Escolhas e decisões

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Havia um reflexo – uma luminescência persistente – que causava distração

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Havia um reflexo – uma luminescência persistente – que causava distração.

A luz adentrava a sala através das persianas abertas. Batia certeira em um porta canetas de latão. O objeto a refletia bem. Direto para quem estava sentada na cadeira, diretamente no rosto. Uma luz cegante.

Era só mais uma das coisas para distrair Derek do seu trabalho. Como se ele precisasse de muito.

Empurrou o objeto pelos quatro cantos da mesa. A luz parecia seguir o porta canetas. O reflexo continuava a incomodar Derek. Atraindo seus olhos. Traindo sua determinação.

Algo estava errado. Estranho. Deslocado. O objeto sempre estivera ali. Era um cilíndrico de dez centímetros, com mandalas, elefantes e tigres entalhados em relevo no latão. Havia ganhado do seu tio, há dois anos, quando voltara de uma viagem a Índia. Estava ali desde então. Porque agora?

Derek suspirou e o enfiou dentro de uma das gavetas, com as canetas e tudo. Depois resolveria aquilo. Talvez se mudasse a mesa de lugar… um problema a menos. Ainda distraído.

Os anos que Derek passou na faculdade, estudando, pareciam diluídos. Como se tivesse despreparado para o cargo. Era frustrante. As palavras que deveria usar se misturando com as que deveria ter dito.

Stiles era um fantasma. Uma sombra que o seguia onde quer que fosse. Não conseguia se livrar. Sequer queria ou tentava. A cada dia que passava o cravava ainda mais fundo em seu peito. Como se fosse um punhal embebido em suave veneno.

Agora seu apartamento parecia grande demais. Maior do que pareceu-lhe após o divórcio. Silencioso demais. Cheio de solidão e arrependimentos. Ecos persistentes. Por isso passava bastante tempo ali, no escritório.

Derek suspirou inquieto. Irritado com a sua falta de profissionalismo. Afrouxando o gravata. Sentia-se sufocado. Sabia que não era exatamente uma sensação física. Estava sufocando com as palavras e as frases.

Seus olhos estavam fixos no celular ao invés do computador. Estava tentando a pegar. A fazer a ligação. Sempre estava tentado a fazer isso. Dias a fio e nada. Sempre evitava ceder. Ele nunca ligou. Era um estúpido. Como se isso fosse apagar aquela chama, o fogo na boca do seu estômago.

O fogo não se extinguiu. Não demonstrava que iria.

Deveria ligar. Sabia que sim. Era tão certo quanto o amanhã. Não podia simplesmente joga-lo em Danny. Ou tentar esquecer. Era impossível esquecer.

Derek esfregou os cabelos. Grunhindo baixinho. Andava fazendo muito isso. Grunhindo, resmungando, praguejando. Estava mesmo parecendo um velho. Pegou o telefone..

— Um café.

Ele pediu. Antes que Erica dissesse algo.

— Mais? — Ela Exclamou. — O cara da cafeteria está quase me oferecendo um emprego. Já que eu passo mais tempo lá do que aqui.

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