Capítulo 35

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Clara 🌷

Vim atrás do Talibã, mas escutei ele conversando e preferi esperar.

Sei lá, parecia voz de menina, e eu fiquei na porta, ouvindo tudo.

Escutei a menina vindo pra porta e sai, me escondendo no banheiro.

Ouvi a porta se fechar e sai do lugar onde tinha me escondido.

Respirei fundo, e abri a porta.. me deparando com ele no chão.

Clara : Ela é melhor que eu? - Ele me olhou, calmo e com os olhos vermelhos.

Talibã : Também falei que transei com ela, por que não tinha tu aqui. - Tirou os olhos de mim, voltando a atenção pro verde, sem me dá muita importância.

Clara : Talvez se tu não tivesse me expulsado, eu teria ficado. - Entrei e fechei a porta. - Tá transando com ela, tem quanto tempo? - Sentei no chão, do lado dele. - Nada que me interesse também.

Talibã : Ah, qual é? Foram só.. - Parou de falar e me olhou. - Quê que tu quer saber? A gente não tem nada. Tu pegou o Cobra e eu fiquei te enchendo de pergunta? Se fode! - Jogou o cigarro no chão.

Clara : Mas.. - Fiquei sem ter argumento. - Tu não dá uma dentro, cara. Toda vez que eu tento, tu me joga as patas. Acha que eu sou o quê? - Cruzei os braços e ele se levantou, me olhando.

Talibã : Qual foi? Algum problema com nossa cria? - Se virou, fazendo uma carreira de pó.

Clara : O que tu falou no baile é verdade? - Ele assentiu.

Talibã : Qual é? Pode não? Não pode ficar arrependido e mostrar o que sente? Ou eu sou monstro demais pra isso? - Perguntou, ainda de costas.

Clara : Não.. não é isso! Eu gostei do que tu disse. - Ri.

Talibã : Não goste. - Falou seco.

Eu não entendo esse cara.

Clara : Me dê motivos..

Talibã : Sei lá, talvez por eu ter tirado teu filho de tu, talvez seja por eu tá dormindo com outra. - Meu coração apertou.

Clara : Isso não tem nada haver. - Ele assentiu.

Talibã : Sinto tua falta. - Continuou cheirando.

Clara : Talibã, eu vou voltar pra Bolívia. - Ele parou de cheirar, ficando ereto.

Ele se virou, limpando o nari, com um copo de whisky na mão e um cigarro na outra, sentando do meu lado.

Talibã : Vai me deixar de novo? - Me olhou, com aqueles olhos pequenos e vermelhos, deixando o copo no chão.

Clara : Eu não vou te deixar. - Passei a mão no rosto dele. - Eu só vou fazer umas coisas. Eu preciso ir!

Talibã : É dinheiro? Eu tenho, pô. Eu te dou! - Se levantou, colocando o cigarro na boca, pegando o dinheiro que tinha na gaveta e jogando em mim.

Clara : Não, não é dinheiro! - Catei tudo, devolvendo pra ele.

Talibã : Então por que tu vai, caralho? Tu não precisa! - Eu levantei e ele segurou no meu rosto leve. - Tu não precisa! Tu tem tudo aqui. - Eu neguei.

Clara : É necessário! É coisa do trabalho. - Tirei as mãos dele do meu rosto.

Ele foi pro armário dele e pegou algo.

Talibã. | Part. 2 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora