Capítulo 32

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“O amor é uma coisa muito aborrecida. Não faz o menor sentido.”
— Anne With an E

Horas depois... 

Liam Bass

Fiquei assistindo o jogo ao lado do JJ e o Austin, que estavam bastante animados narrando o jogo.

Quando finalmente o jogo acabou, infelizmente nosso time perdeu, mas pelo menos as líderes de torcida fizeram uma bela entrada.

Finalmente ia ser a minha chance perfeita de falar com Charlotte.

Precisava falar com ela logo, vi ela vindo em minha direção ao lado de Phoebe.

Phoebe foi até Austin lhe dando um forte abraço e em seguida um selinho.
Ainda não me acostumei a ver eles juntos como um casal, apesar que no fundo, sabia que mais cedo ou mais tarde ambos se tornariam um.

Charlotte se aproximou de mim e me puxou para um canto longe dos nossos amigos.

— Como o nosso time perdeu, a festa foi adiada — falou com uma expansão triste no seu olhar — Mas o bom que ainda podemos sair pra conversar, lógico se você quiser — falou timidamente — Tenho que estar até meia noite em casa — avisou.

— Tá bom — concordei — Você confia em mim, Cinderela? — perguntei com um sorriso meio debochado.

— Confio em você sim, fada madrinha — respondeu dando uma bela risada.
Sorri pra ela e lhe deu um beijo de leve na sua bochecha.

Aproveitando que Phoebe falava com Austin e JJ, saíram sem ao menos serem notados.

Resolvi levá-la até a minha casa, mas antes coloquei o casaco do meu pai que eu estava usando nela, estava fazendo um pouco de frio.

No caminho não dissemos nada, apenas estávamos de mãos dadas, tudo que fazíamos era curtir a companhia do outro.

— Aqui é o melhor lugar para nos falarmos, preciso te contar e mostrar umas coisas — falei retirando as chaves do bolso da minha calça e abrindo a porta.

Fiquei com um pouco de medo, dela pensar algo errado de mim, mas o seu olhar o tempo todo transmitia confiança.

— Eu te trouxe aqui em casa, porque preciso lhe mostrar e contar umas coisas — avisei.

— O que seria? — perguntou curiosa.
— Não seja tão curiosa, minha ruivinha — respondi acariciando o seu rosto com carinho — Vou ver se faço algo pra você comer, enquanto vamos conversando, tá bom? — pedi.

Estava pensando em como iria dizer a verdade, até agora estou em choque, nem sei como ela vai reagir.

Abri a geladeira para procurar por algo, estava bem vazia, tinha garrafas com água e achei uma lasanha de quatro queijos de microondas que por sorte estava ainda no prazo de validade.

E em seguida, abri o armário e vi que dentro de uma das lata tinha um pouco de arroz.

— Só tem um pouco de arroz e lasanha de quatro queijos, pode ser? — perguntei.

— Oh o sonho de qualquer garota, ter o Liam Bass cozinhando para ela — falou se sentando na mesa da cozinha. 

— Não zombe, sou um ótimo cozinheiro, tenho certeza que vai amar a minha comida — falei dando um sorrisinho convencido.

— Vou pedir um guaraná de 1 litro, tutu de feijão  e trufas de morango, pra gente — falou mexendo no celular.

Eu ia protestar, mas deixei ela pedir, lavei o arroz e coloquei no fogo e em seguida a lasanha no micro-ondas.

Me sentei de frente pra ela e deixei o celular no cronômetro pra mim saber na hora de tirar o arroz do fogo.

— Desde que me entendo por gente recebia todo mês um presente da minha madrinha rica, quando os meus pais estavam juntos, era sempre motivo de muita briga, até então não sabia o nome dela, afinal não era mencionado nessa casa — expliquei, vendo ela me olhar com atenção — Até que hoje antes do jogo descobri quem era, o tempo todo que meu pai falava sobre um amor platônico, nunca imaginei que justamente a sua mãe era tal da minha madrinha rica — revelei.

