Capítulo quarenta e quatro

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Dior ainda vestia a chemise, encarando a si mesma no espelho que havia em seus aposentos

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Dior ainda vestia a chemise, encarando a si mesma no espelho que havia em seus aposentos. Lembrava-se vagamente de ter feito a mesma coisa no dia de seu casamento. Minjee, sua assistente pessoal, havia ajustado o vestido em seu corpo naquele dia, perguntando se ela sentia medo, mas Dior negou.

Não tinha tempo para sentir medo, ela havia respondido, mas lembrava-se de ver sua expressão contrariando sua resposta no reflexo.

A mão desceu pelo pescoço enquanto ela analisava a si mesma, no presente, fechando os olhos ao se lembrar daquela época.

Pouco antes de Yeohwan chegar em Mulbang-ul para conhecê-la — e se casar com ela —, Dior havia corrido até o cais e arrastado Hangyul consigo até a costa privada. Queria apenas sentir a areia da praia, a leveza das ondas quebrando contra suas canelas, a sensação de que ainda havia algum tempo antes de se tornar a sombra protetora do reino, como ela sempre soube que seria.

Não havia ressentimentos em seu coração sobre o seu destino, mas naquele dia precisava respirar algum tempo fora do palácio. Precisava ser apenas a Dior que sempre era quando estava com Hangyul, ainda que ele jamais se esquecesse de que era também uma princesa.

Lembrava-se do rosto bonito e anguloso vermelho e úmido pelo choro mal contido enquanto dizia-lhe o quanto desejava que ela fosse livre, que pudesse escolher o amor; mas Dior fizera exatamente isso. Seu amor pelo reino era maior do que qualquer coisa, porque uma fração grande demais dela era preenchida pela coroa, mas havia aquele outro pedaço do seu ser... aquela parte que quase desejou ouvir tudo o que Hangyul tinha para sugerir naquele dia e se livrar do peso que jamais deixaria seus ombros depois que assumisse o trono.

A parte que decidiu dividir com ele sua essência, como uma prova de que ainda tinha o direito de fazer suas próprias escolhas enquanto se entregava para a alma mais gentil que já havia conhecido, a qual seu coração indiscutivelmente amava.

Eles haviam se beijado na praia, se amado no convés do Antares, mergulhado na água salgada enquanto o Sol estava se pondo, se livrando dos fluidos e provas do que haviam feito ali. Naquela noite, serviram um chá forte demais para ela antes de dormir e enquanto o degustava, sentindo o amargor tomar o paladar, concluiu que aquela tarde viveria apenas em sua memória.

Ele havia sido suficientemente cuidadoso, ela achava — os dois achavam. A sequência de acontecimentos adormeceu suas lembranças e estilhaçou qualquer possível preocupação. Foi fácil ignorar o tom brincalhão de Minjee quando descobriram que ela estava grávida.

— Sinto que vai ser uma criança preguiçosa. — A assistente sorriu. — Aposto que vai demorar uns dias a mais do que o esperado para nascer.

Dior sempre achou que ela havia errado, mas agora sabia que não.

Havia decidido esperar mais alguns anos para gerar outro filho depois do nascimento de seu primogênito, deixando a ideia sempre para mais tarde até que não houvesse mais tempo. Yeohwan foi levado pela peste e Dior se viu sozinha com Minhyuk.

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