Capítulo 48 - Eu sinto muito, Mattheo...

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Mattheo Riddle

O silêncio no quarto é ensurdecedor, rompido apenas pelo som do choro silencioso de Olívia e o eco dos meus próprios pensamentos tumultuados. Enquanto ela soluçava em desespero, eu lutava para conter minhas próprias emoções, uma mistura avassaladora de tristeza, culpa e impotência.

— Fique aqui, amor, eu vou chamar alguém. — minha voz saiu trêmula, carregada de uma urgência que mal conseguia disfarçar.

Saí do quarto às pressas, chamando por Rebekah, a tia de Olívia, que veio correndo em resposta ao meu chamado. Mal conseguia articular as palavras, meu desespero transbordando em cada sílaba.

— Você consegue escutar os corações deles? Ela não está conseguindo sentir nem ouvi-los, por favor me diz que eles estão vivos. — minhas palavras saíram em um fio de voz, a angústia evidente em cada entonação.

Rebekah se aproximou do quarto e fechou os olhos por um momento, como se buscasse sintonizar-se com algo além do alcance dos meus sentidos. Seu rosto se contorceu em uma expressão de dor quando ela finalmente abriu os olhos, suas palavras carregadas de uma tristeza.

— Sinto muito, Mattheo. — suas palavras soaram como um golpe, uma confirmação brutal dos meus piores temores.

— Os dois? — minha voz saiu em um sussurro, minhas mãos tremendo com a intensidade da emoção.

— Sim. Você deve contar a ela. — Rebekah murmurou, sua voz embargada pelas lágrimas, antes de se afastar.

Senti como se o chão tivesse sido arrancado sob meus pés, uma sensação de vazio ameaçando me consumir. Com um esforço sobre-humano, reuni minhas forças e entrei no quarto novamente, determinado a enfrentar a difícil tarefa que me aguardava.

Lentamente, aproximei-me da cama onde Olívia repousava, meu coração pesado de tristeza e pesar. Entreguei-lhe uma bolsa de sangue, esperando que isso pudesse trazer algum conforto, mesmo que momentâneo.

— Amor, você precisa comer. — minha voz saiu em um sussurro rouco, minhas próprias lágrimas ameaçando transbordar.

Olivia Mikaelson

Enquanto Mattheo saía para chamar ajuda, eu fiquei ali, imersa em um oceano de dor e desespero. O silêncio do quarto era ensurdecedor, cada batida do meu coração ecoando como um eco sombrio da tragédia que se desenrolava diante de mim.Quando ele voltou, senti meu coração se apertar com a esperança frágil que brotava dentro de mim. Mas essa esperança foi esmagada pela cruel realidade, quando as palavras dele ecoaram pelo quarto, carregadas de uma tristeza insuportável.

— Eu sinto muito, Mattheo. — seus olhos refletiam a dor que eu sentia. 

Tudo desabou ao meu redor, a dor ameaçando me engolir inteira. 

Ele voltou para mim, oferecendo uma bolsa de sangue como um paliativo para a dor que nos consumia. Eu recusei, minha garganta apertada demais para engolir qualquer coisa além das lágrimas que ameaçavam transbordar.

Mas ele persistiu, seu toque suave e gentil uma âncora em meio à tempestade que me consumia. Eu cedi.

— Obrigada, Theo. — as palavras saíram em um sussurro, um eco frágil da dor que nos unia.

Theo? O apelido parecia estranhamente íntimo.

Sabia que precisávamos conversar, sobre tudo o que aconteceu, sobre o que havia sido perdido. Mas naquele momento, tudo o que precisávamos era de um momento de paz, um breve instante de consolo em meio ao caos que nos cercava.

Mattheo Riddle

A noite passou em um borrão de dor e tristeza, cada segundo marcado pela lembrança dolorosa do que foi perdido. Nosso banho juntos foi um rito de passagem, uma tentativa desesperada de encontrar algum consolo.

Eu a vi olhar para si mesma no espelho, seu rosto pálido e ensanguentado refletindo a devastação que se abateu sobre nós. Meu próprio reflexo não era melhor, cada marca e cicatriz um testemunho silencioso da violência que enfrentamos.

Quando entramos no chuveiro juntos, eu a abracei com força, buscando oferecer algum conforto em meio à nossa dor compartilhada.

Ela passou a mão sobre minhas cicatrizes, sua magia suave curando cada ferida, cada dor que eu carregava dentro de mim. Era como se sua gentileza pudesse apagar o sofrimento pelo menos por um breve momento.

— Eu posso conversar com eles? — minha voz saiu em um sussurro, minha mão buscando instintivamente sua barriga.

— Claro. — sua resposta veio em um fio de voz, seus olhos brilhando com lágrimas contidas.

Ajoelhei-me diante dela, meus lábios buscando a suavidade de sua pele enquanto minhas palavras ecoavam no silêncio do banheiro.

— Olá, pequenos. Eu sou... eu era o pai de vocês. Eu queria dizer que eu sinto muito por não poder proteger vocês. Mas quero que saibam que nós amávamos vocês, demais. Eu falhei com vocês e jamais vou me perdoar, mas espero que vocês me perdoem. — minhas palavras saíram em soluços.

Mas não houve resposta, apenas o silêncio ensurdecedor que preenchia o banheiro. E no eco vazio que se seguiu, eu soube que nossos filhos se foram.

Olivia Mikaelson

Eu assisti, impotente, enquanto Mattheo se ajoelhava diante de mim, suas palavras carregadas de uma dor que dilacerava meu coração em pedaços. Ele falava com nossos filhos, aqueles que jamais conheceriam a luz do mundo.

— Eu sinto muito, mas eles não resistiram. — sua voz era um sussurro quebrado.

A dor era insuportável, uma ferida aberta que jamais cicatrizaria.

Bloodline (livro um)Onde histórias criam vida. Descubra agora