Charlotte ficou em estado de choque, ela piscou várias vezes tentando absorver tudo que tinha acabado de lhe contar.

— O seu pai me contou que a minha mãe ajudou na sua criação quando foi abandonado pela sua mãe — falou com um pouco de receio na voz.

Daquela história eu sabia, meu pai me contou várias vezes e disse pra mim nunca odiar a minha madrinha e nem a minha mãe, por causa que a minha mãe falava mal dela pra mim.

— Quando vocês dois conversaram? — perguntei confuso. 

— Foi no dia que eu vim aqui na sua casa para lhe entregar a matéria do colégio — respondeu.

Quando eu ia falar algo, escutamos o barulho da buzina da moto, avisando que a entrega da Charlotte havia chegado.

Ela saiu pra fora, pra poder pegar a entrega e depois pagar.

Desliguei a panela de arroz e o micro-ondas faltava apenas 2 segundos para ficar pronta.

Passei um pano na mesa pra tirar um pouco da poeira que tinha e em seguida coloquei os copos, pratos, talheres, a panela de arroz e em seguida a lasanha tinha acabado de ficar pronta.

Nem percebi que Charlotte estava com o corpo encostado na porta, me observando com um belo sorriso no rosto.

— O que foi? — perguntei me aproximando dela e retirando as sacolas de sua mão. 

— Nada não — respondeu — Você estava tão fofinho, que quis aproveitar melhor a minha visão privilegiada — falou olhando para o chão, percebi que as suas bochechas estavam levemente coradas.

Organizei perfeitamente na mesa o marmitex que continha o tutu de feijão, coca cola e vi que não eram trufas como havia dito e sim um enorme pudim que ela pediu pra nós dois.

Cada um serviu o seu prato com a quantidade que iríamos comer, ela pegou o celular e tirou uma foto do nosso jantarzinho improvisado.

Apesar da simplicidade, o nosso jantar foi gostoso e demos muitas risadas ao contar o que eu fiz quando estava fora.
 
Quando terminamos, agradeci ela pela comida e em seguida levei até o porão da minha casa e lhe mostrei as fotos e as cartas que a mãe dela enviou ao meu pai.

— Quando o meu pai voltar, farei ele te contar tudo que tiver dúvida — falei decidido.

— Liam, obrigada por me contar e mostrar tudo, não conhecia esse lado da minha mãe e agora finalmente pude me reconectar com ela — desabafou.

Percebi que ela derramou algumas lágrimas, apesar dela e a sua mãe não serem próximas, esse assunto ainda a machucava e muito.

A puxei para um forte abraço e sussurrei em seu ouvido.

— Tudo que aconteceu entre nós, nunca foi apenas uma série de coincidências, é o destino que nos uniu, não importa o tempo que for sei que iremos ficar juntos — falei lhe dando um beijo na sua bochecha.

Sabia que não era o momento, mas foi algo que eu não consegui me conter.

Ela se separou do meu abraço, acariciou o meu rosto com as pontas do dedo levemente com carinho.

Nem percebi que ela se aproximou de mim, sentia sua respiração bem perto da minha, nossos lábios estavam a poucos centímetros um do outro.

Ela estava com as bochechas vermelhas, olhos fechados e nós seus lábios tinha um bico fofo formato, isso significava que ela queria me beijar, assim como eu queria muito aquele beijo.

E foi naquele momento que a beijei, foi como havia imaginado com direito a famosa borboleta no estômago.

Por muitos dias fiquei pensando naquela declaração e imaginava como iria responder.

Mas como sempre a Charlotte me fazia perder as palavras.

Quando nos separamos percebi que ela ainda continuava de olhos fechados.

— Eu te amo, Charlotte Stuart — me declarei.

— Eu também te amo, Liam Bass — se declarou.


My Dear Stalker ( Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora