Mas claro, se tu conseguir andar e quiser também. - Eu assenti, com um sorriso no rosto.

Vi algumas pipas no alto, e presumi que estava tendo competição de pipas. Sempre rolava no morro, em vários momentos do ano. Talibã promoveu isso pros moleques da comunidade, com o intuito de fazer com que eles esqueçam o tráfico, parem de fumar e sejam apenas crianças, fazendo coisas de crianças.

Desenvolveu uma escolinha de futebol, o meu irmão treinava algumas. Também tem a escolinha do morro, parquinho e segurança. Ele decretou que nenhum vapor, integrante da facção, fogueteiro aviãozinho e etc; não fumaria na frente das crianças. Portar fuzil já é demais, porque é explícito a segurança.

Já que aqui no morro, nós não temos outra segurança, além dos vapores. O estado não fornece isso pra gente.

Era mais um hobby. Como outros projetos que ele também fez e tinha em mente. E fez tudo sozinho, sacou? Não esperei dinheiro de lugar nenhum, nem de governo. Mas claro, teve ajuda do meu pai e do Índio, os colaboradores dele.

Apesar de ser bruto e grosso daquele jeito, ele sabia bem como administrar a favela e fazer com que as crianças do morro não se envolvessem no crime, diferente de outras favelas.

Ele foi me contando os projetos do pai dele pra comunidade, enquanto me ajudava a caminhar.

Cheguei no alto, vendo aquela paisagem bonita e as pipas no alto.

Aí, mó parada maneira. Saudades!

Guxta : Terra chamando.. - Brincou e eu ri, olhando pra ele.

Sofia : Qual foi? - Ele me olhou.

Guxta : Nada, gatinha. Só te olhando, pode não? - Chegou perto de mim e eu encarei ele. Fiquei dividida entre os olhos e boca.

Sofia : Não pode. - Falei pertinho dele, e ele continuava me encarando. Foi chegando perto de mim, e eu não me afastei. Em fração de segundos, ele atacou meus lábios, segurando meu cabelo leve

Aquele gostinho de cigarro, mas não é uma parada ruim. Não sei, acho que ele tava comendo alguma parada doce. Um gosto de morango também invadiu. Um misto de sabores a boca do moleque. Porém, muito gostoso.

Trouxe ele pra mais perto de mim, e eu abracei o mesmo, que permaneceu com uma das mãos no chão, se apoiando.

Talibã. | Part. 2 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora