Capítulo 12

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"Quando você não souber para onde ir e todos os teus sonhos perderem o significado, chame o meu nome,meu coração irá te ouvir."
Lilian dos Anjos

O cansaço bateu antes do que esperavam. Não haviam descansado o bastante na noite anterior, somando isso ao esforço físico naquela noite, logo se renderam ao sono, não sem antes se perderem em seus corpos mais uma vez após a primeira rodada.

Quando Bianca despertou na manhã seguinte e se deu conta de onde estava, um sorriso bobo tomou sua face sem que pudesse contê-lo. Vicente não estava ao seu lado, e a cama estava fria, indicando que ele havia saído há algum tempo, mas não se incomodou com sua ausência. Claro que gostaria de ter despertado com a visão de seu corpo nu, mas se contentava com o fato de que dormiram agarrados a noite toda.

A porta foi aberta, e o homem que povoava seus pensamentos entrou carregando uma pequena sacola plástica.

Buenos días, mi amor. — Sorriu ao se aproximar da cama e lhe dar um selinho. — Espero que esse sorriso seja por minha causa. — Arqueou uma sobrancelha, sorrindo ainda mais ao notar que ela havia ficado tímida. — Está com fome? Vou pedir para servirem nosso café.

— Tudo bem. Vou aproveitar para tomar um banho enquanto aguardamos. — Afastou o lençol, revelando sua nudez, mas não se constrangeu com o olhar que ele lançou sobre seu corpo.

— Está marcada em mais algum lugar? — inquiriu, notando o tom mais escuro em seu seio.

— Não tive tempo para verificar, mas acho que não.

— Não costumo fazer isso. Perdi mesmo o controle ontem. Lo siento. — Ela ecolheu os ombros.

— Não me importo, desde que não esteja visível. Seria um problema explicar isso. — Ele franziu as sobrancelhas, incomodado. — Vou tomar meu banho. — O espanhol assentiu, deixando a sacola sobre a mesa de cabeceira.

— Passei na farmácia para comprar uma pílula. Fomos imprudentes, mas não podemos ser irresponsáveis. — Bianca engoliu em seco, sem jeito.

— Eu tomo anticoncepcional. Não tenho uma vida sexual ativa, mas precisava regular a menstruação. Deveria ter lhe dito. — Todo o resquício de bom humor desapareceu em um piscar de olhos. Estava preocupada. Talvez ele estivesse pensando que ela havia feito tudo de caso pensado para tentar dar o golpe da barriga.

— Não tem problema. — Foi até a pequena lixeira que ficava ao lado da porta e jogou a sacola com o medicamento. — Vá tomar seu banho enquanto eu peço nosso café. — Em silêncio, a jovem seguiu seu caminho, se encostando na porta do banheiro após tê-la fechado.

Após pedir o desjejum, Vicente se sentou na cama e ficou remoendo o que ela havia lhe dito, buscando em sua memória outras partes de conversas que haviam tido para tentar entender o que se passava com ela.

Entendeu que o problema que ela teria caso tivesse alguma marca aparente em seu corpo seria com os irmãos e, possivelmente, com o pai, já que Liz e Mariana haviam lhe dito algumas coisas sobre aquela família, e tentava entender o motivo.

Se recordou do que ela havia lhe confidenciado na noite anterior, quando voltaram ao hotel. Era a primeira vez que se sentia livre e feliz. O que Bianca escondia? Por que, mesmo em sua maioridade, aceitava aquele tratamento por parte dos familiares? Era vítima de agressão? Só o mero pensamento fez seu sangue ferver. Provavelmente teria problemas por ter passado a noite fora de casa, e se ele sequer sonhasse que alguém a agrediu por sua causa, não sabia do que seria capaz.

Se perdeu em pensamentos, e só voltou a si quando ouviu baterem à porta.

Agradeceu ao funcionário que entregou o café da manhã, dando a ele uma gorjeta, e quando se virou, viu que Bianca deixava o banheiro, envolta em um roupão.

Vivendo Um Sonho [Desejos Ardentes - Livro Três] - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora