Capítulo 15

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"Prefiro toda a paz e riqueza de espírito universal,
do que a maior, fútil e arrogante riqueza financeira."
Deolinda Ascensão Grilo

Notou o olhar avaliativo de Bruno e Alaor. Ambos com brilhos diferentes nos olhos. Enquanto Bruno parecia realmente curioso, Alaor demonstrava outro tipo de interesse. Vicente poderia sentir o cheiro de sua ganância a muitos metros de distância.

No entanto, foi em Giovani que seus olhos se prenderam. As esferas azuis do homem de pele clara, carregavam uma fúria que provavelmente se assemelhava a dele.

— Onde está minha irmã? — perguntou o homem que a havia agredido. Ainda o encarando como um animal raivoso, Vicente se manteve calado, dando tudo de si para não perder toda a sanidade. Seu corpo tremia, a adrenalina era demais para suportar. Cerrou as mãos em punho, sentindo a raiva o consumir; percorrendo suas veias como um ácido, destruindo todo e qualquer resquício de humanidade. Era o que Giovani merecia. Conhecer seu pior lado. Um homem capaz de amedrontar e agredir uma mulher indefesa, certamente não carregava nem uma gota de humanidade dentro de si, e merecia encontrar um semelhante para acertarem as contas. — Vai se fazer de surdo, filho da puta? Ou quer bancar o arrogante só por ser quem você é? — provocou, abrindo um sorriso ácido no canto da boca. — É, espanhol. Eu sei quem você é.

— Acha mesmo? — Seu tom saiu baixo, embora cortante. Deu um passo em sua direção, mantendo o contato visual. — Se acredita mesmo nisso, então deve saber com quem está lidando, e se quer um conselho, fique longe do meu caminho para o seu próprio bem. — Avançou mais alguns passos até estar muito próximo a ele. — Porque sendo quem eu sou, posso acabar com você e essa sua vidinha medíocre sem nem ao menos amassar minhas roupas. Enfiar você em uma vala e encher sua boca de terra, apagando do mapa qualquer vestígio dessa sua existência miserável. — Deu um passo para trás, vendo o homem se esforçar para manter a pose de durão, mas a verdade era que sua postura havia se abalado. Não esperava que Vicente fosse enfrentá-lo. — Se for esperto como acha que é, não pagará para ver.

— Está me ameaçando? — Mantendo a postura inabalável, o espanhol foi sucinto:

— Estou.

Tentou passar por ele para continuar seu caminho, mas teve o braço esquerdo agarrado pelo homem, que estava disposto a não sair por baixo.

Era tudo o que estava esperando.

Com um movimento de rotação do braço, conseguiu livrar seu punho do agarre. Girou os quadris, se voltando em sua direção com o golpe armado na mão direita, atingindo sua têmpora em cheio, o derrubando com apenas um soco.

As aulas de defesa pessoal nunca foram tão úteis como naquele momento.

Algumas pessoas pararam para ver o que estava acontecendo. Vicente percorreu a área com os olhos antes de voltar a fitar o homem que dramatizava no chão, tentando convencer o irmão a comprar sua briga. Quando notou que não conseguiria tal feito, começou a dizer em voz alta quem era o homem que o havia agredindo. Vicente não era tão conhecido no Brasil, mas uma rápido pesquisa na internet daria a qualquer pessoa bastante informação sobre sua vida. Não costumava chamar atenção para si, e sabia que um show como aquele seria o suficiente para algum aproveitador tentar sujar seu nome e o de sua família. Mas, já não havia mais nada a ser feito. Se alguém quisesse fotografar ou filmar toda a cena, já o teria feito.

Encarando com desprezo o homem que se recusava a se levantar, proferiu:

— Se quer seguir por esse caminho, é melhor se levantar. Não chuto cachorro morto.

— Você não pode... — Alaor começou a falar, mas se calou ao receber apenas um olhar gélido do espanhol. — Bianca é minha filha.

— E estará mais segura longe de vocês. Vou garantir que seja assim. — O velho olhou para o filho que ainda estava no chão, em seguida encarou o outro, que se manteve calado por todo o tempo.

Vivendo Um Sonho [Desejos Ardentes - Livro Três] - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora