A porta se abre e a iluminação repentina a acorda. Antes que consiga reclamar nota Fani carregando milhares de sacolas em sua direção.
- O que é tudo isso?
- O que você acha? – revira os olhos - Seu guarda-roupa novo.
- Fani, quando aceitei sua ajuda para me vestir hoje anoite não pensei que você fosse comprar uma loja de departamento inteira, achei que talvez me emprestaria uma de suas roupas glamurosas.
- Luli, a loja é minha. – ela aponta para a logo estampada nas sacolas. ARZ, a marca de sua mãe, Andrea Rizzo, uma das maiores estilistas da Europa – Além disso, eu só trouxe sua coleção.
- A-a minha o que? – questiona completamente confusa.
- Sua coleção. Aquela que você criou durante o tempo que morou conosco em Milão, lembra?
- Não. – os pontos logo se ligam em sua cabeça. – Ai, meu Deus! Não acredito! – eleva o tom de voz, incrédula - A minha pasta... você a roubou!
- Luli, não roubei. Você jogou fora, eu só impedi que todo o seu trabalho fosse parar no lixo.
- E deu para sua mãe transformar em uma coleção de roupas.
- É.
- Stefania Rizzo Cattaneo! – repreende a prima.
- Você esqueceu do Davis. – afirma, fazendo pouco caso do assunto.
- Você não tinha esse direito. – passa por Fani e vai em busca de sua mala em outro cômodo da suíte.
- Luli, poxa. – a prima vai atrás - Eu sempre soube que seus desenhos eram incríveis e que tinham que ser mostrados ao mundo. Seria um crime descartá-los. Sem contar que seria muito pior se algum concorrente achasse e lucrasse as suas custas.
- Você acha?
- Claro que sim. Quando o seu pai te forçou a voltar para o Brasil e você jogou seus sonhos de ser estilista no lixo eu precisava que soubesse que era boa naquilo e que nada havia sido vão, mas você não estava pronta para aceitar naquele momento. Também sabia que lhe faltava coragem para mostrá-los a minha mãe.
- Eu ia mostrar. – a loira cruza os braços em desafio e lança um olhar desconfiado – Ok, não ia não. – assume.
- Você me ajudou muito, mesmo sem saber que estava ajudando. – Analu franze a testa - Deixei o portifólio guardado por um bom tempo, só mostrei a mamãe quando disse que queria abrir uma loja aqui. Ela não estava muito de acordo e para convencê-la apresentei uma proposta sobre roupas exclusivas na filial de Las Vegas e usei sua coleção como exemplo. O resto você pode deduzir.
- Não sei nem o que dizer.
- Talvez um tudo-bem-eu-te-desculpo-e-vou-aceitar-as-roupas?
- É, pode ser. – ela dá de ombros e a outra italiana voa para cima dela em um abraço.
- Deixa eu te mostrar. Você vai amar. – Fani se empolga e começa a exibir as roupas.
- Caramba, não é que meus desenhos realmente eram bons. – analisa um vestido tomara que caia preto com estrass.
- Esse é meu preferido. – comenta chamando a atenção de Ana para o vestido de paetê branco, frente única e manga longa, que segura.
Ana fica fascinada. É lindo demais. Nem consegue acreditar que tenha sido ela a desenhar tudo aquilo.
- Fani, tudo isso foi trabalho meu?
- 98%. Os outros 2% foram substituições de tecidos ou cortes que valorizariam mais a peça. Tem também os que são 100% seu. – ainda com o vestido em suas mãos, sinaliza – Esse aqui é um deles.
- É lindo.
- E vai ficar ainda mais lindo depois que vesti-lo. – entrega a peça e a empurra em direção ao banheiro – Nem pense em não me deixar vê-lo em você. – alerta.
Menos de dois minutos depois a garota sai usando aquela preciosidade. O jeito como o tecido se encaixa perfeitamente em suas curvas mostra que foi feito não só por ela como também para ela.
- É esse! – declara.
- É sim. – concorda a outra garota - Agora vamos arrumar esse cabelo e colocar um pouco de maquiagem nesse rostinho lindo, mas cansado. Te falei que os sapatos vem junto? Porque eles vem. 38, né?
Concordando, permite que Stefania a produza no estilo Vegas e de acordo com a belíssima roupa em seu corpo.
Talvez estar em Las Vegas não seja uma coisa tão ruim assim. Talvez não esteja longe de casa e sim cada vez mais perto de realmente se encontrar.
+++
Ele sabia onde estava se metendo quando fechou essa viagem e também que essa cidade exige um certo tipo de vestimenta. Não tem como entrar em restaurantes ou baladas vestindo jeans e muito menos bermuda. Vegas tem um certo requinte e faz com que as pessoas se produzam apenas para andar pelo saguão.
Veste um de seus ternos feitos sob medida, de lã fria, preto para começar sua aventura da melhor forma possível.
Suas roupas de trabalho são um pouco mais simples, essa seria a peça usada no grande dia e já que não teve a oportunidade não tinha motivo algum para deixá-lo mofando no armário. Uma gravata borboleta de mesma cor e uma camisa branca complementam o visual de Enrico.
Parado no saguão do The Venetian espera ansioso por Analu. Observa vários casais irem e virem com seus trajes de gala e pode imaginar o que a bela garota de orbes escuras estará usando.
Sabe identificar quando uma mulher fica bem em todo tipo de roupa e aquela que caminha em sua direção ao lado de uma loira, igualmente bela e produzida, com certeza é uma dessas. Não consegue decidir para onde olhar já que tanto o dedo do pé quanto o topo de sua cabeça lhe fascinam de tal forma que deve estar, no mínimo, babando.
Com a aproximação se endireita e caminha ao encontro das duas segurando um belo buque de rosas cor-de-rosa a fim de presenteá-la, mostrando a ternura de suas intenções. A loira sorri meio que aprovando toda aquela situação.
- Oi. – o cumprimenta meio tímida, mas sem conseguir evitar um sorriso verdadeiro que insiste em escapar.
- Você está... deslumbrante. – solta antes que consiga pensar em uma abordagem mais discreta e parece ficar um pouco envergonhado por ser tão direto.
- Obrigado. Você também não está nada mal. – o instiga a se soltar mais e começa a relaxar, afinal é apenas aquele mesmo rapaz que lhe contou coisas como a vez que escorregou na escada e prendeu a cabeça entre os degraus.
- Isso é para você. – entrega o pequeno arranjo de flores.
- É lindo. – cheira delicadamente o buquê e sorri radiante - Obrigada.
- Eu fico com isso. – Fani pega o presente – Não querendo ser chata nem nada, mas se a reserva é as 21h precisam ir para não se atrasarem.
- Verdade, precisamos mesmo. – Enrico verifica em seu relógio – Prazer, Enrico. – estende a mão para a desconhecida. Ela o cumprimenta.
- Stefania, prazer em conhecê-lo.
- Podemos ir?
- Claro! – se despedem da outra garota e os dois partem lado a lado para fora do local.
...
Ebaaaa
A diversão começa agora!
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xoxo, LMoras.
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Vegas para Dois
RomanceDois desconhecidos, uma viagem. O que sua mãe diria se você fosse para uma "convenção" de contabilidade e voltasse casada? Depois de ter crescido vivenciando o mais singelo amor de seus pais, Analu não esperava que tamanha revelação fosse cair em s...