Sob a ameaça de uma guerra silenciosamente declarada por um líder conquistador e tirano, Minhyuk decide embarcar clandestinamente rumo a única coisa que pode salvar seu reino: O Tesouro da Justiça.
Ele só não esperava se confundir e acabar dentro d...
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SEIS ANOS ANTES
Aquela era provavelmente uma das noites mais frias do outono de Molae. No entanto, Changkyun tinha o suor escorrendo pela testa graças à corrida e os pés, agora descalços, doíam depois de ter passado por caminhos tão tortuosos.
Ele parou no porto, respirando fundo e apoiando as duas mãos sobre os joelhos, tentando recuperar o fôlego. Não sabia que passo dar agora, porque não fazia a menor ideia de para onde ir.
Aquela era a única terra que conhecia e, embora tivesse muito talento para roubar sem ser pego, não achava que escaparia daquela vez. Os pés e as canelas doíam muito e a iluminação das tochas dos oficiais que o procuravam se aproximava pelas ruas.
Changkyun não tinha escolha. Precisava fugir.
Sem pensar demais, voltou a correr pelo cais e se pendurou nas cordas que ancoravam uma das embarcações. Caiu com um baque surdo no convés e engatinhou na penumbra até que alcançasse a abertura para o pavimento inferior.
Estava acostumado a fazer silêncio e escondeu-se atrás de barris pesados, usados como lastro. Não sabia se podia descansar ainda, uma vez que não sabia de quem era aquele navio, nem para onde estava indo, assim como não podia ter certeza se o capitão da embarcação permitiria ou não que entrassem em busca dele caso suspeitassem que ele estava ali. No entanto, poder se sentar foi um alívio para as pernas cansadas, embora o olfato reclamasse do ar que puxava para dentro dos pulmões agora.
Apoiou a cabeça na madeira e fechou os olhos, sentindo-se mais perdido do que nunca.
Changkyun era um menino órfão, criado sob os cuidados indevidos de muitas mulheres que, ele descobrira depois de crescido, prestavam serviços em uma das casas de Eloseu, o deus da luxúria. Sua mãe havia morrido em seu nascimento, e ele jamais soube quem era seu pai. Talvez um nobre, uma das mulheres da casa dizia; talvez um oficial náutico, quem sabe.
Foi gerado por um homem de bom status, porque apenas estes tinham o prazer de deleitar-se com a dama Im. Ela estava em uma seleta classe de altas virtudes, sendo inútilmente cortejada e entregue aos homens de alta patente e títulos.
Quando aqueles senhores deixavam o porto, retornavam para suas vidas dignas e corretas, para suas esposas e filhos, e deixavam para trás as belas filhas de Eloseu. Eles lembravam-se delas de forma profana e corrompida, desassociando-se de qualquer responsabilidade com as vidas que enchiam aquelas casas.
Com as consequências de suas tórridas noites de luxúria.
Quando Changkyun nasceu, foi visto como uma novidade entre os residentes daquele local. Tratavam-no com cuidado, feito um boneco de porcelana, frágil e adorável. No entanto, enquanto crescia, tornava-se cada vez mais difícil lembrar-se de que suas necessidades ainda precisavam ser atendidas. Desse modo, ainda criança, Changkyun teve que aprender a se virar sozinho.
