O anúncio ecoa dos auto falantes da aeronave acordando Enrico de seu magnífico descanso. Mesmo já tendo viajado algumas vezes, nunca teve um cochilo tão bom. Assim que os olhos se ajustam a claridade se dá conta de que a garota não está ao seu lado e deduz que esteja no banheiro.
A janela revela uma deslumbrante paisagem lotada de branco e azul, com um pouco do brilho solar da manhã.
- Bom dia. – ela cumprimenta ao se sentar.
Está sorridente e a luz do dia a ilumina ainda mais. Seu rosto agora, sem maquiagem e com pequenas expressões mostra claramente que também acabara de acordar a deixam extremamente bela. Não tinha reparado muito nela, como as poucas sardas espalhadas embaixo dos olhos, mas reconhece que são lindos detalhes.
- Bom dia. – sorri, tentando evitar o tamanho deslumbre.
- Perdemos o café. – avisa.
Faltam vinte minutos para o pouso e a essa altura já nem tem mais café.
- Pior que estou com fome.
- Eu também. Será que se pedirmos eles nos deixam comer agora? – ela ri meio desconfortável com a situação.
- Acho que não. Mas já que está com fome, não custa tentar. – ele começa a erguer o braço para apertar o botão que chama a equipe de bordo, mas ela o segura, impedindo-o.
- Já devem ter arrumado tudo para pousar. Deixa quieto, falta pouco para chegarmos em Atlanta.
O calor daquelas pequenas mãos tentam o incendiar. Mesmo sentindo a respiração irregular sabe que não quer que ela se regule novamente se isso significar perder aquele suave toque.
Analu por sua vez se sente um pouco estranha, mas não tem coragem o suficiente para soltá-lo, ainda não. Os belos olhos banhados por um azul excepcionalmente atrativo a prendem naquele olhar.
O telefone toca.
- Esqueci de desligar o alarme. – ela saí do transe em que se encontrava e o desativa. – Isso que acontece quando a pessoa não sabe tirar férias.
- Sei bem como é. Nem me lembro a última vez que fiquei longe do trabalho mais do que um final de semana.
Um rápido silêncio recai.
- Isso é triste. Não sei se somos muito comprometidos ou muito loucos por renegar férias. A maior parte das pessoas espera o ano todo por esse momento, e bem nós... digo, eu não. – se corrige rapidamente, desacreditada que usou o nós como se fossem conhecidos de longa data, como se o conhecesse o suficiente para falar por ele.
O garoto por outro lado gostou da forma como foi simples para ela utilizar a palavra, pois ele também já simpatizava com ela.
- É difícil pensar em férias quando suas reais preocupações são maiores.
Ela concorda e seu modo de olhá-lo deixa claro que tenta desvendar aquelas palavras, palavras das quais ele já se arrepende de ter dito, pois deveria estar seguindo em frente e não remoendo aquilo outra vez.
- As férias vem como objetivo de ser uma escapatória das preocupações reais. – é a última coisa que ela diz antes de darem por encerrada a conversa.
Logo pousam, as portas se abrem, os presentes começam a desembarcar e assim que está mais vazio, ela se levanta, pega suas coisas e se despede, o deixando para trás parcialmente desolado.
Sem saber ao certo porque, desembarca e se dirige ao balcão da companhia aérea, a fim de ver se consegue um upgrade na passagem, quem sabe a encontra no próximo voo. As chances são pequenas, mas não impossíveis.
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Vegas para Dois
RomanceDois desconhecidos, uma viagem. O que sua mãe diria se você fosse para uma "convenção" de contabilidade e voltasse casada? Depois de ter crescido vivenciando o mais singelo amor de seus pais, Analu não esperava que tamanha revelação fosse cair em s...