Cap 2

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Raquel passou o dia todo reclusa e chorosa, não deixou nem que ele se sentasse ao seu lado na sacada. Depois de fazer a última prova do terno, que por acaso estava perfeitamente ajustado o alfaiate sugeriu que já levasse a peça e como irá se arrumar na casa de seu irmão, Giovanni, no final de semana seguinte já aproveitou para deixá-lo lá. Rebecca, sua cunhada, perguntou sobre a amiga e depois de escutar o desabafo o aconselhou a comprar um presente para animar a noiva. Sem nem pensar muito decidiu comprar chocolates, o doce preferido dela. Pela segunda vez em menos de vinte e quatro horas abre a porta de entrada para encontrá-la chorando, dessa vez, não ao telefone. Os dois rostos presentes na sala se voltam para Enrico e a grávida mais uma vez enxuga o rosto sem pensar duas vezes.

- Já vou indo. – Miguel, o melhor amigo do casal, anuncia.

Ela lhe dá as costas e concorda. O noivo espera até estarem sozinhos para perguntar.

- O que está acontecendo? – solta a sacola de chocolates sob o sofá e se aproxima até ficar de frente para suas costas.

Raquel finge não ouvir e vai em direção ao quarto. Decido a obter respostas, vai atrás dela a passos duros, fechando a porta quando os dois entram no cômodo.

- Me deixa em paz, Enrico. Quero ficar sozinha.

- Não sem me dizer o que está acontecendo com você. Ontem cheguei e estava chorando, perguntei e fui ignorado. Hoje passou o dia todo se esquivando e nem me deixou almoçar ao seu lado. Quando saio compro chocolates na esperança de você se abrir, mas quando volto vejo Miguel bravo e mais uma vez lágrimas em seu rosto. Então não me mande deixá-la em paz, porque estou cansado de ficar na minha e nunca saber o que há de errado. Quero respostas. Acho que mereço respostas.

Seu tom é muito mais duro do que queria que fosse, porém, mesmo que se sinta mal por ser tão ríspido se aproxima até ficar a um palmo de distância da loira de olhos inseguros.

Ela se recupera e aceita o desafio.

- Você quer respostas? Tudo bem. – Raquel cruza os braços em frente ao peito e seu rosto se contrai em raiva. - Eu não aguento mais viver nessa mentira. – Sai batendo o pé corredor a fora.

- Do que você está falando? – questiona, confuso.

- Estou falando de nós, desse... – olha para a barriga. - maldito bebê e todo o resto. – esbraveja.

- Raquel, não admito que fale assim do meu filho. – seu tom de voz se eleva um pouco mais com a fúria e o corpo começa a fervilhar de raiva.

- ELE NÃO É SEU FILHO! – rebate, tomada pela fúria.

Ela cobre a boca assim que as palavras escapam, surpresa por ter dito aquilo. Os olhos dele se arregalam e as palavras fogem.

- O... o que você está dizendo? – pergunta com a voz tão baixa que não tem certeza se está realmente falando.

- Eu... eu... nada, esquece.

Ele segura seu braço antes que ela fuja sem lhe dizer nada, mais uma vez, e promete que dessa vez não aceitará qualquer desculpa esfarrapada.

- Você me diz uma barbaridade dessas e depois me pede para esquecer? Não vai rolar. Dessa vez não vou deixar passar.

- Foi só a raiva falando. Eu estava fora de mim. – justifica e se solta.

- Não foi, não. – começa a estralar os dedos. Um hábito que tem desde que era criança e que vem à tona quando fica nervoso, ansioso ou com medo. Nesse momento os três sentimentos são bem recorrentes. - Te conheço muito bem para saber que você nunca diria algo tão absurdo se não estivesse escondendo algo. O que é? Você me traiu? – sua garganta se aperta ao pronunciar a última palavra.

Vegas para DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora