Vivendo Um Sonho [Desejos Ardentes - Livro Três] - CONCLUÍDA

Capítulo 9

"Felicidade só se alcança quando há esperança, há vontade, há liberdade de escolha. Há querer."
Sil Guidorizzi.

Após uma semana, não voltou a se encontrar com Vicente. Durante aqueles dias, Bianca esteve com a cabeça nas nuvens, relembrando a conversa que havia tido com Mariana e tentando encontrar palavras para conversar com o rapaz quando o momento finalmente chegasse.

— Droga! — praguejou ao derrubar o copo de uísque. Era a segunda bebida que derrubava naquela noite.

— Vá fazer uma pausa, Bianca. — Gimenes se aproximou enquanto ela recolhia os cacos de vidro espalhados pelo chão. — Deixe isso. Está tão distraída hoje que pode acabar se cortando. Vá tomar um ar enquanto eu limpo essa bagunça. — Suspirando, a jovem assentiu. — Está tudo bem? — Segurou seu pulso quando ela fez menção de sair. — Seus irmãos ainda estão em sua casa?

— Sim. Estou achando isso muito estranho. Eles nunca ficam tanto tempo.

— É por isso que está distraída? Ou fizeram algo a você? — Sondou suas feições para tentar notar algum traço de mentira quando ela respondesse.

— Nada além do esperado. — Deu de ombros. — Vou fazer minha pausa. Prometo me concentrar depois. Com licença.

Nas horas seguintes, se esforçou para manter Vicente longe de seus pensamentos. Aproveitou a boa movimentação na boate naquela noite e passou a trabalhar no automático, se mantendo sempre ocupada até o fim do expediente.

Era três e quinze da manhã quando Gimenes finalmente a liberou, alegando que os demais funcionários dariam conta do recado dali para frente.

Do lado de fora, se despediu dos dois seguranças, dispensando a companhia do que se ofereceu para acompanhá-la até em casa quando viu Vicente sair detrás de uma árvore e se aproximar a passos decididos.

— O que está fazendo aqui? — perguntou ao dar os últimos passos que ainda os mantinha distantes.

— Queria ver você. — Colocou as mãos nos bolsos frontais de sua calça jeans. — Não consegui te ver durante esses dias. Estou tentando resolver toda a burocracia sobre a divisão da herança, aproveitando que Mariana finalmente aceitou ficar com sua parte. Bem, ela vai deixar guardado para os filhos, mas já é alguma coisa. — Sorriu pequenino. — Pensei em ir até sua casa, mas como você não quis que eu a acompanhasse aquela vez, deduzi que não seria uma surpresa muito agradável me ver por lá. Então tenho vindo até aqui para ver se você veio trabalhar, e só hoje tive sorte. — Caminharam lado a lado, sem pressa, tomando uma direção qualquer.

— Quer conversar?

— Também. Mas estava mais ansioso para te ver novamente. — A olhou de soslaio, e um canto de sua boca se repuxou em um sorriso. — Você sempre vai desacompanhada para casa? — Franziu as sobrancelhas.

— Não estou desacompanhada no momento.

— Me refiro aos outros dias.

— Não. Um dos seguranças sempre nos acompanha. Laura e eu não temos carro, então, quando ela não vai para a casa de Gimenes,  um dos seguranças também a acompanha. Mas, geralmente, eu sou a única a dar trabalho. Gimenes e ela estão em um rolo conturbado. Brigam como cão e gato, mas seguem juntos. — Encolheu os ombros.

Continuaram caminhando sem rumo. Bianca notou que havia algo pairando entre eles, o que a deixou levemente tensa e desconfortável, como se pressentisse uma má notícia.

Avistaram a praça da cidade, que estava vazia naquele horário, e se aproximaram de um dos bancos para se sentar.

— Quer me dizer alguma coisa? — perguntou por fim. Ele sorriu e se virou  sua direção.