Raquel passou o dia todo reclusa e chorosa, não deixou nem que ele se sentasse ao seu lado na sacada. Depois de fazer a última prova do terno, que por acaso estava perfeitamente ajustado o alfaiate sugeriu que já levasse a peça e como irá se arrumar na casa de seu irmão, Giovanni, no final de semana seguinte já aproveitou para deixá-lo lá. Rebecca, sua cunhada, perguntou sobre a amiga e depois de escutar o desabafo o aconselhou a comprar um presente para animar a noiva. Sem nem pensar muito decidiu comprar chocolates, o doce preferido dela. Pela segunda vez em menos de vinte e quatro horas abre a porta de entrada para encontrá-la chorando, dessa vez, não ao telefone. Os dois rostos presentes na sala se voltam para Enrico e a grávida mais uma vez enxuga o rosto sem pensar duas vezes.
- Já vou indo. – Miguel, o melhor amigo do casal, anuncia.
Ela lhe dá as costas e concorda. O noivo espera até estarem sozinhos para perguntar.
- O que está acontecendo? – solta a sacola de chocolates sob o sofá e se aproxima até ficar de frente para suas costas.
Raquel finge não ouvir e vai em direção ao quarto. Decido a obter respostas, vai atrás dela a passos duros, fechando a porta quando os dois entram no cômodo.
- Me deixa em paz, Enrico. Quero ficar sozinha.
- Não sem me dizer o que está acontecendo com você. Ontem cheguei e estava chorando, perguntei e fui ignorado. Hoje passou o dia todo se esquivando e nem me deixou almoçar ao seu lado. Quando saio compro chocolates na esperança de você se abrir, mas quando volto vejo Miguel bravo e mais uma vez lágrimas em seu rosto. Então não me mande deixá-la em paz, porque estou cansado de ficar na minha e nunca saber o que há de errado. Quero respostas. Acho que mereço respostas.
Seu tom é muito mais duro do que queria que fosse, porém, mesmo que se sinta mal por ser tão ríspido se aproxima até ficar a um palmo de distância da loira de olhos inseguros.
Ela se recupera e aceita o desafio.
- Você quer respostas? Tudo bem. – Raquel cruza os braços em frente ao peito e seu rosto se contrai em raiva. - Eu não aguento mais viver nessa mentira. – Sai batendo o pé corredor a fora.
- Do que você está falando? – questiona, confuso.
- Estou falando de nós, desse... – olha para a barriga. - maldito bebê e todo o resto. – esbraveja.
- Raquel, não admito que fale assim do meu filho. – seu tom de voz se eleva um pouco mais com a fúria e o corpo começa a fervilhar de raiva.
- ELE NÃO É SEU FILHO! – rebate, tomada pela fúria.
Ela cobre a boca assim que as palavras escapam, surpresa por ter dito aquilo. Os olhos dele se arregalam e as palavras fogem.
- O... o que você está dizendo? – pergunta com a voz tão baixa que não tem certeza se está realmente falando.
- Eu... eu... nada, esquece.
Ele segura seu braço antes que ela fuja sem lhe dizer nada, mais uma vez, e promete que dessa vez não aceitará qualquer desculpa esfarrapada.
- Você me diz uma barbaridade dessas e depois me pede para esquecer? Não vai rolar. Dessa vez não vou deixar passar.
- Foi só a raiva falando. Eu estava fora de mim. – justifica e se solta.
- Não foi, não. – começa a estralar os dedos. Um hábito que tem desde que era criança e que vem à tona quando fica nervoso, ansioso ou com medo. Nesse momento os três sentimentos são bem recorrentes. - Te conheço muito bem para saber que você nunca diria algo tão absurdo se não estivesse escondendo algo. O que é? Você me traiu? – sua garganta se aperta ao pronunciar a última palavra.
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Vegas para Dois
RomanceDois desconhecidos, uma viagem. O que sua mãe diria se você fosse para uma "convenção" de contabilidade e voltasse casada? Depois de ter crescido vivenciando o mais singelo amor de seus pais, Analu não esperava que tamanha revelação fosse cair em s...