''Todos lidam com a tristeza de um jeito diferente.''
— Arrow.
Charlotte
Me sentei no sofá, olhando ao redor da casa deles, eram bem simples, mas parecia ser tão aconchegante.
Me lembrou tanta a vida simples que levei ao lado da minha avó, sinto tanta falta daquele lugar calmo e simples.
Me segurei pra não pensar mais naquilo porque se não iria desabar em lágrimas ali mesmo, essa não era a intenção.
— Aisha Sava — falou me encarando — Gostaria de beber um chá ou um café? — ofereceu.
Fiquei intacta ao ouvir ele me chamando pelo nome e sobrenome da minha mãe, seu olhar era distante parecia que iria chorar, um ar de tristeza invadiu o local.
— Me desculpe senhor, mas o meu nome é Charlotte Stuart — respondi — Não quero nada, muito obrigada — neguei.
— Não precisa fingir, sei que você é filha dela, reconheceria essas sardas em quilômetros — falou confiante.
— Preciso ir — falei me levantando.
— Por favor não vá Joyjah — implorou — Creio que deve ter me reconhecido, eu e a sua mãe éramos muito próximos quando você era criança — explicou.
Agora eu sei de onde o Liam puxou esse instinto de stalker, pelo jeito contou para o pai tudo que descobriu sobre mim.
— Não fiquei com medo — pediu — Sei que em sua barriga tem uma marca de nascença em forma de borboleta é a coisa mais linda do mundo — contou.
Me sentei novamente no sofá, poucas pessoas sabiam dessa marca de nascença tanto é que quando vou animar tampo com maquiagem pra evitar especulações das outras garotas.
— Antes que meu filho chegue, irei esclarecer umas coisas — avisou — Eu e a sua mãe éramos muito próximos, ela me ajudou a cuidar do Liam em seus primeiros meses de vida e serviu como ama de leite — revelou.
Quando ele me contou isso, um pequeno flash veio em minha mente, eram imagens meio confusas, mas claramente visualizei a sua versão jovem.
Minha mãe estava na cozinha, tomando café com um homem falando sobre a volta da mãe do seu filho.
— Por isso achei o senhor familiar só não me lembrava de onde — falei confusa com a recente lembrança que tive — O senhor foi falar com a minha sobre a volta da sua esposa certo? — perguntei.
— Isso — concordou — Esse foi o último dia que te vi, acho que estava com quase 6 anos — falou me encarando com uma expressão nostálgica — Irei te contar um fato que aconteceu comigo quando era um pouco mais velho que você — falou.
Logo ele começou a me contar uma história da época que tinha acabado de entrar na faculdade de agronomia.
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Há 17 anos atrás....
Lotus Flower University tinha conseguido vencer um jogo muito difícil contra os Prince Stephen University, os caras do time estavam todos cansados, mas mesmo assim iriam fazer uma comemoração em um dos bares badalados do campus.
Tobias Bass ao lado dos seus colegas de quarto que não faziam parte do time, voltaram para o dormitório ao entrar no lugar, se depara com uma caixa de sapatos em frente a porta com uma etiqueta com seu nome.
— Olha cara já está conquistando corações — Seu amigo zombou lhe dando um tapa no ombro.
— É o que parece — Tobias falou orgulhoso.
Ao se abaixar para ver do que se tratava levou um susto ao abrir vendo que era um bebê enrolado numa mantinha azul com detalhes de ursinhos marrons.
Ele dormia tão calmamente que parecia até ser um boneco, mas, na verdade, o que estava na frente daqueles jovens rapazes eram uma recém nascida a qual tinha sido deixado na porta, sozinho sem nem um pouco de consideração.
Ele entrou no dormitório encarando confuso de onde poderia ter vindo esse bebê, o observava atentamente enquanto os seus colegas de classe estavam em choque.
Pregado na mantinha do bebe havia um bilhete escrito à mão, ele percebeu ser a letra de uma garota bem conhecida a sua tutora de português no ensino médio, Analu era uma das garotas nota 10 do colégio.
Ele se lembrou perfeitamente da festa que a levou no começo do semestre, onde ele tirou a virgindade dela, depois de alguns dias do ocorrido eles não se falaram, por alguns meses ela sumiu sem dar pistas e agora ela deixa um bebe na sua porta.
— O que vai fazer com esse bebê? — um dos seus amigos perguntou.
— Vou ver se acho a Analu pra me explicar direitinho isso, não posso cuidar de uma criança, sozinho — falou tomando embrulhando o bebê em um dos seus moletom e saiu.
Tobias vagava naquela rua movimentada com o bebê no colo, à procura da mãe desnaturada que havia o deixado.
O que chamou mais a sua atenção foi um bar que saía luzes coloridas dentro dele, mesmo com o bebe no colo não hesitou em entrar lá.
Aisha tinha acabado de descer do palco, estava deslumbrante usando um vestido vermelho longo com um decote bem-comportado em formato de V, luvas brancas brilhantes, seus cabelos estavam amarrados em um coque alto deixando algumas mechas ruivas caírem no seu rosto.
Tinha um cara falando alto com ela e apertando seu braço, o pessoal ao redor agia como se fosse algo normal, mas ele não iria fazer que nem todos.
— Amor estava te procurando — Tobias falou se aproximando dela — Nosso filho estava chorando agora mesmo, não sei o que fazer, consegui acalmá-lo, mas estou preocupado — mentiu.
— Ah sim querido me desculpe — Aisha falou entrando perfeitamente no papel, o rapaz lhe soltou, então ela se aproximou dele segurando a criança no colo — Vamos embora, pra ver o que aconteceu com nosso filho — falou segurando na mão dele e saindo rapidamente.
Eles caminhavam pelas ruas agitadas, por sorte o bebê ainda dormia e estava bastante calmo, Aisha ainda o carregava no colo.
— Obrigada pela ajuda — Aisha agradeceu — Desde quando tem um filho? — perguntou surpresa.
Ambos se sentaram num banco que havia ali, Tobias lhe contou toda a história que havia acontecido com ele naquela noite.
— Não irá mais achar ela — Aisha falou olhando pra criança nos seus braços — Ela passou por mim mais cedo com uma mala nas mãos e pegou um táxi, provavelmente foi até o aeroporto — contou.
— O que vou fazer com esse bebê agora? — Tobias perguntou preocupado olhando pra criança que ainda estava no colo da ruiva.
— Tenho uma filha do tamanho do seu filho — Aisha revelou — Não vou aprofundar muito nessa história ainda, mas posso cuidar do seu filho por uns dias até resolver o que vai fazer — se ofereceu — Mas é claro que é por um valor significativo — avisou.
— Ok — concordou.
Naquele dia, eles nutriram uma amizade e, ao mesmo tempo, uma cumplicidade por um estar apoiando o outro.
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Encarei ele confuso, não fazia ideia dessa história, coitado do Liam não sabia que tinha uma vida tão difícil que nem a minha.
Não devia ter o tratado tão mal quando nos conhecemos, no fundo, realmente nunca sabemos o que as pessoas passam, por vivermos num mundo de aparências.
Era engraçado pensar que minha mãe se importou com alguém que não fosse ela mesma, tenho certeza que ao lado do pai do Liam ia descobrir muito sobre a minha mãe.
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My Dear Stalker ( Concluído)
RomansCapa feita pela @CristinaHOSEOKbias Popularidade,notas ótimas,uma família perfeita e um relacionamento capaz de causar inveja, a vida perfeita? Ou apenas uma fachada que esconde os traumas? Essa é a vida de Charlotte Stuart uma líder de torcida que...