My Dear Stalker ( Concluído)

Capítulo 1

"Mas como decidir entre duas boas opções? Como decidir se qualquer escolha deixaria parte de mim destruída? Consolei com o pensamento de que ainda tinha tempo. Eu ainda tinha tempo."

- A Elite

Joyjah Sava

Fazia 2 anos que a grande cantora Aisha Sava e a suposta filha morreu, ainda era lembrada com muito carinho entre os fãs.

Ainda não consegui aceitar esse fato, nunca gostei dela ser cantora, queria que ela saísse dessa vida e comprasse um cantinho pra mim e a avó morar.

Mas infelizmente a vida nunca segue os planos de ninguém, nesse meio tempo os seus bens estavam congelados, foi provado que a causa da sua morte foi o ex companheiro, então estavam à procura dele.

Minha avó nesses últimos anos mostrou ser uma pessoa bem mais alegre, parecia que a morte da sua filha não a afetou.

Sei que, no fundo, é apenas uma máscara que ela está usando pra não me deixar preocupada, ela tinha ido à cidade fazia uma semana quando estava no meu horário de aula, não entendi nada já que ela não me contou.

Apenas deixou recado avisando que logo voltaria, que estava resolvendo algumas coisas pessoais, mas no seu tom de voz senti que estava mentindo.

Nesse tempo mudei demais, comecei a usar as roupas que a minha mãe tinha me mandando, era engraçado que meu corpo não mudou nada, era assim que me fazia sentir perto dela.

Agora me sinto à vontade pra usar já que tenho 16 anos completos.

Meus cabelos que antes eram cumpridos cortei na altura dos seios e doei para um hospital de câncer.

A diretora me chamou, achei estranho, já que sou a aluna exemplar que nunca para na diretoria.

Ao entrar lá me deparo com um casal, ambos me encaravam estranhos, pareciam ter na base de 40 aos 45 anos.

A diretora, Clark estava com um olhar distante, ela era uma senhora de idade, seus cabelos compridos já bem grisalhos, seus olhos eram castanhos, tinha a pele negra, usava uma camiseta com o emblema no colégio, calças jeans num tom claro e bota preta.

Uma mulher loira estava com eles presos em um rabo de cavalo, olhos verdes, pele clara, estava usando um vestido preto médio de alcinhas e um salto da mesma cor.

Já o homem tinha cabelos, olhos azuis, alto, pele clara, usava um terno cinza e um sapato bem polido preto.

Ambos pareciam ser um casal de ricos, ambos me encaravam com um olhar confuso, sinto que o sumiço da minha avó tem algo haver com esses dois na minha frente.

— Joyjah esses são o senhor Neandro e a senhora Rebecca, eles vieram falar com você — Diretora avisou — Irei resolver umas coisas então podem ficar à vontade — falou saindo.

— Quem são vocês? — perguntei curiosa.

— Sou o seu pai — Senhor Neandro respondeu me encarando.

Eu nunca imaginei que conheceria o meu pai nessa altura do campeonato, olho pra ele procurando alguma semelhança comigo, mas não vejo nenhuma.

Então precisava reorganizar os meus pensamentos, a única que poderia esclarecer toda essa situação era a minha avó.

— Cadê a minha avó? — perguntei.

— Tadinha ela parece estar em choque — Senhora Rebecca falou tocando no ombro do meu suposto pai.

— Não estou em choque — rebati — Apenas quero a minha avó, nunca irei acreditar num homem que nunca vi na vida dizendo ser o meu pai, não sou nada ingênua assim — falei os encarando.

— Pelo jeito tem seu gênio ruim — Rebecca zombou.

— Iremos até o hospital, ela está lá — Neandro respondeu.

— Porquê? O que aconteceu? — perguntei nervosa.

— Ela está fazendo uns exames — Rebecca respondeu.

A diretora foi no carro comigo ao lado do casal, ao chegarmos no hospital, fui direto para o quarto que supostamente a minha avó estava, ao entrar vejo ela com alguns aparelhos ligados ao seu corpo, não entendi o que estava acontecendo afinal ela estava bem até ontem.

— Oi querida — falou forçando um sorriso.

— Oi vozinha — a cumprimentei — O que anda acontecendo? — perguntei confusa.

— Fazia tempo que evitava fazer a quimioterapia, sei que vai ficar brava, mas, no fundo, eu só não queria ver você preocupada comigo e sofrendo, apenas estava aproveitando os meus últimos momentos ao seu lado — falou sem me encarar — Sua mãe vinha alguns meses sendo ameaçada pelo seu ex padrasto, por isso tinha colocado mais seguranças, e tinha um detetive que estava a procura dele, até hoje está tendo toda uma investigação, espero que logo prendam esse homem, mas até isso acontecer, preciso que vá morar com o seu pai biológico, já era pra ter ido morar com ele, mas por causa do meu egoísmo queria te ter um pouco do meu lado — falou passando as mãos no meu rosto.

— Vozinha — falei deixando algumas lágrimas.

— Eu te amo minha querida, por favor more com o seu pai, tenha uma família que sempre quis — pediu — Seja a mulher que te criei, viva como sempre sonhou e por favor seja feliz — mandou.

— Ele é apenas um estranho pra mim — rebati — Tenho certeza que logo a senhora vai ficar melhor — falei tentando ser positiva.

— Olha preciso te pedir uma última coisa antes de eu ir, que mude de nome, não diga a ninguém que é filha da Aisha, deixe todo seu passado aqui nessa cidadezinha — implorou.

De repente os aparelhos começaram a apitar, o quarto encheu de enfermeiros e me colocaram pra fora.

Comecei a ficar nervosa, mas em poucos minutos o médico apareceu avisando que ela tinha falecido, o homem que dizia ser o meu pai veio me abraçar por trás, me puxou para o seu peito, deixando eu desabar as minhas lágrimas.

Depois de hoje a minha vida mudará pra sempre, tenho que mudar completamente, afinal a vida está me dando uma segunda chance.